segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um Método Perigoso. Freud, Jung, sexo e neurose na telona.

Sexo rende. Dá o que falar. E no caso do filme Um Método Perigoso, de David Cronenberg, dá muito o que pensar. Ainda mais quando por trás desses pensamentos estão Freud e Jung, os dois gênios da psicanálise.

Tudo começa quando a jovem Sabina Spielrein (a ótima Keira Knightley), uma judia russa de família abastada, é internada num hospital psiquiátrico da Suiça em 1904 para se tratar de ataques histéricos. Lá é atendida pelo jovem Gustav Jung, o discípulo de Freud que, além de constatar as tendências masoquistas da moça, descobre que elas remontam à mais tenra infância, no prazer físico que a menina extraía das surras do pai. Assim, trata a paciente com bem-sucedidas sessões de psicanálise.

Jung e Sabina nas sessões de psicanálise.

Jung e seu mentor Freud em uma de suas conversas longas e intelectualmente instigantes.

Dr. Jung é interpretado por Michael Fassbender, o mesmo ator que, curiosamente, protagonizou o último filme que resenhei neste blog, 'Shame', que também aborda um desvio sexual. Coincidência? A julgar pelas teorias do dr. Jung, pode não ser simples coincidência...

Sabina Spielrein realmente existiu. Foi paciente de Jung em 1904 e 1905, estudou medicina e tornou-se posteriormente assistente do médico, antes de filiar-se a Freud (Viggo Mortensen). Assim como na vida real, no filme Sabina torna-se amante de Jung, um burguês "respeitável" casado com Emma (Sarah Gadon), uma mulher bela, doce e igualmente rica que não sossegou enquanto não lhe deu um filho homem. Sabina é o contraponto "selvagem" e intelectualmente estimulante que incendiou a libido do médico nesse affair duplamente ilícito: tanto do ponto de vista da ética médica quanto da ética social.


Carl Jung e a esposa Emma.

O filme mostra o momento em que Freud e Jung começaram a divergir, até o rompimento final. Freud acusou Jung de abraçar o misticismo e afastar-se da ciência. Além disso, o judeu supostamente invejaria a riqueza do colega "ariano". Jung, por sua vez, ressente-se da inflexibilidade do mestre e também de sua recusa em lhe contar um sonho que havia tido, alegando que isso "acabaria com sua autoridade".

Freud e Jung em suas caminhadas em Viena (quisera eu fazer caminhadas diárias num cenário desses!)

Graças às sessões de psicanálise às quais havia sido submetida, Sabina, após compreender e aprender a lidar com seus instintos sexuais masoquistas, torna-se médica e uma brilhante teórica da psicanálise. É atribuída a ela, inclusive, a formulação pioneira da teoria da pulsão de morte. Sabina casa-se e aparece, ao final do filme, grávida e bem-ajustada. Contudo, o amor que nutria pelo médico e que este também sentia por ela aparentemente permanecia lá, escondido e inabalável. Impediram-no as convenções sociais e a necessidade de se manter o status quo.

O cenário romântico e idílico é apenas pano de fundo para a relação amorosa sadomasoquista entre médico e paciente.

Sabina Spielrein, na vida real, acabou assassinada por nazistas numa igreja russa, em 1942, ao lado de suas duas filhas. Aliás, a ferida do antissemitismo, que culminou no holocausto da II Guerra Mundial, está presente nas entrelinhas em todo o filme, e às vezes de forma não tão sutil assim. Em determinado momento, por exemplo, o ariano Jung diz a sua paciente: "Os anjos falam alemão". Em outro, o judeu Freud diz a Sabina que fica feliz por ela desistir de seu "príncipe ariano Siegfried", fazendo alusão à ópera de Wagner.

O trio na vida real: Carl Jung, Sabina Spielrein e Sigmund Freud.

