terça-feira, 18 de agosto de 2020

Restaurante Recanto da Traíra: natureza e simplicidade no Vale do Paraíba.

Acredito que a pandemia esteja sendo particularmente penosa para pessoas que ignoram o prazer de um bom livro ou, o que é pior, não suportam o desprazer de sua própria companhia. Felizmente não me enquadro em nenhum desses casos e em pleno confinamento fico muitíssimo bem, obrigada. Porém, estou longe de ser uma criatura antissocial e, por vezes, sinto falta de encontrar meus amigos, sair para tomar um vinho, circular em outros ambientes. Tudo bem que posso abrir um tinto dentro de casa, como às vezes tenho feito, mas sinto saudades das boquinhas que saltitam em torno das garrafas em uma mesa de bar ou restaurante. Teatro e cinema, então, nem se fale! Sinto que esses dois prazeres permanecerão no nível da utopia por muitos e longos meses ainda, talvez até por mais de ano, se é que vão sobreviver até lá. Tempos estranhos, esses que estamos vivendo. 

Porém, outro dia me permiti uma pequena "extravagância", se é que podemos chamar assim. Após cerca de cinco meses saindo de casa somente em casos de necessidade, consegui sair para almoçar fora e respirar outros ares. E eram "outros ares" literalmente falando, mesmo. Fora de São Paulo, no meio do verde. Aliás, eu jamais iria a um restaurante fechado nessa época – tenho amor à vida. Fui almoçar no Recanto da Traíra, um lugar despretensioso e muito agradável no município de Guararema, a uns 80 quilômetros de São Paulo, no Vale do Paraíba.

A estradinha que dá acesso ao restaurante tem uma bela paisagem - Foto: Simone Catto

O restaurante fica na área rural da cidade, cercado de vegetação e colado ao rio Paraíba do Sul, o mesmo onde foi encontrada a imagem de Nossa Senhora de Aparecida que batizou a cidade de Aparecida do Norte e atrai milhares de romeiros todos os anos. E por falar nisso, Nossa Senhora devia estar de conluio com outro santo, São Pedro, que foi bem camarada e nos brindou com um dia bonito, excepcionalmente quente para o inverno.

Como aquele almoço era comemorativo do Dia dos Pais, eu havia feito uma reserva pelo WhatsApp com o gerente Leandro e tive a oportunidade de conhecê-lo no dia de minha visita. Ele nos contou que o movimento na casa estava menor devido à pandemia, mas, mesmo assim, conforme o tempo foi passando, restaram poucas mesas disponíveis. Vale ressaltar que todos os protocolos de segurança estão sendo respeitados, com álcool em gel na entrada e em outros pontos estratégicos, mesas distantes umas das outras e funcionários portando máscaras.

Foto: Simone Catto
 
Um dos amplos e arejados salões ainda vazio, porque chegamos cedo - Foto: Simone Catto

O estilo do lugar é rústico, com muita madeira, tijolos à vista e amplos salões abertos, tudo muito arejado e aconchegante. Para quem prefere ficar ainda mais próximo da natureza, há mesas também na área externa, junto às árvores. O tipo de cenário que acalma, baixa o cortisol e dá um "up" nas endorfinas, como costumo dizer.

Foi nesse outro salão que fiquei, ao lado da área externa - Foto: Simone Catto

É de mentira, mas simpático! Almocei ao lado dele - Foto: Simone Catto

Em tempos normais, há também um buffet no fogão a lenha, com vários pratos para os clientes se servirem. Naturalmente, por causa da pandemia somente o serviço à la carte está sendo oferecido.

Foto: Simone Catto
  
As mesas na área externa também são uma tranquilidade - Foto: Simone Catto

A especialidade da casa são os peixes, como o próprio nome do restaurante já indica, mas eles não são pescados por ali: são importados e preparados de forma simples, sem invenções gastronômicas, apenas acompanhados de um molhinho tártaro. Servidos cortados em pedaços finos ou no formato de ”iscas”, sem espinha, também ficam saborosos na versão “fish e chips”, a famosa combinação inglesa. E foi com uma dessas que começamos para petiscar: experimentamos o dueto traíra e chips, muito gostosinho e crocante. Para acompanhar, a caipirinha tradicional de limão com cachaça Salinas caiu maravilhosamente bem. Meu pai pediu uma de maracujá, também com Salinas, e adorou. Naturalmente, nenhum de nós dois pegou no volante depois.

A dupla 'Traíra e Fritas' é servida exatamente assim, ótima como petisco (R$ 48,90). Foto: Recanto da Traíra
 
Caipirinhas de limão e maracujá, perfeitas!
(R$ 13,92 cada)

As próximas pedidas foram a porção média de tilápia e a meia porção de arroz à grega, ambas também deliciosas. A porção média de peixe é bem servida e a de arroz nem parecia meia, dada a fartura! Comidinha simples e boa, sem frescuras.

Porção de tilápia com molhinho tártaro, uma delícia (R$ 57,63 a porção média) - Foto: Simone Catto
 
A meia porção de arroz à grega que parecia inteira (R$ 15,94 a meia porção) - Foto: Simone Catto

Entre um prato e outro fui dar uma explorada no local e, no fundo, perto do rio, há uma área com redes penduradas para as pessoas descansarem. O recanto ficou bonito e simpático, mas, para descansar nas redes, melhor esperar o vírus descansar primeiro.

Foto: Simone Catto

As redes podem esperar um pouquinho... - Foto: Simone Catto

Além da comida boa e do cenário natural, os atendentes são muito gentis e os preços convidativos, beeeem diferentes daqueles cobrados em São Paulo. Só para dar uma ideia, estávamos em quatro pessoas e a conta total deu R$ 230,00 incluindo os pratos fartos, as bebidas (2 caipirinhas e 4 águas minerais), uma sobremesa, três cafés e a taxa de serviço. Resultado: pretendo voltar assim que o frio der uma trégua, desta vez em companhia de amigos que já se animaram a conhecer o lugar quando contei a eles minha experiência.
 
Se você quiser experimentar também, anote: RECANTO DA TRAÍRA – Rua Alvaro Campagnoli, 800 – Guararema – SP | Tels.: (11) 4693-5328 / 4695-4581 / 97231-5003 | www.recantodatraira.com.br
| Abre aos sábados, domingos e feriados, das 12h às 17h. Vale super a pena!