segunda-feira, 30 de julho de 2012

Vinhos. Vivendo, degustando, aprendendo e, principalmente... brindando!

Você sabia que 'Prosecco' é um tipo de uva, e não a denominação dos espumantes italianos? Não? Nem eu. E você sabia que os espumantes brasileiros possuem qualidade muito superior à dos Proseccos italianos oferecidos no mercado nacional? Pois é.


Essas curiosidades, aliadas a muitas outras informações interessantes sobre o mundo dos vinhos, fizeram parte da palestra sobre enogastronomia ministrada por Ricardo Castilho, diretor editorial da revista Prazeres da Mesa, na FNAC Pinheiros, sábado passado.

Ricardo Castilho
Castilho discorreu sobre safras e tipos de uva, deu dicas de harmonização de vinhos com as refeições e ainda esclareceu dúvidas da plateia em um gostoso bate-papo regado a bons vinhos. Sim, a palestra foi acompanhada de degustação de quatro rótulos diferentes: um rosé, um branco e dois tintos. Foram eles: o espumante nacional Cuvée Tradicion Brut Rosé, da Miolo, o chardonnay Gran Reserva 2011, produzido pela também nacional Casa Valduga, o Marquês de Borba 2010, um alentejano produzido com as castas aragonez e trincadeira, da J. Portugal Ramos e, finalmente, o chileno Montes Alpha 2009, com as castas cabernet sauvignon e merlot.

A seleção foi boa, pois todos os vinhos oferecidos me agradaram bastante. E, acredite, vinhos bons não precisam necessariamente ser caros. O rosé da Miolo, por exemplo, custa apenas R$ 31,00. O mais caro da degustação, o branco Gran Reserva 2011, da Valduga, sai por R$ 63,70. E os dois tintos, o português e o chileno, estão na faixa dos R$ 49,00 – preços para lá de razoáveis. Aliás, há uns três anos tive a oportunidade visitar algumas vinícolas lá no Sul, como a Miolo e a Casa Valduga, e posso dizer que me surpreendi com a qualidade de alguns espumantes que degustei por lá. Por isso, quando Ricardo diz que os espumantes nacionais não ficam nada a dever aos proseccos em termos de qualidade, realmente acredito.


E como se não bastasse o duplo prazer da palestra e da degustação, ainda fui brindada com uma assinatura semestral da Revista Prazeres da Mesa (www.prazeresdamesa.uol.com.br), que tem um conteúdo interessantíssimo para gourmets e gourmands. Lá estão excelentes matérias, notícias, eventos, entrevistas, dicas, receitas e a valiosa contribuição de colunistas como Alex Atala, Fábio Arruda, Josimar Melo e Luca Gardini, este último eleito o melhor sommelier do mundo em 2010 pela Worldwide Sommelier Association. Imperdível para quem gosta de comer bem ou tem interesse em se aprofundar na arte da gastronomia.

Só posso dizer que saí da FNAC com um desejo ainda maior de aprender sobre o maravilhoso universo dos vinhos e espero que Ricardo Castilho ministre muitas outras palestras, para que possamos aprender cada vez mais e refinar nosso paladar. Portanto... tintim ao Ricardo, à revista, à FNAC e aos amigos com quem pretendo compartilhar ótimos vinhos!

domingo, 29 de julho de 2012

Lellis Trattoria. Tradição paulistana com fartura e calor humano.

Há séculos eu não ia ao Lellis, um daqueles restaurantes que viraram "instituições paulistanas" por estarem aí há anos ou décadas atraindo gerações. Essa semana estive lá para comemorar o aniversário de uma amiga e o lugar estava cheio, apesar de ser uma quarta-feira. Todo mundo conhece, todo mundo sabe que a comida é farta e todo mundo gosta – embora, verdade seja dita, a fama que as cantinas italianas possuíam de oferecer refeições mais em conta não se justifica mais: na Lellis Trattoria, pelo menos, a "fartura" chegou também aos preços, que hoje se equiparam àqueles praticados pela média do mercado. Mas isso não parece atrapalhar a paixão que os paulistanos, com tantos descendentes de italianos, nutrem pelas cantinas, com sua variedade gastronômica, sua alegria, seus garçons bonachões e, no caso do Lellis, boa música romântica ao vivo com violino e acordeão. Sim, a música era boa, e os músicos, dois simpáticos senhores, também tocavam bem. (Porque se o som não fosse bom, quem me conhece sabe que isso seria motivo suficiente para eu não retornar ao restaurante! Felizmente, não foi o caso - muito pelo contrário).

