terça-feira, 25 de junho de 2013

Sabores simples para mimar o paladar em Tiradentes.

A fama da culinária mineira é a melhor possível e posso dizer, por experiência própria, que ela se justifica. Pelo menos em cidades como Ouro Preto e Tiradentes, esta última visitada recentemente. Uma das tantas coisas boas de Tiradentes é que, embora pequenina, ela oferece opções gastronômicas deliciosas para diferentes bolsos e paladares. Tive a oportunidade de conhecer excelentes restaurantes com proposta gourmet, como o Angatu e o Tragaluz, e também casas mais simples, bares e docerias.  

Quem visita Tiradentes não pode deixar de sentar pelo menos um dia em uma mesa externa de um bar do Largo das Forras, para ficar jogando conversa fora e apreciando o movimento diante de um copo de caipirinha. No Sapore d’Italia (tel.: 32 3355-1240), por exemplo, tomei uma das melhores caipirinhas de limão da minha vida. Feita com cachaça da roça, estava realmente deliciosa naquela tarde ensolarada em que os termômetros alcançaram 25ºC e o papo estava ótimo.

O Largo das Forras, no Centro Histórico, está cheio de bares e restaurantes - Foto: Simone Catto

Tomar caipirinha observando o movimento no Largo das Forras é tudo de bom! - Foto: Simone Catto

Para acompanhar, pedimos primeiro pastéis individuais, mas achei-os beeem pequenos pelo valor cobrado pela unidade (R$ 8,) - melhor ficar com a porção dos tradicionais pastéis de angu da região. Os de queijo estavam bem recheados e crocantes, com a massa fininha, e o preço era justo.

Os pastéis estavam bons, mas eram pequenos pelo preço cobrado - Foto: Simone Catto

Já os pastéis de angu, típicos da região, vieram numa porção mais generosa! - Foto: Simone Catto

Outra dica imperdível para provar o melhor dos doces mineiros é dar um pulo no Chico Doceiro, que há quase 50 anos adoça o paladar e a vida de tantos conterrâneos e turistas. O Seu Chico, com jeitinho simples e simpático, realmente tem as mãos abençoadas: seus doces são leves e têm um sabor especial. O doce de abóbora, por exemplo, desmancha na boca. O canudo de doce de leite é uma iguaria finíssima – tive o prazer de saboreá-lo com o cafezinho do restaurante Angatu - uma delícia! As cocadas também são de dar água na boca, e comprei uma porção para dar de presente. E ainda por cima, esses doces todos custam apenas R$ 1,00 a unidade. Tive o prazer de observar Seu Chico em ação, preparando uma de suas gostosuras. Não é à toa que a fama de seus doces tenha atravessado em muito as fronteiras de Minas! O Chico Doceiro fica na R. Francisco Pereira de Moraes, 74 – Cascalho (aliás, bem em frente à pousada onde me hospedei, a Don Quixote) - tel.: (32) 3355-1900.

A casinha singela onde Seu Chico prepara e vende suas delícias - Foto: Simone Catto

Seu Chico em ação, em pleno momento de magia! - Foto: Simone Catto

As cocadas de Seu Chico, simplesmente dos deuses! - Foto: Simone Catto

E por falar em doces, vale a pena também tomar um chá ou café na Rocambole & Cia acompanhado por uma das delícias feitas por lá.

Fachada do 'Rocambole & Cia' - Foto: Simone Catto

Além de oferecer vários sabores do rocambole que dá nome à casa, a doceria também tem outros quitutes como quindins, nhá bentas e bolos caseiros. Estive lá em duas noites frias e tomei chás para me aquecer: o de menta e o de frutas vermelhas, ambos importados, estavam deliciosos. Para acompanhar, broa de milho na folha de bananeira.

Abaixo, à esquerda, a broa de milho enrolada em folha de bananeira - Foto: Simone Catto

O ambiente aconchegante do 'Rocambole & Cia' é perfeito para um chá nas noites frias! - Foto: Simone Catto

O atendimento dos proprietários e funcionários também é simpático e gentil, e o ambiente da casa é bem aconchegante, com tons quentes e cadeiras confortáveis. Recomendadíssimo! A Rocambole & Cia fica na R. Ministro Gabriel Passos, 115 – Centro Histórico - tel.: (32) 3355-2897. 