Com produção do Reino Unido, Alemanha, Áustria e Canadá, Um Método Perigoso tem uma fotografia belíssima e excelente reconstituição de época. Eu, particularmente, tenho uma predileção por dramas de época, sobretudo os europeus. A temática fascinante, aliada ao apuro técnico, à sensibilidade do texto, à expressividade dos atores e à beleza da fotografia, mais do que justificam uma ida ao cinema.

Mas corra, porque UM MÉTODO PERIGOSO está atualmente em poucas salas, entre elas o Espaço Unibanco 1 e Playarte Bristol 3 – UOL. 

domingo, 29 de abril de 2012

Athenas Café Restaurante. O berço da democracia é aqui!

É café? É. É restaurante? É. É bar? Também é. O Athenas Café Restaurante, na esquina da rua Augusta com a Antônio Carlos, é tudo isso e ainda um ponto de encontro de gente cool de todas as idades. Há quem saia do Espaço Unibanco de Cinema, a poucos metros dali, e vá fazer uma ‘boquinha’ por lá. Outros saem do trabalho, na av. Paulista, e param no Athenas para uma happy hour. Moradores de Cerqueira César e da Consolação também frequentam o lugar para jantar, e o pessoal dos escritórios encontra um almoço farto e delicioso a preços justos. O fato é que no Athenas dá de tudo: grupos de amigos, funcionários de empresas da região, casais, descolados, gays, héteros, jovens e gente mais velha. Não é para menos. A casa não é democrática só na hospitalidade e no cardápio, é no horário também! Funciona todos os dias, das 7h da manhã até as 2h30 da madrugada.

Sempre concorrida, a casa estava lotada naquela tarde de sábado - Foto: Simone Catto

Foto: www.athenasrestaurante.com.br.

O lugar é bem arejado, com pé direito alto, mesinhas de madeira e alguns recantos com poltronas e sofazinhos para quem prefere mais privacidade. Fiquei numa mesa redonda para seis pessoas, num ponto estratégico e aconchegante da casa.

Foto: www.athenasrestaurante.com.br

Foto: www.athenasrestaurante.com.br

A área dos fundos, com poltronas e sofazinhos, é a mais aconchegante. Foi lá que ficamos! - Foto: Simone Catto

Já aqueles que não se importam com o barulho da rua Augusta podem sentar-se em uma das concorridas mesas ao ar livre, na lateral do restaurante.

Foto: Simone Catto

Quem aparece para o café da manhã encontra cafés variados, sucos, cestas de pães, tostex, omeletes, iogurtes e muitos outros itens saborosos. A turma da happy hour pode optar pelos bolinhos de queijo, carne ou bacalhau, picanha aperitivo e pastéis, entre outras porções. A carta de bebidas é bem extensa, com drinks variados, chopes, cervejas, caipirinhas, coquetéis, tequilas e whiskies, entre outras tentações etílicas.

A porção de bolinhos (acho que esses são de queijo!) - Foto: www.athenasrestaurante.com.br

Quem preferir um sanduíche pode pedir uma versão mais simples e tradicional ou outra mais elaborada, que acompanha fritas e é servida na baguete, ciabata ou pão integral. Veja, abaixo, o tamanho do sanduíche Mikonos (filé de frango grelhado com queijo prato, bacon tostado, alface, tomate e maionese). Uma verdadeira refeição!

Sanduíche 'Mikonos' - Foto: www.athenasrestaurante.com.br

Todos os grelhados, sejam peixes, carnes ou aves, são precedidos de uma saladinha verde com azeitonas e tomates cereja. Ao almoçar lá, no sábado passado, pedi um dos pratos do dia, o Paillard de Filé Mignon com Risoto de Funghi. O tamanho do filé era generoso, a carne estava macia e o risoto também estava bem-feito e saboroso. Um ótimo pedido! Aliás, diga-se de passagem: todos os pratos que já experimentei lá são bem servidos.

'Paillard de Filé Mignon com Risoto de Funghi' - Foto: Simone Catto

Todo o resto da mesa optou pelo Moussaká, tradicional receita grega que consiste num gratinado de berinjelas, carne moída e batata coberto com molho bechamel.

