Conheço Priscila Mainieri
há décadas. O tempo nos separou, mas quis o destino que nos aproximássemos de
uns anos para cá. Mais do que uma amiga e um ser humano sensível, descobri nela
uma ótima artista. E não é só. Priscila é proprietária de um ateliê-galeria instalado num charmoso sobrado da Vila Madalena, onde também são ministrados
cursos e workshops de arte. Tive a oportunidade de dar um curso de história da
arte por lá e, em uma de minhas incursões no espaço, descobri seu trabalho. Vi
obras criadas em diferentes técnicas que não estavam em exposição, mas guardadas
junto a trabalhos de outros artistas, numa sala que é uma espécie de depósito
da casa. Ao bater os olhos em algumas, lembro-me de ter-lhe dito "isso é bom, você
precisa expor", mas a modéstia de Priscila é tão grande quanto sua generosidade,
e ela sempre priorizou o trabalho de outros artistas, oferecendo-lhes invejáveis
condições de exibição e oportunidades que dificilmente encontrariam em outras
galerias de arte.
Mix de obras de Priscila Mainieri. Estas não estavam expostas, mas gostei do efeito gerado pela junção dos padrões de obras diferentes - Foto: Simone Catto
Finalmente Priscila resolveu expor sua própria produção e montou
a exposição'Entrever',
exclusivamente com obras suas. Não pude comparecer ao vernissage devido ao caos
que se instaurou na cidade após uma dessas chuvas que deixam um rastro de
destruição, mas nesse fim de semana consegui dar o ar da graça na galeria.
Priscila me recebeu com uma taça de vinho, o despojamento e a afetividade que conquistam tantos amigos e artistas que vira e mexe dão uma "passadinha" por lá, nem que seja para dar um "oi". Ao entrar e me deparar com as paredes
repletas de obras, fui impactada imediatamente por uma agradável sensação de
leveza e harmonia. Priscila criou um belo conjunto de aquarelas abstratas sobre
papel algodão, um material bastante utilizado em trabalhos desse tipo pela
alta qualidade, durabilidade e pelo ótimo grau de absorção da tinta.
Vista do ateliê-galeria - Foto: Simone Catto
Ela tem estudado as técnicas de diversos outros artistas, antigos e contemporâneos, e com esse embasamento tem desenvolvido incessantemente sua própria técnica, cujo aprimoramento é visível nessa série em que brincou
com tons claros e escuros sobrepondo formas ovaladas opacas e translúcidas. Explicou
que o processo de composição de cada trabalho foi acontecendo camada por camada
e, muitas vezes, aquilo que para nós parece ser o fundo de uma obra não o é, criando
uma espécie de ilusão. Quando nos detemos sobre uma camada, "entrevemos" a
próxima – daí o título da mostra, aliás bem feliz. Nossos olhos vão entãopasseando de uma camada a outra e, como numa brincadeira, vamos tentando
descobrir qual camada está sobre qual, num exercício interessante. A seleção dos
tons e cores que se entrepõem é extremamente harmônica, resultando em imagens que
transmitem ordem e equilíbrio. Como as obras estão protegidas por uma placa de vidro, algumas das fotos a seguir saíram com reflexo, mas dá para pelo menos ter-se uma ideia do que estou falando.
Priscila Mainieri - 'Sem título', 2017 - aquarela e nanquim s/ papel algodão - 31 X 41 cm - Foto: Simone Catto
Priscila Mainieri - 'Sem título', 2019 - aquarela e nanquim s/ papel algodão - 50 X 70 cm - Foto: Simone Catto
Priscila Mainieri - 'Sem título', 2019 - aquarela e nanquim s/ papel algodão - 50 X 70 cm - Foto: Simone Catto
Priscila Mainieri - 'Sem título', 2018 - aquarela s/ papel algodão - 31 X 41 cm - Foto: Simone Catto
Priscila Mainieri - 'Sem título', 2018 - aquarela s/ papel algodão - 36 X 48 cm - Foto: Simone Catto
Priscila Mainieri - 'Sem título', 2019 - aquarela e nanquim s/ papel algodão - 31 X 41 cm - Foto: Simone Catto
Por tudo isso, sinto-me tranquila em afirmar que,
independentemente de minha simpatia pelo lado humano da artista, considero-me
autêntica demais, sobejamente crítica e excessivamente fiel a mim mesma para
exaltar ou divulgar algo que não me agrade. Portanto, se dedico algumas linhas
às obras dessa exposição em meu blog, é porque realmente acredito em sua
qualidade artística e, segundo meu julgamento, elas merecem ser (re)conhecidas. E para quem gostou das aquarelas e pensa que adquirir uma delas exige um alto investimento, tenho uma ótima notícia: os preços são perfeitamente acessíveis.
