quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Prokofiev, Shakespeare e São Paulo Companhia de Dança unem-se em um espetáculo vigoroso e apaixonado.

Drama. Poder. Vigor. Paixão. Uma mistura explosiva que chegou ao paroxismo em uma grande apresentação do balé 'Romeu e Julieta', com a música eletrizante de Sergei Prokofiev (1891-1953) e o rigor cênico da excelente São Paulo Companhia de Dança em uma performance intensa e apaixonada.

Eu já havia assistido a uma apresentação do grupo e havia ficado muito bem impressionada com a técnica e a interpretação dos bailarinos em uma sequência de números contemporâneos. 'Romeu e Julieta', no entanto, é o primeiro balé narrativo da companhia e devo dizer que a moçada está dando conta muito bem do recado.

Foto: Simone Catto

Aline Campos e Nielson Souza na capa do folheto oficial
Para começar, a coreografia criada pelo italiano Giovanni Di Palma especialmente para a SPCD para narrar o mito imortalizado por William Shakespeare (1564-1616) é primorosa. Di Palma fez questão de explorar a diversidade étnica brasileira com bailarinos de diferentes perfis, intercalando, no papel de 'Romeu', um bailarino branco e um negro. Na versão à qual assisti, Nielson Souza foi o protagonista ao lado da 'Julieta' Aline Campos, e o casal nos presenteou com belíssimos pas-de-deux em perfeito entrosamento de corpos e movimentos. Por vezes os dois pareciam ser apenas um só, dada a harmonia gestual e a sintonia do casal. A excelência dos intérpretes, associada à engenhosidade da coreografia e ao lirismo da música de Prokofiev, tornaram esses momentos realmente mágicos e os números de pas-de-deux um espetáculo sublime e emocionante.

Isso tudo sem falar, naturalmente, que a música de Prokofiev já é um espetáculo por si só. Mistura drama, graça, lirismo e tensão, incluindo alguns trechos francamente aflitivos enfatizados pelos gestos angulosos dos bailarinos, notadamente da autoritária 'Sra. Capuleto', a mãe de Julieta, interpretada magistralmente pela bailarina Ana Paula Camargo. Os momentos em que ela se depara com os corpos do sobrinho Teobaldo, morto em duelo com Romeu, e de Julieta, a qual todos pensavam também estar morta, são de uma contundência e intensidade dramática impressionantes. Gostaria de destacar, também, a graça dos movimentos do inconsequente e fanfarrão 'Mercúcio', amigo de Romeu, interpretado com leveza e jocosidade pelo ótimo Diego de Paula.

Ana Paula Camargo como a Sra. Capuleto
Criado por Shakespeare entre 1595-1696, o drama que narra a história de amor impossível entre dois jovens pertencentes a famílias rivais da cidade de Verona – os Capuleto e os Montecchio - já ganhou versões no cinema, nos palcos e até uma paródia na TV com a impagável trinca Hebe Camargo, Nair Bello e Ronald Golias. O balé 'Romeu e Julieta' foi encomendado a Prokofiev em 1935 pelo Teatro Kirov, de São Petersburgo, e estreou em 1938 na então Tchecoslováquia. Originalmente, Prokofiev estruturou o balé em três atos ou doze cenas com prólogo e epílogo, mas Di Palma o condensou em dois atos e dez cenas com cerca de noventa minutos de duração. O primeiro ato mostra a alegria do encontro dos jovens amantes e da descoberta de seu amor, entremeado por cenas que já prenunciam as tragédias do segundo ato. O balé é cheio de contrastes e, sem dúvida, o trecho mais conhecido da música é a famosa 'Dança dos Cavaleiros', uma marcha russa plena de contundência e vigor logo no início do primeiro ato.

O fato é que essa bela coreografia interpretada pela São Paulo Companhia de Dança resulta em um excelente espetáculo e, como se não bastasse, com preço extremamente acessível a todos que apreciam balé: a inteira custa apenas R$ 25,00. Imperdível!