O 'Moussaká' também agradou! - Foto: Simone Catto

Fazendo jus ao nome, a casa oferece outras especialidades gregas, tais como o Psari Plaki (bacalhau fresco ao forno com rodelas de tomate e cebolas caramelizadas, acompanhado de arroz branco e brócolis) e a Salada Caesar com Calamares (folhas verdes, tomate cereja, molho caesar e calamares à dorê).

'Salada Caesar com Calamares' - Foto: www.athenasrestaurante.com.br 

No quesito "bebidas", a caipirinha de limão com Espírito de Minas caiu maravilhosamente bem naquela tarde de sábado! Duas pessoas da mesa pediram a caipiroska de tangerina com pimenta rosa – não me aventurei a experimentar, mas me disseram que estava boa!

A caipirinha de Espírito de Minas estava mesmo 'espirituosa'! Rs. - Foto: Simone Catto

O atendimento do Athenas também é eficiente, discreto e atencioso – nunca tive problemas por lá. Além do mais, a casa serve até o último cliente.

Portanto, se você estiver na região da Augusta e Consolação e quiser comer em um ambiente agradável, com variedade, qualidade e preços justos, o Athenas Café Restaurante é o lugar! Lembrando que a casa abre todos os dias, das 7h da manhã até as 2h30 da madrugada e serve até o último cliente. Endereço: R. Augusta, 1449 (esquina com R. Antônio Carlos) – tel. 3262-1945 – www.athenasrestaurante.com.br. Apareça por lá! 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

'Amargo Siciliano', um Pirandello acessível em curtíssima temporada do Grupo Tapa.

São Paulo pode ter o defeito que for, mas que é democrática, é. Além de oferecer um leque inesgotável de atrações culturais, ainda tem opções para todos os bolsos. Veja o caso do teatro, por exemplo. Quem aprecia pode assistir desde uma mega (e cara) produção musical como Um Violinista no Telhado, que pude conferir algumas semanas atrás (veja resenha aqui no blog!), até espetáculos a preços populares como a peça Amargo Siciliano, baseada em textos de Luigi Pirandello (1867-1936) e encenada pelo Grupo Tapa, à qual assisti no fim de semana.

Só não entendi por que o teatro não lotou, já que o italiano Pirandello é um escritor mais do que consagrado, detentor de um Nobel de Literatura e autor de Seis Personagens à Procura de um Autor, uma das peças que deram origem ao teatro contemporâneo. Sem falar, é claro, que o Grupo Tapa é um dos mais festejados do Brasil e a entrada inteira para a peça custa só R$ 20,00! Será que não houve divulgação suficiente? Ou será que o clima "borocoxô" do fim de semana espantou o público? Seja o que for, faço questão de dar minha contribuição para divulgar o que é bom!

O ator Tony Giusti, protagonista das duas histórias.

Em sua versão atualmente em cartaz no Teatro João Caetano, na Vila Mariana, Amargo Siciliano é baseada nos contos Limões da Sicília e O Dever de Médico, duas obras que mostram, com eloquente simplicidade, a capacidade do autor de utilizar histórias dramáticas para relativizar os fatos, sempre com o apoio de certa dose de um humor amargo.

Limões da Sicília conta a história de um músico que mora no campo e parte para a cidade em busca de seu amor de juventude, agora transformada numa célebre cantora graças à sua ajuda, e sua decepção ao constatar, no reencontro com a moça, que a jovem inocente de outrora dera lugar a uma mulher que ele não reconhece mais.

Na outra peça, O Dever de Médico, um homem é surpreendido pelo marido de sua amante, acaba por matá-lo ao se defender, sobrevive a uma tentativa de suicídio por obra dos esforços de um médico e julga-se merecedor de se livrar da Justiça por já ter-se punido o suficiente.

Fernanda Viacava, a outra protagonista.