Foto: Simone Catto

A cozinha mineira é conhecida, também, pela fartura. E fartura é o que encontrei em um almoço no restaurante Estalagem do Sabor, uma casa simples na mesma rua do Rocambole & Cia: R. Ministro Gabriel Passos, 280-A – Centro Histórico (tel.: 3355-1144). No entanto, há algumas ressalvas.

Fachada da 'Estalagem do Sabor' - Foto: Simone Catto

Os pratos são fartos...

... mas a linguiça não veio!
Fotos: Simone Catto
Na ocasião, pedimos um tutu à mineira, que vem com costelinha, linguiça, tutu de feijão, arroz e couve. Custa R$ 74,00 e serve duas pessoas. Antes pedi uma caipirinha de cachaça da roça, que estava excelente. Porém, quando os pratos chegaram à mesa, notamos a ausência da linguiça e questionarmos o atendente. Ele nos explicou que, naquele dia, excepcionalmente, ela estava em falta. Estranhamos, porque linguiça é um produto fácil de ser encontrado. Além disso, deveríamos ter sido avisados da ausência do ingrediente no momento em que fizemos o pedido, e não após a chegada dos pratos. O atendente se desculpou, mas, se não tivéssemos questionado, teria ficado por isso mesmo. Além disso, achamos o prato apenas bom, nada de excepcional. Confesso que esperava mais do tempero, sobretudo pelo fato de o restaurante ser indicado pelo Guia 4 Rodas. Enfim, talvez não tenhamos visitado a casa num dia feliz.

Mas conforme mencionei no início do post, há dois restaurantes em Tiradentes que são imperdíveis: o Angatu e o Tragaluz.


Visite Tiradentes e eleja seus restaurantes também!

Restaurante Angatu, em Tiradentes. Frescor e sabor numa experiência gastronômica memorável.

Não dá para ir a Tiradentes - MG sem almoçar pelo menos um dia no Angatu, um dos restaurantes mais deliciosos que tive o prazer de conhecer nos últimos tempos.

A graciosa rua do restaurante já parece prenunciar a delícia que está por vir! - Foto: Simone Catto

A fachada da casa é singela e agradável - Foto: Simone Catto

Com décor despojado e de bom gosto, a casa está 100% voltada para proporcionar ao cliente uma refeição memorável do início ao fim – pelo menos foi o que senti no dia em que lá estive para almoçar. O restaurante, a propósito, é superagradável na hora do almoço, sobretudo se você sentar a uma das mesas do fundo, com vista para uma bela paisagem. Tive sorte de conseguir uma delas e minha refeição ficou ainda mais gostosa!

Foto: Simone Catto

Os chefs trabalham, compenetrados... - Foto: Simone Catto

A vista de minha mesa, um verdadeiro deleite! - Foto: Simone Catto

No Angatu fiz questão de experimentar o couvert, que me pareceu especialmente gostoso por incluir itens diferenciados. Dito e feito. O couvert, para dois, é de uma delicadeza ímpar e saborosíssimo: vem com pães da casa, geleia de pimentão, pesto de tomates secos, caponata de jiló, mel, manteiga da casa e queijo do Serro Mineiro. 

Para acompanhar, pedi uma caipirinha de lima-da-pérsia feita com cachaça da roça. Estava ótima, e minha refeição não poderia ter se iniciado de forma melhor!

Dupla imbatível: o mimoso couvert (R$ 28, para duas pessoas) do Angatu e caipirinha de lima-da-pérsia - Foto: Simone Catto

Depois de degustar calmamente meu couvert e minha caipirinha em ótima companhia, chegou a hora de pedirmos nossos pratos. Nessa hora, fomos unânimes: optamos pelo filé mignon grelhado com molho béarnaise de manteiga de garrafa, batatas rústicas, farofinha de biju e amêndoas. Estava excelente. Ponto para o chef Rodolfo Mayer, que gentilmente deu uma passada em nossa mesa para checar se estava tudo a contento.