Diego de Paula como Mercucio
Ficha técnica parcial

Encenação e coreografia: Giovanni Di Palma
Cenário e figurino: Jérôme Kaplan
Música: Sergei Prokofiev
Desenho de luz: Udo Haberland
Dramaturgia: Nadja Kadel

Elenco
Julieta: Aline Campos
Romeu: Nielson Souza
Mercúcio: Diego de Paula
Teobaldo: Geivison Moreira
Benvólio: André Grippi
Sra. Capuleto: Ana Paula Camargo
Páris: Joca Antunes
Ama: Beatriz Hack
Pedro: Yoshi Susuki
Frei Lourenço: Lucas Valente
Rosalina: Isabela Maylart

'ROMEU E JULIETA' está em cartaz no teatro Sérgio Cardoso – R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista. Tel.: 3228-1380. Mas atenção: as apresentações vão apenas até 1º de dezembro. Horários: quinta e sábado às 21h; sexta às 21h30 e domingo às 18h. R$ 25,00. Corra!

sábado, 23 de novembro de 2013

Hotel Fazenda Fonte Colina Verde. Prazer e lazer em meio à natureza.

No último feriado dei uma escapada para a Estância de São Pedro, uma pacata cidadezinha situada a quase 200 km de São Paulo. Perfeita para caminhar, descansar e, sobretudo, travar um contato mais estreito com as pessoas e a natureza, São Pedro era tudo o que eu precisava. Tive uma experiência deliciosa por lá que não pode ser dissociada de minha experiência de hospedagem no Hotel Fazenda Fonte Colina Verde, também grandemente responsável pelos momentos de prazer que senti naquela cidade.

A entrada do hotel já prenuncia o prazer que está por vir! - Foto: Simone Catto

Instalado em uma área de cerca de 200 mil metros quadrados, o hotel é um dos melhores da cidade. Eu já havia me hospedado lá outras vezes, mas agora ele foi reformado e está com uma infraestrutura de lazer invejável. São nove piscinas, sendo quatro cobertas e aquecidas, toboáguas e chafarizes. Só isso, por si só, já é suficiente para atrair muitas famílias com crianças, especialmente em um feriado. Devo dizer que normalmente fujo de lugares lotados, mas o hotel é tão grande, e as pessoas ficam tão espalhadas, que isso não chegou a me incomodar desta vez. Dê só uma olhada na piscinas:

Como tirei as fotos de manhã, ainda não havia quase ninguém nas piscinas. Essa era a minha preferida porque ficava 
mais vazia - Foto: Simone Catto

Essa era a piscina que mais lotava - Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

O bar da piscina fica aberto até as 20h, e os quiosques ao lado são um chamado incessante para uma caipirinha! (rs).

O agradável cantinho da caipirinha... hum! - Foto: Simone Catto

E este terraço é um convite à leitura! Adivinhe se não peguei meu livro para ler por lá?
Foto: Simone Catto

E este é o Zé, meu companheiro de esbórnia (rs) - Foto: Simone Catto

Sabe jogar xadrez? - Foto: Simone Catto

Além das atrações de praxe nos grandes hotéis, como salão de jogos, playground, sauna, fitness center e quadras poliesportivas, o Fonte Colina Verde ainda tem vários diferenciais que saem do lugar-comum. A começar pelas quadras de tênis, de futebol e futebol society. E depois tem as atrações naturais, como os bosques, trilhas, uma cascatinha e até lago para pesca. Nem preciso dizer que foram essas as que mais me interessaram!

Essa mesinha escondida ao lado da quadra é perfeita para um tête-à-tête! - Foto: Simone Catto

Até uma cascatinha há no hotel, no interior desta minicaverna - Foto: Simone Catto

Vai um peixinho, aí? - Foto: Simone Catto

Há uma trilha que sobe a colina, passando pela capela e pelas quadras de tênis, até chegar à fazendinha, lá em cima. Para as crianças e para quem tem fôlego curto, um trenzinho puxado por um trator faz o trajeto. Mas caminhar por ali não tem preço e o universo ainda me brindou com uma ótima surpresa: deparei-me com um lindo tucano que brincava com dois passarinhos barulhentos e estabanados. Delícia!