Dirigido com mão firme por Eduardo Tolentino de Araújo, fundador do Grupo Tapa, e Sandra Corveloni, o elenco conta com atores extremamente expressivos, incluindo os protagonistas Tony Giusti (também tradutor da peça) e Fernanda Viacava, e ainda Bruno Barchesi e Daniel Volpi, entre outros.

Se você aprecia um bom teatro, portanto, não deixe de assistir a AMARGO SICILIANO! E se não for assistir, divulgue!

A peça, que tem 60 minutos de duração, estará em cartaz só até o próximo fim de semana (dia 29/4) no Teatro João Caetano – rua Borges Lagoa, 650 – Vila Mariana. Tel.: 5573-3774. A entrada inteira custa R$ 20,00. Anote os horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 19h. Classificação: 16 anos. 

domingo, 22 de abril de 2012

Margherita. Excelente pizza e astral no coração dos Jardins.

De uns tempos para cá, toda vez que "bate" aquela vontade de comer uma pizza das boas, a Margherita tem sido minha escolha. Uma das pizzarias mais tradicionais de São Paulo, a casa nasceu em 1981 e está instalada, desde o princípio, na mesma esquina da Al. Tietê com a rua Haddock Lobo, um dos pontos mais vibrantes dos Jardins. Na esquina em frente está o Café Paris 6, ao lado do bistrô homônimo que funciona 24 horas (veja resenha do Bistrô aqui no blog!).

Foto: www.margherita.com.br

Para começar, a pizza da Margherita é excelente. A massa tem espessura média, mas pode ser mais fina se o cliente assim o desejar. Os recheios são fartos, feitos com ingredientes da melhor qualidade. Da última vez em que lá estive meu grupo pediu a pizza que batiza a casa, a Margherita (mozzarella, molho de tomate, parmesão e manjericão), e outra meia Peperoni alla Gorgonzola (mozzarella molho de tomate, peperoni, gotas de gorgonzola e cebola) e meia Roma (mozzarella, molho de tomate, filés de Alici e azeitonas pretas). Estavam deliciosas. A carta de vinhos é extensa, mas decidimos pela jarra de sangria, um dos hits do lugar. Demos cabo de duas sem perceber!

Desta vez não tirei fotos porque a conversa estava animada, as pizzas estavam longe de onde eu estava e, quando me toquei... já era!! Rs... Além do mais, o lugar estava lotadíssimo, muita gente não gosta de sair em fotos alheias e, é óbvio, temos de respeitar.

O 'Petit Gateau de Paris' - Foto: www.margherita.com.br
Na hora da sobremesa, dividi um Petit Gateau de Paris com outras pessoítas, já que ninguém conseguiria comer um inteiro... rs. Aliás, a sobremesa também estava ótima.

O ambiente da casa é amplo, arejado e, ao mesmo tempo, aconchegante por causa das cores quentes e da iluminação alaranjada. Além do salão principal, embaixo, há também um superior que pode ser usado para eventos. Normalmente, prefiro sentar no salão anexo ao principal, mais comprido e estreito, porque é lá que ficam as janelas que dão para a Haddock Lobo. Uma antessala é utilizada como área de espera, já que a pizzaria é concorrida mesmo durante a semana (já cheguei a aguardar mais de meia hora em plena terça-feira!).

O salão principal - Foto: www.margherita.com.br.

Na última vez, cheguei antes de meus amigos e tive a sorte de pegar uma mesinha no salão de espera enquanto aguardava. Pedi uma margarita – o drink, não a pizza – e fiquei lá bebericando e observando as pessoas. O espaço ficou lotado, inclusive com muita gente em pé, mas, como o local é grande, a rotatividade também é alta. Logo chegaram mais duas pessoas do grupo e, quando já havíamos nos instalado numa agradável mesa para seis, chegou o outro casal.