O filé mignon grelhado (R$ 52,) estava no ponto e combinou maravilhosamente bem com os acompanhamentos do prato. 
Foto: Simone Catto

Ao final, pulamos a sobremesa e fomos direto para o café, que é servido na mesa com um charmoso coadorzinho e vem acompanhado de um pequeno mimo gastronômico: um canudo de doce de leite do famoso Seu Chico, doceiro que há quase 50 anos adoça a vida de mineiros e turistas com seus quitutes do outro mundo. O final perfeito para arrematar uma refeição que foi puro deleite do início ao fim!

Além de saboroso, o café é servido com um "charminho" especial - Foto: Simone Catto

Nem preciso dizer que super recomendo o ANGATU para todo mundo que aprecia o melhor da cozinha brasileira gourmet! Fica na Rua Santíssima Trindade, 81, para cima da matriz de Santo Antônio. Tel.: (32) 3355-1391.

Restaurante Tragaluz, em Tiradentes. Delícias e aconchego num cenário que esbanja charme.

Quando a gente fala em Minas Gerais, é inevitável lembrar das comidas boas que também fazem a fama dos mineiros. Eu que o diga. Minhas endorfinas estão saltitando até agora depois que saboreei quitutes deliciosos em uma viagem que acabo de fazer a Tiradentes!

Foto: Simone Catto

Apesar de ser uma cidade pequena, Tiradentes atraiu ótimos restaurantes devido a sua vocação turística e, sobretudo, pelo perfil de público que a visita, em sua maioria gente cool, casais e culturetes. Conheci duas casas que me agradaram de maneira especial pela qualidade dos pratos e também pelo ambiente: Tragaluz e Angatu.

O Tragaluz, localizado em um imóvel histórico bem no centro da cidade, tem uma decoração extremamente charmosa e aconchegante à base de muita madeira, janelões, tijolos à vista e material de demolição. Algumas cristaleiras com antiguidades e objetos interessantes e alguns ambientes em desnível contribuem para aquecer ainda mais a atmosfera do lugar. Por esta razão, o restaurante presta-se perfeitamente para um jantar romântico à luz de velas.

A graciosa fachada do restaurante - Foto: www.tragaluztiradentes.com

A atmosfera é romântica e aconchegante! Note o ambiente em desnível em primeiro plano e a cristaleira rústica, à direita: 
um charme! - Foto: www.tragaluztiradentes.com

Ao fundo, mais antiguidades e objetos curiosos - Foto: Simone Catto

Foto: www.tragaluztiradentes.com

O cardápio é todo lúdico, como se fosse escrito à mão, com historinhas engraçadinhas e mensagens dos clientes, entre eles algumas personalidades. No dia de minha visita, optei pelo picadinho, que leva filé mignon, banana gratinada, purê de mandioquinha, trouxinha de couve, ovo e arroz... ufa! Estava uma delícia, sem tirar nem pôr.

Meu picadinho (R$ 55,), simplesmente delicioso! O arroz foi servido em uma cumbuquinha à parte - Foto: Simone Catto

O outro pedido da mesa foi o lombo crocante com parmesão e alecrim, arroz, purê de abóbora e chutney. Provei um bocadinho (olha eu falando como mineira, aí! rs) e também achei muuuuito bom. O purê de abóbora é um desbunde!

O saboroso lombo com purê de abóbora, nham! - Foto: Simone Catto

Naquela noite não pedimos vinho porque já havíamos tomado caipirinhas na hora do almoço e seria 'too much' para nós. Ficamos, portanto com águas e refrigerantes.

Além de ser uma casa muito bonita e romântica, o TRAGALUZ oferece pratos realmente deliciosos, de forma que, se você for a Tiradentes, não pode deixar de jantar uma noite lá! Fica à Rua Direita, 52 – Centro Histórico. Tel.: (32) 3355-1424. Reservas: (32) 9968-4837 - www.tragaluztiradentes.com

domingo, 23 de junho de 2013

Por que é tão fácil se apaixonar por Tiradentes.