Veja só quem eu encontrei em uma de minhas caminhadas. Privilégio! - Foto: Simone Catto

Este outro cidadão encontrei em outra trilha! (rs) - Foto: Simone Catto

Na trilha para a hípica e a fazenda, passamos por esta graciosa capelinha no caminho.
Aproveitei para entrar e pedir uma graça! - Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Quem gosta de hipismo deve ficar bem feliz com o centro hípico para cavalgadas ecológicas, ao lado da fazendinha que abastece a cozinha com itens fresquinhos e deliciosos. A comida do hotel, aliás, é farta e saborosa. Os doces caseiros são uma perdição. As compotas de frutas com queijo Minas dão água na boca, especialmente a de abóbora em cubinhos e a de casca de laranja. Nhammm!!!

Vista da hípica - foto: Simone Catto

O fato é que o hotel está repleto de atrações e cantinhos aconchegantes e, nas trilhas, até alguns bancos de concreto foram estrategicamente instalados para as pessoas apreciarem melhor a paisagem e respirarem ar puro.

Depois de andar, andar, andar... uma pausa para apreciar a paisagem! - Foto: Simone Catto

As suítes são simples, porém aconchegantes. Todas seguem mais ou menos o mesmo padrão e têm frigobar, secador de cabelo e deliciosas varandas com rede. Meu banheiro, simples mas confortável, tinha chuveiro com água aquecida por energia solar. A ordem lá não é luxo, mas despojamento e conforto.

Aquela rede na varanda veio bem a calhar para descansarmos antes do jantar! - Foto: Simone Catto

Por tudo isso, se você for a São Pedro, vale a pena se hospedar no Hotel Fazenda Fonte Colina Verde, especialmente fora de temporada. Apesar de estar situado em uma rua que passa pelo minúsculo centro da cidade, incluindo a praça da matriz, o hotel está ladeado de belos cenários naturais. O endereço é Rua Veríssimo Prado, 1.500 – São Pedro - tel.: (19) 3481-9999 – www.hotelcolinaverde.com.br.

Com certeza você vai gostar!


E para descobrir passeios imperdíveis por lá, clique aqui.

Passeios para curtir melhor São Pedro, no interior de São Paulo.

Grande parte da graça de São Pedro, cidadezinha turística localizada a quase 200 km de São Paulo, é o fato de ela ser pequenina, uma típica cidade de interior aonde as pessoas normalmente vão para descansar, praticar esportes ou desacelerar a vida. Normalmente, os turistas são atraídos pela irmã menor e mais famosa localizada a apenas seis quilômetros dali, a estância hidromineral de Águas de São Pedro, mas o fato é que São Pedro, por si só, já é uma cidade deliciosa para fugir da loucura de Sampa. Dá para fazer muitas coisas boas por lá, mas há dois passeios que recomendo a todos que gostem de belas paisagens, ou de comer bem, ou as duas coisas ao mesmo tempo.    

Um deles é o Parque do Cristo Aureliano Esteves, ponto mais alto da cidade. Situado a uma altura de 800 metros, o parque oferece uma linda vista do município e também de Águas de São Pedro e Piracicaba. A subida para o Cristo tem 123 degraus – eu contei! (rs), mas dá gosto pagar promessa ali! A estradinha na serra de Itaqueri é muito bonita e o acesso fácil.

Primeiro a gente paga promessa, depois chega ao céu! (rs) - Foto: Simone Catto

E Ele, lá em cima, acolhe a todos de braços abertos! - Foto: Simone Catto

A vista é deslumbrante! Dá uma paz... - Foto: Simone Catto

Muita gente agradece aqui as graças alcançadas - Foto: Simone Catto

Caso você não tenha almoçado, experimente o restaurante Mirante do Cristo, nem que seja para tomar uma caipirinha ou uma cerveja em uma das mesas externas, apreciando a bela vista lá de cima.