 Repare na adega envidraçada, que confere um charme extra à antessala de espera. 
Foto: www.margherita.com.br

Além da qualidade das pizzas, do ambiente caloroso e do atendimento, que normalmente é bom, um grande diferencial da pizzaria é o fato de ela não fechar nunca. A casa abre de domingo a domingo, sempre pronta a acolher os amantes da boa pizza com muito alto-astral.

Anote aí: a Pizzeria Margherita fica na Alameda Tietê, 255 – Jardins (www.margherita.com.br)  e funciona de segunda a quinta-feira, das 18h30 à 1h00, e de sexta a domingo, das 18h30 à 1h30. Se você ainda não conhece, está na hora de conhecer! 

sábado, 14 de abril de 2012

New's, a lanchonete que passou dos 40 esnobando a 51.

Eu me lembro que, ainda criança, sempre que passava pela Av. 23 de Maio em direção à minha casa, a grande placa da lanchonete New’s chamava minha atenção e despertava minha curiosidade. Fundada em 1970, a casa chamava-se, àquela época, New Lareira's. Na década seguinte, mudou-se para outro endereço na mesma rua Joinville, na Vila Mariana, e passou a se chamar New’s Lanchonete. Foi aí que, um pouco mais crescidinha, comecei a frequentar o lugar.

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Muito conhecida no bairro, a New’s tem de tudo um pouco: além das quase vinte opções de sanduíches típicos de lanchonete, tem também algumas saladas, pratos feitos no capricho e algumas porções. O ecletismo do cardápio veio bem a calhar noite dessas, quando estive lá e cada um pediu uma coisa: eu dividi uma porção de Filet Aperitivo acebolado que estava ótima: farta, com a carne macia e bem feitinha. Outro pedido foi o Filet à Parmegiana. E outro, ainda, foi a enorme Tuna Fish Salad, com alface romana, cenoura, tomate e atum. 

O filé aperitivo veio no capricho - Foto: Simone Catto

A salada de atum, já "desfalcada" por uma boquita faminta... rs. - Foto: Simone Catto 

Há uma falha, porém, que considerei tão grave que vou até escrever em negrito e letras maiúsculas: A NEW’S NÃO SERVE CAIPIRINHA DE CACHAÇA, ACREDITE SE QUISER! No país da caipirinha, onde já se viu uma lanchonete com essa história e essa tradição, verdadeira instituição no bairro, não ter caipirinha de cachaça? Como diria a loira do reality show das pobres mulheres ricas... "Hello, né???"

A "caipiríssima", que de "íssima" só tem o tamanho
e a sem-gracice, já que não leva cachaça.
Foto: Simone Catto
Eu já havia mencionado essa falha ao garçom numa outra ocasião em que lá estive, agora tornei a repetir – coincidentemente, para o mesmo garçom –, mas algo me diz que eles preferirão continuar tomando vodka a tomar uma providência. Até agora estou me perguntando o que será que a New’s tem contra a cachaça. Será alguma promessa do proprietário? Ou será que, quando bebê, ele bebeu Tatuzinho pensando que fosse Tang e ficou traumatizado?  

É por isso que, na próxima vez que "bater" a vontade de um lanche perto de casa e regado a caipirinha, não é para lá que vou. Sacrifico o lugar pela caipirinha, mas não a caipirinha pelo lugar. E tenho dito!

Se você também é do tipo que esnoba a cachaça, o endereço da New's Lanchonete é rua Joinville, 377, esquina com a rua Pirapora – Vila Mariana. Tel.: (11) 3884-2138 - www.newslanchonete.com.br

terça-feira, 3 de abril de 2012

'Shame'. Um filme sombrio sobre sexo sombrio praticado por gente sombria.

O próprio nome, 'Shame', já prenuncia o estado de espírito que assombra o protagonista durante todo o filme dirigido por Steve McQueen. A palavra, em inglês, significa 'vergonha'. E Brandon, o protagonista, é um executivo bem-sucedido de Nova York, nascido na Irlanda, que possui um único vício: sexo, muito sexo.