Para alguém que gosta de natureza, arte e história, não é difícil cair de amores por uma cidade como Tiradentes, MG. Em uma deliciosa jornada por lá na primeira quinzena deste mês, pude conhecer quase todos os pontos turísticos da cidade, descansar um bocado e conhecer deliciosos restaurantes. Eu já havia estado em Tiradentes antes, mas não havia tido tempo de aproveitar a cidade como gostaria. Finalmente essa lacuna foi preenchida!

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Entre os pontos históricos, não deixe de conhecer o belo Chafariz de São José, um de meus xodós na cidade. Construído em 1749, ele tem três saídas de água: a do centro era para consumo humano, outra para dar de beber aos animais e a última para os escravos lavarem a roupa. No centro do chafariz, ao alto, está a imagem de São José de Botas, padroeiro dos bandeirantes e desbravadores.

O gracioso Chafariz de São José - Foto: Simone Catto

O recanto onde está o Chafariz é uma beleza! - Foto: Simone Catto

Já o passeio de maria-fumaça até São João Del Rei que fiz num sábado não valeu a pena. São 12 km e 40 minutos de viagem por um custo de R$ 50, ida e volta. Achei muito caro, sem falar que a paisagem do trajeto não empolgou, diferentemente do passeio de maria-fumaça que fiz certa vez de Ouro Preto a Mariana. O trem saiu de Tiradentes às 13h, chegou em São João Del Rei às 13h40 e, por incrível que pareça, todo o comércio do Centro Histórico daquela cidade estava fechado! Nem sinal, também, de bares e restaurantes. Não entendo por que, já que os comerciantes poderiam fazer ótimos negócios com os turistas que chegam no trenzinho! Além disso, o trem retornou às 15h, de forma que mal tivemos tempo para visitar os principais pontos históricos da cidade. Ou seja: é um passeio meio "mico".

A maria-fumaça é uma graça, mas o passeio não empolgou - Foto: Simone Catto

Quem visita Tiradentes não pode deixar de conhecer a Matriz de Santo Antônio, do século XVIII. Localizada em um dos pontos mais altos, é a igreja mais rica da cidade. Sua bela fachada foi desenhada por Aleijadinho e, em frente, há um antigo relógio de sol. Frequentada no passado pelos proprietários de terras e escravos, possui um interior ricamente decorado com detalhes dourados, tanto no altar-mor quanto nos seis altares laterais. Quase meia tonelada de ouro foi usada lá dentro, mas é proibido fotografar, mesmo sem flash.

O órgão da igreja foi construído em Portugal, entre 1785 e 1788, e restaurado a partir de 2007 em um trabalho que durou vinte meses e foi coordenado pelo alemão Gerhard Greenzig, um dos maiores especialistas mundiais no assunto. Toda sexta-feira, às 20h, há concerto de órgão na igreja e tive o privilégio de assistir a um deles com a organista Elisa Freixo.

Subindo a Rua da Câmara, já dá para avistar a Matriz de Santo Antônio ao longe - Foto: Simone Catto

A fachada da Matriz de Santo Antônio, criada por Aleijadinho - Foto: Simone Catto

Na rua da Câmara, que dá para a Matriz, fica a Câmara Municipal de Tiradentes, uma construção de 1717 que também já foi prisão. Mais para baixo, está uma bela praça com um dos seis "Passinhos", pequenas capelas espalhadas pela cidade que são abertas em dias de festividades religiosas. Cada "Passinho" contém, em seu interior, a pintura de um passo da Paixão de Cristo.

A Câmara Municipal, à esquerda - Foto: Simone Catto

A praça com um "Passinho", super bem cuidada - Foto: acervo pessoal

Tive a sorte de pegar um "Passinho" aberto, veja que beleza! Pena que, em seu interior, não havia nenhuma indicação do nome do artista que fez a pintura de Cristo no altar.

Um dos seis "Passinhos" de Tiradentes - Foto: Simone Catto

Detalhe do "Passinho" - Foto: Simone Catto

Mais simples, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, de 1708, foi construída pelos escravos para que pudessem professar sua fé, já que não eram autorizados a frequentar as mesmas igrejas que seus senhores. Os pobres homens tiveram de construí-la à noite, único período livre de que dispunham.