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Quando cheguei, dois amigos já estavam lá tomando um cabernet sauvignon da Miolo. Provei, gostei e, quando o resto do pessoal chegou, acabamos pedindo outra garrafa para a mesa toda. O couvert é típico das cantinas italianas: bruschettas de alho e óleo, sardela, azeitonas pretas e berinjela temperada. Tudo de boa qualidade.  

Foto: Simone Catto

A maioria optou pelas massas, que podem ser individuais ou para duas pessoas. Pedi uma porção individual do Penne Rigatte com funghi e um tipo de molho branco com parmesão, mas veja a quantidade de comida que veio na travessa! Nem preciso dizer, é claro, que deu também para outras pessoas experimentarem! (Rs.)

O Penne Rigatte com Funghi e molho branco com parmesão: superfarto! - Foto: Simone Catto

Entre várias canções românticas que fazem parte do repertório dos ótimos músicos da casa, nós pedimos – e recebemos - "Fascinação", que ficou linda no violino e no acordeão! Me emocionei...

"Fascination"... lindo!!! - Foto: Simone Catto

Para quem não sabe, a Lellis Trattoria foi inaugurada há mais de trinta anos, em 1981, e não por acaso tornou-se uma das cantinas mais tradicionais de Sampa. Tudo começou com João Lellis, que foi para o Gigetto em 1964 trabalhar como faxineiro e galgou todas as funções possíveis em um restaurante: passou para ajudante de cozinha, cozinheiro, copeiro e, quando achou que já havia aprendido o suficiente, alçou voos mais altos, passando a trabalhar em outras casas até abrir a sua. E a julgar pela popularidade do restaurante, por sua qualidade e pelo amor dos paulistanos pelas cantinas, ele deve permanecer aí por pelo menos mais trinta anos!

Foto: Simone Catto

Só para esclarecer: o Lellis da Al. Campinas não pertence à família Lellis desde 1987 e possui um perfil diferente da cantina original, localizada à Rua Bela Cintra. Atualmente, a Lellis Trattoria possui filiais também na cidade de Campinas (SP) e Curitiba.  

Se você for turista, forasteiro, marciano e ainda não conhece a Lellis Trattoria, anote o endereço: Rua Bela Cintra, 1.429. Tels.: 3064-2727 / 3062-7699. www.lellis.com.br. Abre das 11h30 às 16h00 e das 19h à 01h, exceto sextas, sábados e feriados, quando funciona das 11h30 às 02h, ininterruptamente.

domingo, 22 de julho de 2012

Sacra Rolha Champanharia & Wine Bar. Para matar o frio sem medo de pecar.

Com o frio que tem feito em Sampa, beber um vinho de vez em quando torna-se questão de sobrevivência! Outro dia, saindo do trabalho, eu estava realmente "precisada" de um tinto para me aquecer. E lá fui eu para o Sacra Rolha, uma simpática champanharia e wine bar na Vila Mariana, ao lado de outras criaturas tão congeladas quanto eu.

Quando chegamos, havia uns corajosos sentados na parte externa.
E eu batendo os dentes de frio... - Foto: Simone Catto

A casa é pequenina e aconchegante.

Nas paredes, pôsteres franceses emoldurados. O revestimento vermelho dá um ar retrô e aquece o ambiente - adoro!
Foto: Simone Catto 

Essa mesa solitária no salão da frente é interessante para grupos maiores - Foto: Simone Catto

Como seria de se esperar, a carta de vinhos é bem respeitável, com opções de tintos, brancos, rosés, champanhes e espumantes de várias procedências para agradar a diferentes paladares, também servidos em taças. Estão lá tintos como o Santa Cristina Rosso di Toscana I.G.T. (R$ 89,00) e brancos como o argentino Alamos Malbec Rosé (R$ 55,00). As opções de champanhes e espumantes incluem desde bons nacionais como o Chandon Brut (R$ 79,00) até o lendário champanhe Dom Pérignon Brut (R$ 810,00), uma das maiores invenções francesas depois do Impressionismo e do sutiã. Por falar nisso, senti falta de mais rótulos de vinhos tintos franceses... fica a sugestão para a casa incluir mais alguns. E se alguém não estiver a fim de vinho, não há problema: pode escolher um dos drinks variados, cervejas ou destilados – inclusive caipirinha.