Foto: Simone Catto

O restaurante está em um espaço muito acolhedor!... - Foto: Simone Catto

Um outro local que vale a visita é o antiquário, restaurante e orquidário Vila del Capo. Com uma arquitetura inspirada nas villas italianas, a propriedade está instalada em um belíssimo jardim que pede para a gente ir ficando, ficando... o local é mesmo muito bem cuidado.

A linda propriedade inspirada nas villas italianas - Foto: Simone Catto

Algumas antiguidades ficam expostas lá fora, à entrada, já antecipando a beleza que iremos encontrar no interior.
Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

O jardim é lindo! - Foto: Simone Catto

A construção tem vários ambientes repletos de belas antiguidades e lindos e raros objetos vintage, todos à venda, e o restaurante está instalado em um deles, proporcionando aos clientes a oportunidade de apreciar um monte de coisas bonitas enquanto almoçam. Infelizmente eu já havia almoçado no hotel, mas pretendo experimentar a comida de lá na próxima vez!

Um dos belos ambientes do antiquário - Foto: Simone Catto

Essa juke box é um charme! - Foto: Simone Catto

É impressionante a quantidade de coisas bonitas que existem lá - Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

A boa notícia é que dá para visitar o Parque do Cristo e o Vila del Capo no mesmo dia, porque o acesso a ambos se dá pelo mesmo lugar, pela serra, e este último fica um pouco mais adiante do primeiro. Aproveite!

Vale dizer, também, que muitos de meus passeios e caminhadas tiveram como ponto de partida o Hotel Fazenda Fonte Colina Verde, local onde me hospedei, de forma que não deu para dissociar minha experiência da cidade da experiência da hospedagem, que também foi grandemente responsável pelos bons momentos que vivi em São Pedro. Instalado em uma área de 200 mil metros quadrados integrada à natureza, o hotel tem atrações e opções de lazer para todos os gostos e é considerado um dos melhores da cidade. Trilhas, cascata, quadras de tênis e cavalgadas ecológicas, sem falar das nove piscinas e da deliciosa comida caseira preparada com ingredientes fresquinhos da fazenda, são alguns dos diferenciais desse hotel delicioso.

Confira os endereços:

● Parque do Cristo Aureliano Esteves: Rod. Elísio de Paula Teixeira (estrada da serra) – tel.: (19) 3483-4482 - www.parquedocristo.com.br
● Vila del Capo: Estrada Vicinal João Dorigon, km 7,5 – Bairro dos Gomes - sentido Brotas. Tel.: (14) 3653-6160 - www.viladelcapo.com.br



Boa viagem!

Estância de São Pedro. Para brindar a vida com o tempo que ela precisa.

Normalmente evito viajar para destinos situados a mais de 100 km de São Paulo nos feriados, para fugir dos congestionamentos insanos. No último feriado, porém, surgiu um convite irrecusável para visitar uma cidadezinha que amo e que há muito não me via por lá: São Pedro, que fica a quase 200 km da capital e a cerca de 6 km de sua cidade-irmã, a estância hidromineral de Águas de São Pedro. Foi a melhor coisa que fiz! Tudo bem que levamos mais de cinco horas para percorrer um trajeto que não levaria mais que três, mas as compensações foram tão grandes que a viagem mais do que valeu a pena!