Esses trabalhos não estavam expostos: trata-se de um exercício da artista com outra técnica, mas achei as padronagens tão encantadoras que não resisti! - Foto: Simone Catto
A exposição se
encerrou no fim de semana, em breve Priscila partirá para uma residência
artística na Alemanha, mas, se você tiver interesse em conhecer as obras, anote:
ATELIÊ GALERIA PRISCILA MAINIERI – tel. (11) 3031-8727 – Rua Isabel de Castela,
274 – Vila Madalena – São Paulo. www.ateliepriscilamainieri.com.br. A galeria
funciona de segunda a
sexta das 11h às 19h e sábados das 11h às 17h. Vale a pena dar um pulo lá!
Há determinadas obras de arte que capturam o olhar das pessoas e
apaixonam de imediato, mesmo que a falta de repertório, por quem as contempla,
impeça que sejam compreendidas em sua totalidade. É o caso das pinturas
impressionistas nos dias de hoje, já que à época em que foram produzidas sofreram
o mais absoluto desprezo e escárnio por parte de crítica e público. Há outras
obras, porém, que demoram mais para quebrar nossa resistência – seja pelo fato
de serem abstratas ou excessivamente herméticas, não permitindo, portanto, uma
analogia imediata com um universo percebido, seja por se distanciarem daquilo
que o senso comum denomina como "belo". E como temos uma tendência natural para
buscar referências sobre aquilo que nos agrada e negligenciar aquilo que não
exerce grande apelo sobre nossos sentidos, muitas vezes "deixamos para lá" determinados artistas plásticos. É o que ocorreu, no meu caso – confesso - com
o artista suíço Paul Klee
(1879-1940), que está com mais de 100 obras exibidas na mostra 'Equilíbrio Instável', no Centro
Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo.
E é exatamente por não ter grande conhecimento sobre a
trajetória de Klee que se tornou uma questão de honra, para mim, visitar essa
exposição o quanto antes para tentar sanar essa lacuna e compreender um
pouco do que se passava em sua mente polimorfa. Devo dizer que o feriadão de
Carnaval revelou-se a oportunidade perfeita, já que a cidade fica bem mais
vazia nos locais que interessam, isto é, aqueles que oferecem uma
programação atraente para criaturas que conseguem memorizar sequências minimamente
mais complexas que "alalaô ôôô ôôô". Fui ao CCBB numa manhã clara e agradável,
livre do risco de ser surpreendida por um dos temporais que têm inundado as
tardes de verão e, embora não tivesse adquirido o ingresso com antecedência
pela Internet, não peguei nenhuma fila e pude apreciar a exposição com a
tranquilidade que ela exige.
Paul Klee
Mas vamos a Klee. Descobri, em primeiro lugar, que ele era um artista multitalento,
isto é, além de ser um desenhista de primeiríssima, seguindo uma longa linhagem
de artistas gráficos alemães, era bom também na literatura e na música. Talvez
isso se explique, em grande parte, pelo fato de ter nascido em uma família com manifesta
sensibilidade para as artes. Desde pequeno, Klee recebeu estímulo para
desenhar, especialmente da avó Catharina Rosina Frick, que não reprimia o uso
da mão esquerda pelo menino em uma época que as crianças eram forçadas a
utilizar a mão direita. Além disso, tocava violino desde a infância,
incentivado pelo pai, Hans, que ministrava aulas de música, e pela mãe, Ida,
que estudara canto e piano. O fato é que ele tinha um bom ouvido e, se
quisesse, acredito que também poderia ter sido um excelente músico. Não é à toa
que, mais tarde, o artista tenha feito tentativas de transpor a trama musical
para várias de suas pinturas, sobrepondo cores e tons com se estivesse criando
uma composição polifônica. Trabalhou a relação entre música e imagem e,
frequentemente, utilizou conceitos musicais como "tonalidade", "polifonia", "harmonia" e "ritmo" para explicar suas obras.