Ficamos nessa mesa em primeiro plano, com quatro lugares - Foto: Simone Catto

Outro ângulo de nossa mesa - Foto: Simone Catto

Ao abrir o cardápio, logo notei o Carmen Carmenère (R$ 53,00), um tinto chileno que aprecio muito pela leveza. Como as outras pessoas da mesa não o conheciam, pedimos uma garrafa para que todas pudessem experimentar.

Foto: Simone Catto

Os comes também são diversificados. E para cada item, há duas sugestões de harmonização de bebida.

Vale a pena iniciar a refeição com uma das deliciosas porções-aperitivo, como os Nozinhos Crocantes (pedaços de mussarela de búfala empanados com casquinha crocante, acompanha molho pesto – R$ 19,00), as Bruschettas de Cogumelos (torradas de pão italiano com azeite, mix de cogumelos e lascas de parmesão – R$ 22,00) e os Chicken Fingers (tirinhas crocantes de frango empanado – R$ 23,00). Numa casa especializada em vinhos, também não faltam as tábuas de frios e queijos, que são um excelente complemento para a bebida. 

Já experimentei os Nozinhos Crocantes em outra ocasião que estive no bar, e eles são realmente saborosos. Desta fez, a escolha recaiu sobre os Chicken Fingers, que também estavam ótimos. No entanto, a porção poderia ser um pouco mais generosa.

Os Chicken Fingers: crocantes e no ponto certo - Foto: Simone Catto

Se a intenção for degustar uma refeição mais reforçada, a casa tem várias opções de massas, saladas, uns poucos pratos à base de carne e um Saint Peter ao Curry que reina solitário no menu, além de quatro sabores de caldinhos. Como o frio naquela noite estava de matar, fomos de caldinho (R$ 14,00). Estávamos em quatro pessoas, e cada uma escolheu um sabor.

Fiquei com o Caldo de Feijão (caldinho de feijão carioca com bacon e torradas), mais forte, para esquentar. Estava bom, mas não maravilhoso. Achei que faltou um pouco de tempero, mas isso pode ser facilmente corrigido pela casa. Detalhe: a sugestão de harmonização para esse caldo era uma cachaça ou caipirinha de limão, mas, desta vez, desobedeci! rs.

Caldinho de Feijão - Foto: Simone Catto

Uma amiga pediu a Sopa de Tomates (guarnecida com croutons e lascas de parmesão) e adorou.

Sopa de Tomates - Foto: Simone Catto

As outras duas escolhas da mesa foram a Soup aux Oignons (sopa de cebolas com croutons e gruyère gratinado) e o Creme de Mandioquinha (leva queijo parmesão). Ambas agradaram plenamente. 

O atendimento também é gentil e a Vila Mariana, que está atraindo moradores de gostos cada vez mais sofisticados, realmente merece uma casa com esse perfil – champanharia e wine bar. Espero retornar em breve, para degustar novos vinhos e experimentar uma das massas.

O SACRA ROLHA fica na Rua Rio Grande, 304 - Vila Mariana. Tel.: 4304-0300.
Consulte a carta de vinhos e o cardápio completo em www.sacrarolha.com.br. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Parceiros de viagem. Saiba escolher para não embarcar numa fria.

No último feriado encontrei um amigo que há tempos não via e que, recentemente, voltou de uma viagem de aventura no exterior com um grupo de conhecidos. Quando lhe perguntei sobre a experiência, ele começou a descrever os bosques incríveis que conhecera, as paisagens deslumbrantes que visitara, as corredeiras onde praticara esportes radicais. Fiquei babando. Ao comentar que sua viagem devia ter sido maravilhosa, qual não foi minha surpresa, ao ouvir: -'Maravilhosa? Foi uma droga!' (Detalhe: estou usando a palavra "droga" por uma questão de decoro, mas, na realidade, meu amigo usou expressão beeem diferente!).

Levei um susto e perguntei o motivo da insatisfação. Aí ele contou que havia viajado com gente que não conhecia direito e que, por conta disso, havia pago o maior mico. Explico: as pessoas eram mal-educadas e desconheciam as normas da boa convivência num local que exigia total respeito à natureza e uma postura mais discreta e contida com relação à população nativa. O pior, disse ele, é que se tratava de uma viagem pré-programada, totalmente vinculada à prática de ecoturismo e esportes radicais e, por isso mesmo, ele não tinha sequer a opção de se separar do grupo e seguir sozinho.