Michael Fassbinder interpreta 'Brandon', o executivo viciado em sexo

Interpretado por Michael Fassbender, Brandon é do tipo que nem no horário de trabalho consegue frear seu impulso de acessar sites pornográficos na Internet e, vira e mexe, corre para os banheiros da empresa para dar vazão à sua libido incontrolável. Consumidor voraz de vídeos e revistas pornôs, cliente assíduo de prostitutas e strippers com webcams, o atormentado personagem sabe que seu vício está escapando ao controle, mas, como todo e qualquer adicto, não consegue deter sua compulsão.


Um dia, sua irmã mais nova, Sissy (interpretada por Carey Mulligan), chega de surpresa e hospeda-se em seu apartamento após uma decepção amorosa. Sissy é jovem, trabalha como cantora, tem personalidade extremamente frágil e uma transbordante carência afetiva. Desde que entra em cena, fica patente que sua autoestima está no rés do chão e que seu equilíbrio emocional é próximo de zero. A confusão da vida da moça tem paralelo no caos que deixa pelo apartamento do irmão, enfurecido ao retornar do trabalho e encontrar, invariavelmente, roupas, drogas e pratos de comida espalhados pelo chão. Sissy intui que há algo de muito errado com os hábitos sexuais de Brandon, mas, como não tem maturidade e nem forças sequer para gerir a própria vida, não tem como ajudar o irmão.

A bela Carey Mullingan interpreta 'Sissi', a irmã cantora e desajustada  do protagonista.

Brandon, por sua vez, não consegue se envolver emocionalmente com ninguém. Quando, num determinado momento, começa a sair com uma colega da empresa onde trabalha e dá mostras de estar se envolvendo, algo acontece: no momento em que teriam a primeira relação sexual, Brandon simplesmente "trava" na hora “H” e não consegue ir adiante. Em suma: só consegue ter prazer sexual se não houver envolvimento emocional, o que se torna fonte de permanente sofrimento. E assim o personagem prossegue com sua triste e viciosa sina, saindo à caça de sexo com desconhecidos, sem escolher hora nem lugar. 

Brandon e a colega Marianne (interpretada por Nicole Beharie), com quem é incapaz de se envolver emocionalmente.

A atmosfera, a fotografia e a direção de arte do filme são lúgubres e sombrias, compatíveis com o estado de espírito de seus personagens. Durante todo o tempo, portanto, lidamos com dois embates: o de Brandon com seu vício e o de Brandon com sua irmã. Temos a permanente contraposição dessas duas criaturas doentes e infelizes, Brandon e Sissy, irmãos oriundos de algum lugar da Irlanda que não sabemos qual é, mas que sabemos se tratar de "um lugar muito ruim".

'Brandon' e sua irmã 'Sissy'

Por fim, o filme não nos apresenta nenhum desenlace, nenhuma conclusão, a não ser a da derrota e do mais absoluto desalento de seus tristes personagens.

Meu conselho: se você estiver deprimido(a), não assista a 'Shame' sob risco de sair pior do que entrou! Mesmo porque, apesar das soberbas interpretações de Michael Fassbinder e Carey Mulligan, que estão magníficos no papel do atormentado casal de irmãos, senti que falta algo no ritmo e no enredo do filme. De qualquer forma, nada melhor do que conferir pessoalmente e tecer sua própria opinião.

'Shame' está em cartaz no Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca 9 e no Espaço Unibanco Augusta 4, entre outras poucas salas. 

domingo, 1 de abril de 2012

Restaurante Spot. 'Trendy' por quase vinte anos.

Fazia tempo que eu não ia ao Spot, perto da Av. Paulista. Estava com saudade daquele burburinho e da atmosfera do lugar. Felizmente, sempre encontro gente agradável e cheia de disposição que, como eu, gosta de sair, viajar, ir ao cinema, ao teatro, experimentar lugares novos e também revisitar os velhos e bons lugares que se destacam de alguma maneira. É aqui que se enquadra o Spot, ao qual retornei para jantar em ótima companhia.