Durante sua formação escolar, em Berna, o menino Klee costumava
copiar folhas de calendários de pintores suíços e, durante os passeios no campo,
registrava suas impressões da natureza em esboços. Creio que a oportunidade, para uma criança, de fazer passeios junto à natureza desde pequena amplia todo um universo mental de possibilidades e descortina novos mundos. Já rapazinho, entre 1898 e
1901, Klee foi para Munique, uma vez que a capital bávara era o centro artístico da
Alemanha no momento. Frequentou a escola particular de desenho de um artista
chamado Heinrich Knirr (1862-1944), onde começou a desenvolver habilidades para
representar o nu e, de volta a Berna, aprofundou seus conhecimentos do corpo
humano em aulas de anatomia no Instituto de Medicina da Universidade de Berna. Ou
seja: mesmo após encontrar seu caminho artístico por meio da abstração, Klee tinha por trás o respaldo de uma sólida formação técnica, isto é, aprendeu a desenhar e muito bem. O oposto do que ocorre com inúmeros "artistas" atuais autoproclamados "abstratos", quando a única coisa realmente abstrata que apresentam é o talento - de "concreto", mesmo, só a preguiça de estudar. Por trás de tudo o que Klee fizesse, portanto, havia sempre muito
estudo e experimentação. Metódico e disciplinado, ele trabalhava sem descanso em várias
telas ao mesmo tempo e catalogou meticulosamente suas obras - acredita-se que
tenha superado o impressionante número de nove mil.
Paul Klee - 'Sem título', 1899 - lápis s/ papel - Foto: Simone Catto
A música devia estar tão enraizada na família do artista que não deve ter sido por acaso que ele acabou
se casando com uma pianista profissional, Lily Stumpf (1876-1946), em 1906. No ano seguinte, nasceria Felix, seu único filho. Naquela época, Klee ainda não
havia consolidado sua carreira de artista e os papéis em casa se inverteram: quem
pagava as contas era a esposa, ministrando aulas de piano, e Klee cuidava da
casa e do menino, enquanto desenhava e pintava na cozinha. Modernos, não? Em pleno início do século XX... Enfim, eram artistas. Quem posava de modelo, então, eram os membros da família. Embora não esteja assinalado, é provável que o bebê retratado abaixo seja Felix.
Paul Klee - 'Retrato de uma criança', 1908 - aquarela s/ papel - Foto: Simone Catto
É bom dizer que, mesmo tendo optado pelas artes plásticas, Klee
nunca abandonou a música. Antes de começar a pintar, tinha o hábito de tocar violino
por uma hora todos os dias e, por vezes, acompanhava a esposa ao piano. Embora
posteriormente tivesse tido contato com músicos vanguardistas na escola de Bauhaus,
onde viria a lecionar, suas preferências musicais recaíam sobre compositores alemães
tradicionais, como Mozart, Bach, Beethoven e Schubert.
Mas não era só a música que fazia os olhos de Klee brilharem. Apaixonado
pelo teatro sob todas as formas, inclusive o teatro popular de fantoches, ele
criou bonequinhos para divertir o filho Felix utilizando materiais como gesso,
caixas de fósforo e tomadas elétricas, entre outros. Mais tarde, Felix, que viria
a se tornar diretor de ópera e devia possuir uma boa dose de humor, usava os
fantoches que o pai havia criado e um palco que ele mesmo construiu com
marcenaria para encenar, a uma plateia de amigos e familiares, histórias divertidas sobre
o cotidiano da Bauhaus, onde o pai dava aulas. Alguns desses bonecos fazem parte
da exposição.
Não raro, a obra de Klee também é povoada por figuras como
acrobatas e equilibristas em arriscadas exibições de equilíbrio e em risco iminente,
o que muitos interpretam como uma metáfora da própria insegurança de sua vida artística.