Lamentei profundamente e, mais do que isso, não tive como não relembrar uma situação parecida que vivi numa viagem à Europa e que me deixou uma grande lição: viajar na companhia de pessoas que possuam gostos, educação e valores diferentes dos nossos é o caminho mais curto para uma roubada. Porque vamos falar claro: se já é difícil conviver com gente grosseira e de índole ruim em situações sociais pontuais, imagine, então, numa viagem que dura dias ou semanas. Pois é. Nessa viagem que fiz, por exemplo, havia uma "senhora" que era a prova viva de que o ser humano é descendente direto do homem de Neanderthal. Até hoje me pergunto de que caverna ela saiu.

Para começar, a dita cuja não falava, vociferava. Imagine a cena: você está fazendo compras no supermercado de uma pacata cidadezinha da França e de repente ouve alguém gritar seu nome umas dez gôndolas adiante, a altos brados, pedindo-lhe para traduzir o rótulo de um pacote de bolachas. Dali a pouco, você ouve a fina perguntar a outra pessoa do grupo, a uns trinta metros de distância, onde fica o banheiro. Mico máster. Deu dó dos sensíveis ouvidos locais submetidos àquela trombeta do Apocalipse.

E isso não era nada comparado com algo ainda pior: a infeliz não respeitava as leis de trânsito das estradas europeias, dirigia em altíssima velocidade e ainda respondia com grosserias quando alertada sobre o perigo. Sentiu o drama? Pois é. O único problema é que a ogra não estava sozinha no carro. Porque vamos e venhamos: se a criatura quisesse se matar, problema dela. Mas que fizesse isso sozinha e poupasse a civilização à qual NÃO pertence, certo?

Esses foram apenas alguns dos tristes episódios do show de horrores perpetrado por alguém que não possuía a menor noção de civilidade, não sabia se comportar em lugar algum e ainda por cima era a encarnação da negatividade. Aliás, cá entre nós: aquilo não era uma mulher, era uma perturbação! (Digo "era", porque - Deus é pai! - nunca mais trombei com a criatura e, no que depender de mim, isso nunca mais acontecerá! rs.) Nem é preciso dizer, naturalmente, que a digníssima "senhora" não demonstrava o mínimo interesse pela cultura, pela arte e tampouco pela história dos encantadores locais que visitamos. Porque vamos combinar: ninguém nasce sabendo, mas os espíritos minimamente iluminados sentem pelo menos uma centelha de curiosidade em aprender algo novo e extrair algum ensinamento de uma viagem – ainda mais uma viagem à Europa! Esse triste desinteresse cultural, diga-se de passagem, não era exclusividade da dita cuja - infelizmente, era também característica de outras pessoas do grupo. Pelo menos aí tive mais sorte que meu amigo: pude me separar ocasionalmente dos demais para visitar, vivenciar e, principalmente, sorver com todos os meus sentidos a beleza, o encanto e os detalhes de lugares tão ricos em história e civilização.

É evidente que, tivesse estado eu em melhor companhia, minha viagem teria sido muito mais rica e proveitosa por eu poder compartilhar, com pessoas afins, minhas opiniões e impressões sobre tantas coisas interessantes. Salvaram-me minha infinita curiosidade, uma sensibilidade para o belo que tantas alegrias me traz e, sobretudo, o desejo de aprender cada vez mais.

Nós sabemos que, muitas vezes, é somente na convivência que passamos a conhecer verdadeiramente as pessoas – para o bem ou para o mal. Mas há alguns sinais, emitidos pelo outro, que já nos dão algumas pistas de que a pessoa não é legal ou não tem nada a ver com a gente. O problema é que, em nossa boa-fé, muitas vezes não queremos enxergar esses sinais e damos um "desconto", acabando por relevar e estragar momentos que poderiam ser muito mais prazerosos.

Portanto, fica a dica. Quando embarcar para sua próxima viagem, seja no Brasil ou no exterior, escolha bem seus parceiros. Se você é amante de esportes radicais, por exemplo, não faz sentido viajar com alguém que perde o fôlego no primeiro quarteirão. Se você gosta de arte e museus, não viaje com quem só quer saber de fazer compras ou, o que é pior, só viaja para postar as fotos no Facebook e exibir como é... hã?... "feliz". E, principalmente, se você é uma pessoa educada e do bem, desconfie de quem não tem modos ou classe e perde facilmente o controle, tratando os outros com grosseria. O negócio é usar o bom senso. Fique atento aos sinais alheios, escolha bem seus companheiros e... boa viagem!!!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

'Para Roma com Amor', de Woody Allen. Humor inteligente e ironia fina num belo cenário.