Fachada da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos - Foto: Simone Catto

Altar da Nossa Senhora do Rosário dos Pretos - Foto: Simone Catto

A Capela São Francisco de Paula estava fechada no dia de minha visita, mas de seu gramado temos uma bela vista da cidade, com a matriz de Santo Antônio lá no alto. Esse gramado é enfeitado por uma cruz muito bonita do ano de 1718.

A fachada singela da Capela São Francisco de Paulacom seu belo jardim - Foto: Simone Catto

A vista a partir da capela, belíssima! - Foto: Simone Catto

A cruz da Capela São Francisco de Paula, de 1718 - Foto: Simone Catto

Acho que, quando a gente se encanta por um lugar, está irremediavelmente capturado. Por isso, apesar de ter conhecido quase todos os pontos turísticos de Tiradentes, eu retornaria sem hesitar à cidade apenas para caminhar sem preocupações apreciando sua belíssima paisagem, fazer trilhas na Serra de São José e conversar com sua gente diante de uma xícara de café.

Para conhecer um pouco mais dessa cidade que sempre reserva novas e deliciosas surpresas a cada visita, clique aqui.

sábado, 22 de junho de 2013

Tiradentes, MG. Uma cidade onde o tempo parou para viver.

Eu já havia estado antes em Tiradentes, Minas Gerais. No entanto, como minhas passagens anteriores pela cidade haviam sido demasiadamente breves, não sosseguei enquanto não consegui retornar com mais calma. Foi a melhor coisa que fiz. Em minha última visita, pude absorver cada paisagem, apreciar cada cantinho no meu tempo e ainda tive a oportunidade de ter "um dedinho de prosa", com sua gente sossegada e feliz.

Vista da Ponte das Forras a partir do Largo das Mercês - Foto: Simone Catto

Fui para Tiradentes a partir do município de Brumadinho, onde havia visitado Inhotim, em uma viagem que durou cerca de três horas e meia. Desse período, as duas horas que passei pela Estrada Real (BR-383) foram deliciosas e valeram cada quilômetro. Com uma pista em cada sentido, ela está em ótimas condições de conservação e tem uma paisagem belíssima. Sem dúvida, um grande passeio! 

Foto: Simone Catto
Durante nosso trajeto, passamos por algumas cidadezinhas como Congonhas do Campo, onde está a Basílica de Bom Jesus de Matosinhos com as famosas esculturas dos 12 profetas de Aleijadinho, e também pelos municípios de São Brás do Suaçuí, Entre Rios de Minas, Lagoa Dourada e Santa Cruz de Minas, esta bem pertinho de Tiradentes.

Lagoa Dourada é conhecida como a "Terra do Rocambole" e, é claro, não iríamos perder a chance de dar uma paradinha! O 'Famoso Rocambole da Dona Mirtes do Líbano'que oferece 20 sabores do doce, fica na própria BR-383, que passa no Centro da cidade e tem uma loja de rocambole ao lado da outra. Aproveitamos para tomar um café com um rocambole de goiaba, que estava muito bom. Depois... continuamos mais felizes nosso trajeto até Tiradentes!

O nosso rocambole de goiaba com café fresquinho... nham! - Foto: Simone Catto

A lojinha da Dona Mirtes - Foto: Simone Catto

Ele, o astro rocambole! Este é de doce de leite - Foto: Simone Catto 

Tiradentes vive realmente num outro tempo, isto é, as pessoas têm outro ritmo e respeitam isso. A vida, para elas, também tem outro significado – certamente, um significado bem diferente daquele de alguém que, como eu, habita uma metrópole cada vez mais insana como São Paulo. Por tudo isso, é realmente um bálsamo ficar um período em uma cidade como aquela para desacelerar a alma e aguçar os sentidos.

Na loja de doces, fomos recebidos por este simpático casalzinho - Foto: Simone Catto

Fundada em 1702 quando os paulistas descobriram ouro na encosta da Serra de São José, Tiradentes viveu literalmente a "Idade do Ouro" durante todo o período colonial do século XVIII. O bom estado de conservação de construções remanescentes daquela época, sobretudo o casario e as igrejas barrocas concentradas no Centro Histórico, tornaram a cidade um charmoso ponto turístico que atrai casais, gente cool e amantes de arte e cultura.

