domingo, 31 de julho de 2016

Sweet Café. Doces momentos para compartilhar com quem merece.

Sempre digo que São Paulo, com todo o seu gigantismo, tem um enorme deficit de bons endereços onde a gente possa escolher uma mesa, sentar e esquecer da vida diante de uma boa xícara de café. O Sweet Café, aberto há poucos meses em Cerqueira César, é uma doce e mais do que bem-vinda exceção a essa incoerência.

O terraço já é convidativo... - Foto: Sweet Café

Fui lá conferir e tive uma experiência agradável em todos os sentidos. A começar pela decoração da casa, em tons de roxo e dourado, aquecida pelo toque aconchegante da madeira nas mesas e paredes. O capricho está em detalhes como a delicada louça utilizada e a apresentação dos quitutes, destacando os doces que são o carro-chefe do lugar. Muita gente talvez não se importe com isso, mas a ambientação do local faz toda a diferença para mim no momento de uma refeição – seja um almoço, jantar ou simples café. Quando saio para comer em São Paulo, faço questão de lugares que demonstrem um mínimo de apuro estético e cuidado. Fujo como o diabo da cruz de ambientes com luz branca fluorescente, por exemplo, que para mim representam o próprio cenário do Apocalipse! (rs).

O ambiente da casa é acolhedor - Foto: Sweet Café

Sentei nessa mesa, lá no cantinho, de frente para a rua - Foto: Gastrolândia

Foto: Simone Catto

Bem vistosos, os doces realmente são do tipo que a gente começa a comer com os olhos e tem vontade de experimentar todos. Como isso não era possível para meu estômago tamanho 38, optei pelo éclair de pistache com blueberry e saboreei cada pedacinho de minha escolha. Dentre as mais de dez opções de cafés oferecidas, escolhi, para acompanhar meu doce, o Sweet Brown, que leva especiarias e amêndoas. Um casamento feliz que comemorei por horas!

O éclair de pistache com blueberry desceu suave e saboroso! (R$ 8) - Foto: Simone Catto

O café Sweet Brown (R$ 8) revelou-se o parceiro perfeito para o doce - Foto: Simone Catto

Foi difícil foi escolher entre tantas delícias! - Foto: Simone Catto

O outro pedido da mesa foi o cheesecake de tapioca, que também tinha uma aparência maravilhosa. Não experimentei, mas a formiga que me acompanhava garantiu que também é muito bom! (rs).

O cheesecake de tapioca saiu bem na foto - Foto: Simone Catto

Apesar do nome em inglês, a casa sem dúvida tem alma francesa. Os macarrons não me deixam mentir!
Foto: Simone Catto

Um diferencial do Sweet Café é que, além dos doces e cafés variados, há também diversas opções para o café da manhã, tais como tapiocas, bagels e croissant de chocolate (todos a R$ 12), além de pão de queijo (R$ 4), entre outros itens apetitosos para o desjejum.

Se a ideia for comer um lanche caprichado, dois clássicos franceses, o Croque Monsieur e o Croque Madame (R$ 19 e R$ 21, respectivamente), não deixam ninguém a ver navios. E para a hora do almoço há meia dúzia de pratos com preços honestos, como a quiche com salada (R$ 25), além de ovos com diferentes preparos.

Croque Madame - Foto: Gastrolândia

Os prazeres etílicos também não são esquecidos! A casa tem uma interessante carta de drinks com mais de trinta itens, como o Aperol Spritz (R$ 19), o Dry Martini (R$ 22), destilados e licores, além de vinhos com várias opções em taça. 

Enfim, o SWEET CAFÉ é um desses lugares que merecem no mínimo uma segunda visita e pretendo fazer isso muito em breve! Quer conhecer? Vá lá: Rua Cristiano Viana, 72 – Cerqueira César. Tel.: (11) 2925-2655. Abre de terça a sexta das 10h às 19h; sábado e domingo das 9h às 18h.

sábado, 23 de julho de 2016

'Um Belo Verão', cinema que aquece o inverno de Sampa.

O ano é 1971. Delphine é uma jovem que mora no campo e tem uma rotina pesada. Acorda cedo para ajudar os pais agricultores, dirige tratores, ara, planta, colhe, cuida da terra. Delphine é gay e, após sofrer uma desilusão amorosa com uma garota com a qual mantinha um relacionamento secreto, decide passar uns tempos em Paris. Ao chegar lá, encontra uma cidade efervescente de estudantes e um clima de debate sobre a liberdade sexual e a condição feminina, temas que ocupavam o centro das discussões à época. Delphine acaba fazendo amizade com um grupo feminista e nele conhece Carole, que vive com o jornalista Manuel. Delphine se aproxima cada vez mais de Carole, acaba se apaixonando pela amiga e não tarda a conquistá-la. Esta é a trama de Um Belo Verão, filme exibido no Festival Varilux de Cinema Francês este ano e atualmente em cartaz em São Paulo. Aliás, devo dizer que achei o título em português um tanto simplista e forçado, melhor seria terem mantido a tradução do título original, "A Bela Estação" (La Belle Saison). Coisas de um marketing às avessas.

As feministas faziam barulho, e lá estava Carole (Cécile de France).

De qualquer forma, a história de amor entre as duas moças convence e vai caminhando num crescendo no qual não faltam os esperados conflitos paralelos: o fato de Carole viver com um companheiro compreensivo que a ama e, sobretudo, a diferença de estilos de vida e expectativas entre a jovem oriunda de um ambiente rural e a outra eminentemente urbana. Contudo, Carole realmente ama Delphine e se esforça para o romance dar certo. Quando esta última precisa retornar ao campo devido a um problema de saúde do pai, Carole dá um jeito de ir encontrá-la, passa a viver a rotina da outra e, nesse momento, sentimos as dificuldades de um amor entre duas pessoas de meios sociais e objetivos de vida tão diferentes. A questão do preconceito contra a relação homoafetiva faz-se presente no ambiente rural ultraconservador de Delphine, mas passa ao largo da Paris libertária retratada no filme.   

Carole e Delphine (Izïa Higelin)

Bem feito e bem dirigido por Catherine Corsini, o filme não é excepcional, mas, sem dúvida, trata-se de um bom filme. A fotografia é bonita, até porque as paisagens da França ajudam muito, as atrizes são ótimas e o romance entre as moças é narrado com a dose certa de sensualidade. Há cenas de sexo e nudez, porém sem resvalarem para a vulgaridade. O mais importante, porém, é que existe química entre as atrizes, ao contrário do filme 'Carol', baseado no romance de Patricia Highsmith, que abordou igualmente um romance entre duas mulheres, mas que carecia de calor – em minha opinião, parecia haver uma verdadeira "Sibéria" entre as protagonistas, uma delas interpretada pela magnífica Cate Blanchett.


Obviamente não vou contar o final do filme, até porque, "tout compte fait", como diriam os franceses, vale a pena conferir Um Belo Verão. Portanto, se você ainda não assistiu, corra, porque está em cartaz somente no Caixa Belas Artes, numa única sessão às 16h10. Aproveite o fim de semana e vá conferir!

Ficha técnica parcial

Direção: Catherine Corsini

Elenco: Izïa Higelin (Delphine), Cécile de France (Carole), Benjamin Bellecour (Manuel), Noemi Lvovsky (Monique, mãe de Delphine), Kévin Azaïs (Antoine) e outros.