Woody Allen nunca decepciona. Na maioria das vezes faz filmes brilhantes, outras vezes menos, mas sempre sai coisa boa. É o caso da comédia Para Roma com Amor, atualmente em cartaz em São Paulo. Apesar dos clichês, é um filme que diverte e tem uma bela fotografia. Para início de conversa, logo de cara somos capturados pelo humor inteligente dos diálogos e pela ironia fina típicos do diretor que aqui também nos brinda com sua atuação no papel de Jerry, um produtor cultural ranzinza inconformado com a aposentadoria.                                                                                                                  
                                                                      
O filme narra quatro histórias paralelas. Em uma delas, Jerry e a esposa psiquiatra (Judy Davis) viajam a Roma para conhecer Michelangelo (Flavio Parenti), o noivo italiano da filha. As cenas com as duas famílias, a italiana e a americana, são marcadas pelas tiradas ácidas e divertidas de Jerry. Ocorre que este ouve Giancarlo (Fabio Armiliato), pai de Michelangelo, cantando no chuveiro e fica maravilhado com sua linda voz de tenor. A partir daí, torna-se obcecado com a ideia de transformar o homem, que é agente funerário, num cantor. O grande problema é que Giancarlo só canta bem no chuveiro, o que leva Jerry a propor uma solução tão estapafúrdia quanto divertida - embora previsível.

Numa das cenas iniciais do filme, os pais da noiva conhecem o pai do noivo, o agente funerário que solta 
o gogó no chuveiro.

O homem tem um vozeirão que só funciona debaixo d'água... rs.

Em outra história, temos Leopoldo Pisanello (Roberto Benigni, ótimo!), um pequeno burguês, homem comum que, de uma hora para outra e sem saber por que, vira celebridade e passa a ser perseguido por uma legião de repórteres e paparazzi. Ao ser abordado, o perplexo homenzinho ouve perguntas do tipo 'O que o senhor comeu no café da manhã?', 'Que tipo de cueca usa?' etc. É como se Woody Allen ironizasse, nessa situação absolutamente nonsense, a falta de sentido na forma como determinadas pessoas têm tanto interesse em bisbilhotar a vida alheia, por mais medíocre que esta seja. Estão aí os reality shows e o Facebook para comprovar! Além disso, vejo aí uma crítica sutil (ou talvez nem tão sutil assim...) à indústria das celebridades instantâneas e pré-fabricadas – gente alçada à fama pela mídia sem ter feito absolutamente nada de relevante e que, naturalmente, desce tão rápido quanto subiu.

Benigni, hilário como o homenzinho que fica famoso de uma hora para outra sem razão alguma e foge como louco dos paparazzi.

A terceira trama mostra um casal recém-casado do interior da Itália (Alessandro Tiberi e Alessandra Mastronardi) que está em Roma para prospectar uma nova oportunidade de trabalho para o marido. Até que a esposa sai do hotel para ir ao cabelereiro, perde-se nas ruas da cidade e uma prostituta, interpretada por Penelope Cruz, entra por engano na suíte do casal. Está armada a confusão.

Penelope Cruz está lindíssima como a prostituta de luxo que, sem querer, bagunça a vida do rapaz.

E por fim, a quarta história retrata um jovem arquiteto (Jesse Eisenberg) que mora com a namorada (Greta Gerwig) em Roma e encontra, próximo à sua casa, um famoso arquiteto americano (Alec Baldwin) que, em visita à Itália com sua esposa e um casal, resolveu se separar do grupo por desejar fazer um passeio diferente. Em determinado momento, a fantasia mistura-se com a realidade e Baldwin parece invisível, atuando como uma espécie de "anjo da guarda" e conselheiro amoroso do rapaz. Achei essa história um tanto insossa, mas ela não chega a prejudicar o filme, que merece ser visto por todo mundo que aprecia humor inteligente e ironia sutil. 

Baldwin, na pele do arquiteto que prevê confusão...

PARA ROMA COM AMOR (EUA/Itália/Espanha/2012 - 102’) está em cartaz no Cine Livraria Cultura, Reserva Cultural, Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca, Eldorado Cinemark, Playarte Bristol e muitas outras salas de Sampa.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Canto Madalena. Ótimas cachaças e quitutes regionais com jeito de casa da vovó.