Mas essas figuras não eram dispostas aleatoriamente sobre uma superfície: elas
obedeciam a leis da física, pacientemente estudadas pelo pintor. Sim, ele era
um investigador nato, o que de certa forma me fez lembrar Leonardo da Vinci, guardadas
as devidas proporções. O fato é que Klee associava a fantasia mais livre ao rigor mais austero.
Além da arquitetura, Klee era fascinado pela natureza, que também
inspirou sua linguagem abstrata. Para ele, a contemplação da natureza era uma
revelação, "um olhar sobre o ateliê de Deus", segundo suas próprias palavras. Essas
revelações muitas vezes ocorriam durante longas caminhadas contemplativas (descobri que ele era "dos meus"! rs), já que o artista era um andarilho incansável e um observador minucioso do mundo que o cercava. Talvez sua frase mais famosa seja: "A arte não reproduz o visível, ela torna visível". Klee sabia que era nos detalhes que encontraria o que procurava. Isso me lembrou outra frase, cuja autoria desconheço: "Deus está nos detalhes". O artista chegou a
afirmar, mesmo, que uma obra podia “nascer, se desenvolver e se organizar como
uma planta".
Foto: Simone Catto
A questão da abstração pictórica começou a se tornar importante
para Klee a partir de 1910. Em Munique, ele se uniu ao grupo expressionista 'O Cavaleiro Azul', cujo membro principal era Wassily Kandinsky (1866-1944),
iniciando ali uma longa amizade com o artista russo. Sabemos também que Cézanne,
Picasso e Braque exerceram forte impressão sobre Klee, principalmente Cézanne, mas quem mais o fascinou foi o multicolorido Robert Delaunay (1885-1941),
cujo ateliê visitou em Paris (sempre ela!), e para o qual a cor era o próprio "assunto" da obra. Mas foi em uma viagem à Tunísia, em 1914, que Klee foi "tomado pela
cor", conforme afirmou certa vez. Contudo, embora tenha explorado incansavelmente as
possibilidades cromáticas, Klee não colocou a luz e a cor em primeiro plano, ao
contrário dos impressionistas. Nessa época, criou várias aquarelas, talvez
porque a técnica se prestasse melhor a experimentos que possibilitassem uma
transição entre figuração e abstração.
Paul Klee - 'Nas casas de St Germain', 1914 - aquarela s/ papel s/ cartão (Obs.: como minha foto não saiu boa, peguei essa imagem na Internet)
Com tanta criatividade e técnica, Klee foi convidado, em 1921, a lecionar teoria da forma
no curso básico da vanguardista Bauhaus, em Weimar, na Alemanha. Lá reencontrou o amigo Kandinsky. Quando a escola foi transferida
para Dessau, em 1926, ele passou a dar aulas nessa outra cidade. Vale lembrar
que a Bauhaus foi criada em 1919 pelo arquiteto Walter Gropius (1883-1969),
num esforço para integrar a pintura, a escultura e a arquitetura aplicadas no cotidiano das pessoas. Em suas aulas, Klee usou seus conhecimentos da natureza
para trabalhar questões ligadas à geometria, o que incluía a planimetria (estudo
das figuras planas) e a estereometria (estudo do volume dos sólidos). Em 1931, o
artista fez várias séries de desenhos construtivos, com linhas geométricas,
seguindo modelos que montava a partir de varetas, elásticos e fios. Sabe-se que criava até 15 variações de um mesmo modelo. Afinal, não podemos esquecer
que, embora se destacasse pela fantasia e pela imaginação, a obra de Klee
nunca prescindia do desenho preciso, calculado e cerebral que caracteriza a
grande tradição alemã.
Paul Klee - 'Harmonia da flora setentrional', 1927 - óleo s/ cartão revestido s/ compensado - Foto: Simone Catto
Paul Klee - 'Sem título' (Composição com flores e folhas), 1932 - óleo s/ cartão - Foto: Simone Catto
Foto: Simone Catto
Na década de 30, porém, as coisas começaram a ficar sombrias na
Alemanha. O Partido Nacional Socialista de Hitler ganhou poder, tornando a
atmosfera cada vez mais ameaçadora para o artista. Em 1931, quando trocou a
Bauhaus pela Academia de Artes de Dusseldorf, Klee comentou, em cartas a sua
esposa Lily, sobre como detestava Hitler e sua demagogia populista e primitiva.
