O agradável salão do Prêt no MAM é incompatível com seu decepcionante buffet e seus preços abusivos - Foto: Simone Catto |
Os preços do Capim Santo estavam despudoradamente caros, mas isso não seria problema se os organizadores da feira tivessem oferecido outras opções para quem desejasse fazer uma refeição rápida ou apenas tomar um lanche. Não foi o caso. Tudo o que havia dentro do espaço do Pavilhão da Bienal, em termos de alimentação, era monopólio do Capim Santo. Para se ter uma ideia, a casa teve coragem de cobrar R$ 5,00 por um cappuccino pequeno e R$ 23,00 por um sanduíche simples no pão de fôrma, como aqueles que a gente prepara em casa. Nada contra a presença de um restaurante mais caro no espaço da feira, desde que os organizadores, sob o comando de Fernanda Feitosa, oferecessem outras alternativas. Ocorre que não havia sequer um quiosque de salgados ou de pão de queijo no local. Ou seja: quem quisesse comer qualquer coisa lá dentro ficava refém do Capim Santo e de seus preços abusivos. Um desrespeito aos visitantes da feira, que, aliás, já haviam pago R$ 30,00 pela entrada inteira. Só posso dizer que essa política de "monopólio gastronômico" é incompatível com uma feira de arte que está adquirindo visibilidade e dimensões cada vez maiores a cada ano, sobretudo se presumirmos que seus organizadores sejam pessoas viajadas e deveriam saber que qualquer museu ou espaço de exposições de primeiro mundo oferece opções de alimentação para todas as necessidades. São experiências como essa que, infelizmente, me fazem lembrar que habito um país subdesenvolvido.
O magro buffet do Prêt no MAM: o espetinho de frango com queijo coalho, a quiche de gorgonzola e o feijão estavam bons, mas nada justificou o preço cobrado - Foto: Simone Catto |
Restou-nos, como alternativa, o restaurante Prêt no MAM. E lá fomos nós. O espaço, em si, é muito agradável com sua parede envidraçada com vista para o parque. Fazia tempo que eu não ia a esse restaurante e, ao chegar lá, constatei que a casa trabalha somente com o sistema self-service, pelo qual paga-se um preço único pelo bufê, fora bebidas e sobremesa. Aí tive a segunda experiência negativa do dia: o restaurante cobrou R$ 56,00 - preço cobrado aos sábados e domingos - por um bufê acanhadíssimo, com pouquíssimas opções de pratos, e nenhum deles com ingredientes que justificassem a cobrança desse valor. Outro abuso. A menos que você considere normal pagar, num restaurante de museu, R$ 7,00 por um suco de melancia e R$ 9,50 por um suco misto. Um acinte. O serviço também é abaixo da média. O pior é que o lugar estava lotado, provavelmente de pessoas que, como nós, estavam com fome e não tinham outra alternativa para fazer suas refeições. Pelo perfil dos clientes, notei que muitos deviam ser expositores ou visitantes da SP Arte. E como o restaurante não tem concorrência e estamos num país de aproveitadores, impõe preços extorsivos ao cliente. É a lei da oferta e da procura levada às últimas consequências da ausência de bom senso dos espertalhões terceiro-mundistas. Se todos boicotassem as casas que têm esse tipo de atitude com o consumidor, elas seriam obrigadas a acordar, repensar e renegociar seus preços. É por isso que no Prêt no MAM eu não só não volto mais, como também não recomendo o restaurante a qualquer pessoa que, por mais abastada que seja sua conta bancária, recuse-se a fazer papel de boba.
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