O Canto Madalena é um daqueles bares onde eu realmente me sinto em casa. Ele fica meio escondidinho, ao final de uma rua da Vila Madalena, e essa localização também contribui para o seu charme.

Foto: Simone Catto

Estive lá várias vezes, inclusive na semana passada, e sempre tive a melhor das impressões. A generosidade do cardápio, aliada ao ambiente informal, ao atendimento hospitaleiro e à decoração over, colorida e descolada que mistura móveis de casa de vó, eletrodomésticos vintage e artesanato brasileiro me conquistaram desde a primeira vez que pus os pés ali. E olhe que faz tempo!

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Um casal sentou-se nessa mesinha logo depois que chegamos. Notei que ambos
pediram um caldo de feijão que parecia muito bom! - Foto: Simone Catto

A casa é bem ampla e tem vários ambientes. Repare na geladeira amarela das fotos abaixo, sabe-se lá de que década! Será 60? 70? Não sei. Só sei que, não faz muito tempo, todo mundo se livrava dessas coisas antigas, e agora olhe aí... voltaram com tudo, dão um charme extra à decoração e, se bobear, devem até custar caro! 

Foto: Simone Catto

E o que dizer da toalha de crochê com jeito de nonna? Tudo de bom!

Foto: Simone Catto

Essa luminária feita de bonequinhas artesanais está em vários ambientes. Uma graça!
Foto: Simone Catto

No salão dos fundos, outra geladeira, agora vermelha, lembrou uma que minha mãe tinha em casa quando eu era criança. Repare no móvel antigo, um charme! E nas mesas, mais crochê contribui para a sensação de aconchego.

E aí? Parece ou não parece casa de vó??? - Foto: Simone Catto

Outro ângulo do aconchegante salão dos fundos - Foto: Simone Catto

Além dos quitutes regionais nordestinos, como a porção de acarajé e o arrumadinho (carne-seca desfiada com feijão-de-corda, vinagrete, couve e arroz), o bar serve feijoada na cumbuca aos sábados. Sem mencionar as dezenas de petiscos, pratos e os mais de duzentos rótulos de cachaça que ficam expostos nas prateleiras. Tudo a preços justos, diga-se de passagem.

A prateleira de cachaças no meio do salão deixa o décor ainda mais interessante!
Foto: Simone Catto

Nessa última vez em que estive lá, pedi, logo de cara, uma caipirinha de Cristalina – cachaça que eu não conhecia e que o garçom sugeriu quando lhe indaguei sobre as cachaças de menor teor alcoólico. Adorei!

A caipirinha de Cristalina estava ótima! (R$ 16,50) - Foto: Simone Catto 

Para acompanhar, fomos de petiscos. Começamos com a porção "Eu + Tu", com oito pasteizinhos especiais de dois sabores: metade de palmito com alho-poró e metade de queijo coalho com cebola roxa. Difícil dizer qual o mais gostoso... o "Eu" ou o "Tu"!!! ("Eles", com certeza, é que não eram! rsrs...)

A excelente porção de pastéis "Eu + Tu" (R$ 19,50 - 8 unidades) - Foto: Simone Catto

Na sequência, a gostosura continuou com a porção de bolinhos de arroz, que também estava muito boa.

Os bolinhos de arroz: tentadores, não? (R$ 19,20 - 10 unidades) - Foto: Simone Catto

Saleiro e paliteiro feitos com latas de cerveja e refrigerante: criativos e econômicos! - Foto: Simone Catto

O fato é que o Canto Madalena parece nunca decepcionar a clientela e, por isso mesmo, atrai pessoas de diferentes perfis - mas gente cool e interessante. Nada de "periguetes" e aquele estereótipo de baladeiro da Vila Olímpia – felizmente, esses tipos passam bem longe dali! Próxima à minha mesa, por exemplo, havia outra com meia dúzia de francesas elegantes e descoladas (adivinhe se estavam tomando caipirinhas?? Rsrs...) Ao lado, havia um casal jovem. E numa outra mesa, ainda, dois senhores com pinta de intelectuais, um deles usando uma elegante boina, tomavam cerveja e conversavam animadamente. A minha cara.

É por tudo isso que eu adoro o Canto Madalena e nunca me canso de lá. Quer ir também? Anote o endereço: Rua Medeiros de Albuquerque, 471 – Vila Madalena. Tel.: 3813-6814 - acho que a casa não tem site, pois procurei no Google e não achei. Abre de terça a sexta-feira das 18h à 1h, aos sábados e feriados das 12h à 1h e domingos das 12h às 18h.