Vista da cidade a partir do hotel - Foto: Simone Catto

O que vi do alto do Parque do Cristo, na Serra de Itaqueri, ponto mais alto da cidade - Foto: Simone Catto

E aqui, a vista da minha suíte, com uma das piscinas láaaaaa no fundo, à direita. Êhhhh, vida boa! (rs)
Foto:  Simone Catto

E esta é a Margarida.... mangia che ti fa bene! (rs) - Foto: Simone Catto

Situada na encosta da serra de Itaqueri, São Pedro é "um ovinho de cidade", por assim dizer. Uma gracinha. Tudo o que São Paulo não é. Para começar, as ruas são calminhas, calminhas. As casas, mesmo as mais simples, têm um aspecto bem cuidado, com belos jardins, muitas plantas ou árvores na porta. Os portões são baixos e graciosos, alguns com bonitas tramas rendilhadas – do tipo que, infelizmente, a gente vê cada vez menos em Sampa por causa da violência. A praça Gustavo Teixeira, onde fica a igreja matriz, tem um gracioso coreto e nos bancos vemos senhores jogando conversa fora ou tomando sorvete. Estresse zero. Nas lojinhas em torno da praça, somos atendidos por pessoas sorridentes e bem-educadas. Muitas vendem belos artigos para casa a preços bem convidativos: jogos de cama, mesa e banho, toalhas, lindos edredons e outras miudezas. Alguns produtos destacam-se pelos belos bordados.

A praça Gustavo Teixeira, onde fica a igreja matriz. É uma delícia tomar sorvete lá! - Foto: Simone Catto

Esta linda carroça florida enfeita a entrada do hotel, que é muito bonita. Dá gosto olhar!
Foto: Simone Catto

A cidade tem cerca de 35 mil habitantes, mas é quase dez vezes mais povoada que sua irmã famosa: Águas de São Pedro, com cerca de três mil, é o segundo menor município do Brasil e, por ser uma cidade turística, é também mais cara. Portanto, para fazer compras, São Pedro é infinitamente melhor.

O Balneário Municipal de Águas de São Pedro - foto: Simone Catto

Compras, no entanto, foi a última coisa em que pensei ao viajar para São Pedro. O que me atrai é a paisagem do lugar, a natureza, o ar puro. É o local ideal para fazer uma das coisas de que mais gosto nessa vida: caminhar à vontade, explorar lugares e descobrir trilhas no meio do verde. Um verdadeiro bálsamo para corpo e espírito. Quem gosta de cachoeiras, cavalgadas, voo de parapente e outros esportes radicais também não se decepciona.

Parque Municipal de Águas de São Pedro... uma delícia para caminhadas! - Foto: Simone Catto

Uma das trilhas que saem do hotel - Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

O fato é que São Pedro é uma daquelas cidades adoráveis onde não existe pressa, onde temos a oportunidade de conversar com as pessoas, enfim... onde podemos relaxar de forma saudável com o privilégio de contemplar paisagens naturais que fazem bem aos olhos e ao coração.

O melhor acesso a São Pedro, saindo de São Paulo, é pela Rod. Anhanguera. Após passar a cidade de Nova Odessa, siga a placa sentido Piracicaba. Passamos por dentro da cidade de Piracicaba, margeando a ESALQ-USP, e pegamos a Rod. Luiz de Queiroz. Depois, é só seguir placa. Não tem erro!


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Quando a boca pede a palavra.

De uns tempos para cá tenho me perguntado o que está havendo com a comunicação entre as pessoas. Ou o que NÃO está havendo, melhor dizendo, já que tanta gente não se comunica, ou então o faz da forma inadequada. Aí vem a pergunta que não quer calar... falta noção? Educação? Traquejo social? Ou tudo isso junto?

Vou dar dois exemplos que vivenciei no espaço de uma semana. Na noite de sábado, fui jantar em um restaurante e, ao levantar-me para ir ao toalete, automaticamente dei uma espiada no celular. Havia um SMS de uma amiga me convidando para conhecer um restaurante recém-inaugurado na capital. Só que eram quase 23h30. Até estranhei, porque normalmente eu e meus amigos costumamos sair mais cedo para nossos programas. Aí descobri que minha amiga havia enviado o torpedo umas seis horas antes. Atraso típico da "excelência" dos serviços de nossas operadoras de celular. Moral da história: se eu não tivesse tido outro compromisso, simplesmente teria perdido o programa para o qual minha amiga havia me "convidado".