Observador crítico e irônico da realidade, na ocasião ele criou 250 desenhos a
lápis, com traços extremamente nervosos e energéticos, nos quais manifestava
seu descontentamento com a atmosfera violenta e opressiva que o fez emigrar
para a Suíça em 1933. Não demorou para que sua obra fosse ridicularizada e classificada
pelos nazistas como "arte degenerada" e, em 1937, cem obras suas foram
retiradas dos museus alemães.
Paul Klee - 'Perseguição', 1932 - bico de pina s/ papel s/ cartão - Foto: Simone Catto
Paul Klee - 'Acusação na rua', 1933 - giz s/ papel s/ cartão - Foto: Simone Catto
Paul Klee - 'Mulher jovem', 1933 - aquarela s/ papel revestido s/ cartão Foto: Simone Catto
Essa fase sombria da política alemã coincidiu com a precarização
da saúde do artista, que no fim de 1935 foi acometido de esclerodermia, uma
rara doença autoimune que endurece os tecidos conjuntivos, a pele e, por vezes,
também os órgãos internos. Apesar disso, Klee continuou trabalhando e criou uma obra
multifacetada e rica, caracterizada pela libertação da forma e da composição e
por intensa espontaneidade gestual. Nessa época, fez desenhos com pincel utilizando
traços simplificados e elementos arcaicos, por vezes francamente grotescos,
lembrando pinturas infantis feitas com os dedos. A obra abaixo, por exemplo, lembra uma pintura rupestre.
Paul Klee - 'Soldado', 1938 - tinta de cola s/ algodão s/ cartão Foto: Simone Catto
O trabalho a seguir pode ser interpretado como a representação de uma dupla desintegração: do próprio organismo do artista, pela doença física, e da Alemanha, pela doença moral acarretada pela ascensão do nazismo.
Paul Klee - 'Um acesso de raiva', 1939 - giz s/ papel s/ cartão Foto: Simone Catto
Paul Klee - 'Um rosto também do corpo', 1939 - cola colorida e óleo s/ papel-cartão Foto: Simone Catto
Paul Klee - 'Reconstrução de uma dançarina, uma tentativa', 1939 Aquarela s/ papel s/ cartão - (Obs.: foto da Internet)
Em sua última fase, mais precisamente a partir de 1938, Klee criou
também uma perturbadora série de 40 representações de anjos, com formas em que o
diabólico e o celestial se fundem. Carregados de forte carga simbólica, esses
anjos, em minha opinião, são sintomáticos de um estado de espírito caracterizado
pela percepção da proximidade do fim, devido à doença, agravada pela intuição de que a sinistra
nuvem negra que encobria a Alemanha de então era só o início de uma catástrofe que
estava prestes a se disseminar por toda a Europa.
Paul Klee - 'Anjo cheio de esperança', 1939 - lápis s/ papel s/ cartão (Obs.: foto da Internet)
Paul Klee - 'Anjo incompleto', 1939 - lápis s/ papel s/ cartão Foto: Simone Catto
Paul Klee - 'Anjo feio', 1939 - giz s/ papel s/ cartão - Foto: Simone Catto
Embora o trabalho de Klee continue não exercendo um fascínio
especial sobre mim, em se tratando de gosto pessoal, é inquestionável que o
artista merece todo o respeito por ter mostrado, inquestionavelmente, um talento
interdisciplinar que o tornou um dos mais inventivos de sua geração. Antes de visitar
a exposição, vale a pena assistir ao vídeo abaixo, uma produção francesa de
2005 intitulada ‘Diário de um artista’, sobre a trajetória de Paul Klee.
Assisti ao vídeo pela primeira vez no próprio CCBB, mas, como tive vontade de
revê-lo, arrisquei uma busca no Google e o encontrei. Felizmente, muitos desses
vídeos de arte são de domínio público e o YouTube tem verdadeiros tesouros a serem
descobertos. É só procurar!
Organizada por Fabienne
Eggelhöfer, curadora-chefe do Zentrum Paul Klee, em Berna, Suíça, a exposição é
obrigatória para todo mundo que se interessa por arte e estará em São Paulo até 29/4, com entrada franca. Mais informações aqui: http://culturabancodobrasil.com.br/portal/sao-paulo