Foto: www.restaurantespot.com.br

Eu arriscaria dizer que poucos restaurantes, em São Paulo, têm conseguido se manter "in" por tanto tempo. Inaugurado há dezoito anos, o Spot desde o princípio atraiu o pessoal da moda, artistas, modelos, jornalistas, publicitários, descolados em geral e bem-sucedidos empresários e profissionais liberais. Quase vinte anos se passaram, e a casa continua atraindo o mesmo tipo de público. Qual será que o segredo? Será a localização?

Para quem não sabe, a lateral do Spot dá para aquela charmosa praça com chafariz que fica nos fundos do prédio da Caixa Econômica, cuja frente está na Av. Paulista. E como o restaurante é todo envidraçado, a vista torna-se um atrativo extra, conferindo ao lugar um ar cosmopolita.

Foto: www.restaurantespot.com.br

Mas fique esperto: se você chegar depois das 20h30, dificilmente não pegará uma grande fila de espera para jantar. Eu cheguei antes das 21h e demorei uma hora para conseguir mesa. Ainda bem que, àquele horário, ainda havia alguns bancos e mesinhas vagos na lateral externa, com vista para a praça, próprios para as pessoas bebericarem ou petiscarem algo enquanto aguardam.

A terrine, imbatível! - Foto: www.cesargiobbi.com
Para beber, pedi uma margarita (aliás, posso dizer que ultimamente esse drink refrescante tem ganhado a minha preferência em boa parte das minhas saídas!). 
E para petiscar, nada poderia ter sido melhor que a deliciosa Terrine de Queijo de Cabra e Legumes, um dos hits gastronômicos do lugar, que leva queijo de cabra, pimentão vermelho, berinjela, azeitonas pretas, molho de salsinha e alho. Acompanhada de uma cesta de pães, a terrine estava maravilhosa. Junto com os drinks, a vista e a conversa, ajudou a amenizar nossa espera.Quando finalmente fomos para a mesa, a lateral externa da casa já estava apinhada de gente que aguardava. Uma outra pequena multidão se concentrava em torno do bar, posicionado estrategicamente à entrada do restaurante, bem no meio.

A foto não é minha, mas é exatamente assim que ficou a área externa do
restaurante naquela noite: cheia de gente que, como nós, aguardava mesa
bebericando, petiscando e, sobretudo, conversando!

O bar é perfeito para os(as) desacompanhados(as) engatarem
uma conversa com a pessoa ao lado! (rs) - Foto: Mario Rodrigues

Para jantar, a grande pedida foi o Penne Oriental, com tiras de frango, legumes, shiitake, gengibre e amêndoas. Estava ótimo. Aliás, o sabor do prato estava exatamente igual ao da primeira vez que o experimentei, quase vinte anos atrás. Esse também deve ser um dos segredos do sucesso do lugar! Quem volta lá, sabe que sempre vai encontrar os mesmos pratos deliciosos, com a mesma qualidade e o mesmo sabor.

'Penne Oriental' - Foto: Simone Catto

Outro pedido foi o Peito de Frango marinado em azeite, vinagre, vinho branco, pasta de tomate, sal e temperos, acompanhado de purê de batata com alho-poró.

'Peito de Frango e Purê de Batata com Alho-Poró' - Foto: Luciana Sclapes

E para acompanhar, dividimos meia garrafa do levíssimo tinto Errazuriz Reserva, um carmenère chileno que combinou muito bem com as massas e também com o peito de frango.

Foto: Simone Catto

Na próxima vez que for ao Spot, acho vou experimentar o Steak Gorgonzola – a mesa ao lado pediu esse prato e aguçou meu desejo! Se você também quiser experimentar, anote o endereço: Al. Ministro Rocha Azevedo, 72 – encostado na Av. Paulista. Tel.: 3284-6131. O cardápio está no site: www.restaurantespot.com.br. Vá e deixe aqui seu comentário!