O gracioso casario estilo colonial da cidade - Foto: Simone Catto

Um dia, perto do Largo do Ó, vi uma porta aberta e avistei esse cantinho gostoso. Me apaixonei pelo jardim, não resisti e tirei uma foto!

Foto: Simone Catto

Quem gosta de artesanato vai se esbaldar com as peças em pedra sabão, latão, estanho, tecido e madeira comercializadas nas lojas da cidade. Tiradentes tem, aliás, várias fábricas e lojas de móveis de madeira, um mais lindo que o outro. Por sua atmosfera tranquila e paisagens maravilhosas, também atrai artistas que a elegem como refúgio para criar e morar. Dentre eles está a simpática artista plástica mineira Valéria Lima, com quem tive o prazer de bater um papo gostoso no Centro Cultural Yves Alves (Rua Direita, 168), onde algumas de suas obras estavam à venda em uma bonita exposição.

Entre as peças exibidas, havia uma série de "Divinos", ou "Divinos Espíritos Santos", confeccionados sobre diferentes bases, como tecidos e placas de sucata de ferro. Ao invés de interferir nos materiais, Valéria prefere "ressignifcá-los", conforme suas próprias palavras, gerando um resultado delicado e harmonioso.

Um dos 'Divinos' de Valéria Lima - Foto: Simone Catto

Belas também são suas esculturas de argila fundidas em pó de ferro, bronze ou mármore. Carregadas de expressividade, são peças que se oferecem sutilmente à compreensão do nosso olhar.

Valéria Lima - 'Entorno' - Foto: Simone Catto

Valéria Lima - 'Mulher Deitada' - Foto: Simone Catto

A propósito, quando deparamos com o Centro Cultural Yves Alves, mantido pelo SESI e pelo Instituto Estrada Real, não imaginamos como ele é grande na parte interna. Trata-se de um espaço extremamente agradável emoldurado por um belo jardim, com auditório, salas de exposições e áreas para cursos e oficinas. No entanto, o lugar pareceu-me ocioso e subaproveitado. Um espaço bonito e interessante como aquele mereceria ser ocupado com uma agenda de atividades mais rica e variada para atrair não apenas os habitantes da cidade, mas também de São João del Rei, que fica a apenas 12 km de Tiradentes.

O belo jardim do Centro Cultural Yves Alves - Foto: Simone Catto

Dentre as igrejas que visitei, duas estavam fechadas para restauração: a Igreja das Mercês, no largo de mesmo nome, e a de São João Evangelista, perto da Matriz de Santo Antônio. Como era costume à época, o adro das igrejas também era local de sepultamentos, e no seu interior os personagens mais importantes da cidade eram sepultados sob o piso da nave central.

Para conhecer outras igrejas e passeios em Tiradentes, clique aqui.

O lindo e sereno Largo das Mercês - Foto: Simone Catto

Fachada da Igreja das Mercês - Foto: Simone Catto

O cemitério no adro da igreja - Foto: Simone Catto

A partir do Largo das Mercês, atravessamos a ponte das Forras, que passa sobre o Ribeiro Santo Antônio, e chegamos ao Largo das Forras, a praça central de Tiradentes. É lá que fica o "buchicho", a maioria dos bares e restaurantes da cidade. Diz-se que o largo tem esse nome porque por ali circulavam as escravas alforriadas.

Largo das Forras - Foto: Simone Catto

E numa esquininha do Largo das Forras, está a singela Capela de Bom Jesus da Pobreza - Foto: Simone Catto

Tiradentes é pequenina: em quatro dias você consegue visitar a pé as igrejas e outros pontos históricos e até fazer alguma trilha na Serra de mesmo nome. No entanto, se o seu intuito for mesmo "desligar" e descansar, vale a pena ficar mais tempo para curtir a atmosfera da cidade, aproveitar a bela paisagem com caminhadas, conversar com as pessoas e também conhecer alguns restaurantes com proposta gourmet e reconhecidos pela excelência de sua gastronomia. Feijão tropeiro, tutu mineiro e frango ao molho pardo são os grandes astros locais, mas também há espaço para pratos mais leves e delicados em algumas casas.