O outro caso: menos de uma semana antes, cheguei em casa de um jantar quase às duas da manhã. Aí peguei o celular da bolsa para desligá-lo, e eis que vejo outro torpedo. Neste, enviado por outra amiga por volta das 21h, eu era convidada a encontrá-la em um bar menos de uma hora depois. Como só vi a mensagem na madrugada, naturalmente só pude responder naquele momento.

Agora eu pergunto: se você enviasse um torpedo fazendo um convite a alguém e esse alguém não te respondesse, o que você faria? Eu, enquanto "ser comunicante", depois de algum tempo sem resposta, obviamente pegaria no telefone e ligaria para a pessoa para lhe perguntar se ela recebeu meu convite. Primeiro, porque sei que torpedos muitas vezes demoram para chegar (e por vezes nem chegam!) a seus destinatários, como aconteceu comigo no último sábado. E segundo, porque o receptor simplesmente pode não ter visto a mensagem, como ocorreu comigo da outra vez. É por isso que meu bom senso sempre me manda fazer convites desse tipo por telefone. Contudo, se alguém porventura se utilizar do expediente de SMS para fazer um convite e não obtiver resposta, o mínimo que deve fazer é ligar para o convidado confirmando se ele recebeu a mensagem ou não, né? Questão de educação. Quando isso não acontece, sou levada a pensar, inevitavelmente, que a pessoa simplesmente não faz questão de minha companhia – é o que chamo de "convite de grego", por assim dizer.

No entanto – repito: parece que boa parte das pessoas perdeu a capacidade de se comunicar. Isto é: se "comunicam" tanto por SMS, e-mails, Facebook, Twitter, "o escambau a quatro"... que simplesmente não conseguem comunicar mais nada. Perde-se o básico do básico. O princípio essencial que pressupõe a existência de uma comunicação, que é o envio de uma mensagem por um emissor e o recebimento por um receptor.

Quero deixar claro, aliás, claríssimo, que não tenho nada contra SMS, veja bem! Sempre envio torpedos às pessoas por diferentes razões, mas em situações que não envolvam urgência ou uma resposta rápida do destinatário – como convites para encontros sociais no mesmo dia, por exemplo. E aproveito para avisar que jamais, mas jamais mesmo, convido alguém para qualquer programa em petit comité por meio de Facebook. Sempre uso o telefone, sobretudo se o convite for dirigido a pessoas com quem eu não esteja em contato com frequência. Primeiro, porque nem todo mundo fica conectado o tempo todo – este é meu caso, inclusive, já que faço questão de ficar bem longe de Internet quando estou vivendo a vida – seja lá fora ou entre quatro paredes. E segundo, uso o telefone por uma questão de gentileza, de calor humano, mesmo. Sim, sou um ser que gosta de conversar, de ouvir a voz do outro e que considera altamente estimulante a troca de ideias e experiências com gente inteligente e do bem.

E também neste caso faço questão de frisar: não tenho absolutamente nada contra Facebook, muito pelo contrário. Uso extensivamente essa ferramenta para interagir com pessoas e também para me informar, trabalhar e compartilhar ideias, imagens e, naturalmente, posts deste blog. Até mesmo porque também sou uma profissional de comunicação. Porém, tenho a percepção de que muita gente "perdeu a mão" (ou a "boca"!), por assim dizer, na hora de se comunicar.

Portanto, vale reforçar que boca não foi feita só para comer ou fazer sexo - embora uma coisa não exclua a outra - OK? Utilizar a boca para CONVERSAR, em determinadas situações, é simplesmente essencial para mantermos aquela qualidade que nos torna humanos. É questão de carinho, cuidado e amizade, quando não de educação. Por isso, em muitos casos (e põe "muitos" nisso!), SMS não substitui boca. Facebook também não. E tampouco outras redes sociais o fazem. E se eu não disse isso com minha própria boca às pessoas que me fizeram os mencionados "convites" por SMS, foi porque, depois daqueles dois episódios, infelizmente não falei mais com elas. Nem pessoalmente e nem por telefone. E esse não é o tipo de coisa que eu diria a elas por SMS... ou Facebook.

sábado, 9 de novembro de 2013

Escola Ciclo das Vinhas. Um 'upgrade' feliz para celebrar a vida com Baco.

Uma coisa é a gente gostar de vinho. E outra é entender o que está bebendo. Foi movida por essa necessidade, aliada ao desejo de refinar meu paladar, meu olfato e também meu olho na hora de escolher um rótulo dessa bebida tão presente em minha vida, que resolvi fazer o Curso Básico da 'Ciclo das Vinhas – Escola do Vinho e Livraria', comandada pela jovem sommelière Alexandra Corvo. Para quem não conhece, Alexandra tem colunas na Folha de S. Paulo e também na rádio BandNews FM, com dicas muito interessantes sobre o mundo dos vinhos.

Foto: www.alexandracorvo.wordpress.com

Alexandra em ação.
Foto: www.alexandracorvo.com.br
O Curso Básico que fiz foi ministrado em três aulas com duas horas e meia cada, sendo que cada aula era dedicada a um tipo de vinho: branco, tinto e espumante. Além de possuir uma extensa cultura e experiência em vinhos do mundo todo, Alexandra é dinâmica, simpática e sabe prender nossa atenção. Uma das aulas foi ministrada por sua parceira Ana Paula Montesso, outra expert que nos ensinou alguns segredos do vinho tinto.

Já na primeira aula, aprendemos que tudo começa com o olfato. Sim, ao contrário do que muita gente pensa, não é o paladar e nem a cor da bebida que importam de imediato, mas o aroma que sentimos – ou bouquet – que o vinho exala logo após ser despejado na taça e também ao se movimentar dentro dela, quando o aroma "abre" e se espalha. Os aromas que cada pessoa sente podem variar muito - tudo depende da experiência, do organismo e da memória olfativa de cada um. É assim que surgem aromas de mel, jasmim, madeira, chocolate, azeite, maracujá, ameixa e dezenas de outros que percebi e ouvi dos colegas durante as aulas. É um exercício divertido.

As taças numeradas para a degustação às
cegas - Foto: www.alexandracorvo.com.br
A cada aula, degustamos quatro vinhos de diferentes nacionalidades. Primeiro experimentávamos cada vinho separadamente para sentir o equilíbrio do açúcar X acidez, a quantidade de álcool, o tanino dos tintos, a textura, o sabor e sua permanência no paladar. Na sequência, degustávamos os mesmos vinhos harmonizados com diferentes alimentos. Tomatinhos, queijo de cabra, frango desfiado com especiarias, caponata de berinjela e pimentões, queijo brie e uma deliciosa "carne louca" desfiada e temperada foram os quitutes que saboreamos nas duas primeiras aulas. Na última, dedicada aos espumantes e vinhos de sobremesa, a harmonização foi feita com mousse de limão, pudim de chocolate e torradas com gorgonzola. É incrível sentir como cada vinho interage de forma diferente com os diversos alimentos, seja complementando-os, destacando seus sabores ou mesmo "brigando" com eles.

O fascinante é que um vinho que podemos achar sem graça quando degustado sozinho pode adquirir um paladar totalmente novo e agradável ao ser combinado com determinado quitute. É por isso que devemos saborear nosso vinho com toda a calma desse mundo, para que possamos sentir aromas, sabores e desfrutar ao máximo essa bebida dos deuses que a humanidade tomou emprestado.

Além do Curso Básico, a escola CICLO DAS VINHAS oferece muitos outros para quem, como eu, deseja aprender mais para desfrutar melhor a bebida, ou mesmo se aprofundar nos mistérios da sommellerie em cursos profissionais. Para saber mais, acesse www.alexandracorvo.com.br. Tel.: 3284-3626. A escola e livraria está instalada em um agradável sobrado à Rua Maria Figueiredo, 305 – Paraíso – São Paulo. Super recomendo!