terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Danielle Pães e Doces. Um pit stop revigorante a duas quadras do Parque Ibirapuera.

Às vezes, do nada, a gente tem ótimas surpresas. Foi o caso de um domingo, quando, voltando de uma caminhada em ótima companhia no Parque Ibirapuera, deparei-me com uma padaria com mesinhas na calçada, em frente a uma gostosa pracinha no Jardim Lusitânia. Para quem não sabe, Jardim Lusitânia é aquele oásis sossegado e arborizado próximo à Av. IV Centenário, repleto de casas aprazíveis e belas mansões.

Não resistimos. Depois de uma hora andando quase o tempo todo sob um sol de rachar coco (haja protetor solar!), a fome bateu e resolvemos nos sentar numa das mesinhas externas da 'padoca', que se chama Danielle Pães e Doces. (Será Danielle a filha ou a esposa do dono?)

O astral já havia começado bem no Ibira... - Foto: Simone Catto

... e continuou ótimo com a Danielle! 
Foto: Simone Catto
Numa mesa ao canto havia um grupo de homens sarados, conversando animadamente em torno de seus sucos e refrigerantes. Ao nosso lado, um casal jovem, bonito e discreto trocava ideias tranquilamente. E do outro, dois rapazes também jovens e de jeitão simpático engataram um papo sem fim enquanto se deliciavam com uma garrafa de cerveja e uma porção monumental de batatas fritas.

O cardápio chegou até nós por um rapaz alto, também simpático e bem-apessoado, com jeito de proprietário ou no mínimo de gerente da casa. Aliás, estou começando a achar que o cenário e a energia do lugar, com o Parque Ibirapuera tão próximo, deve deixar as pessoas mais soltas e agradáveis!

Para começar, pedimos meia porção de batatas fritas, já que, se comêssemos a inteira, correríamos sério risco de não conseguirmos almoçar depois. Para acompanhar, fui de suco de melancia, mas tinha gente que estava "seca" por uma cerveja!... rs.

De nossa mesa, avistávamos a pracinha com a banca de jornais - Foto: Simone Catto

A meia porção de batatas fritas já era mais do que suficiente! - Foto: Simone Catto

No cardápio havia omeletes, algumas saladas e dezenas de opções de sanduíches, desde os mais tradicionais até variações com filé mignon, frango, frios e outros mais naturebas, disponíveis no pão francês ou no integral da casa - o que, vamos e venhamos, já está de bom tamanho. Nada de sanduíches mirabolantes em pães especiais, porque a proposta do estabelecimento não é ser uma padaria "chique", mas honesta. (Basta dizer que o preço médio dos sanduíches gira em torno de R$ 9,00).

Optamos por sanduíches de peito de peru com queijo, tomate e maionese. Servido quente, esse sanduíche tem um tamanho respeitável e recheio beeeem generoso. Estava realmente delicioso, mas, para variar, não aguentei comer inteiro e precisei mandar embalar metade para viagem, para comer mais tarde! Quem me conhece sabe que isso não é novidade... rs.

O sanduíche estava muito bom! - Foto: Simone Catto

Só sei que essa refeição tão simples, saboreada na calçada de uma pracinha silenciosa em frente a uma banca de jornal, me trouxe uma paz como há muito não sentia. É como se, por alguns momentos, eu tivesse sido transportada para algum outro lugar - uma cidadezinha do interior, talvez, como tantas que vira e mexe invento de visitar.

O dia estava maravilhoso... - Foto: Simone Catto

Se você tiver o hábito de frequentar o Parque Ibirapuera, portanto, vale a pena fazer um pit stop na DANIELLE PÃES E DOCES para repor as energias e esquecer da vida. A padaria fica no Largo da Batalha, na esquina com a Rua Pedro de Toledo. Quem sabe a gente não se cruza por lá?

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Rancho da Empada, na Vila Clementino. Gostosuras campeãs com simplicidade e simpatia.

Tem coisa mais gostosa, mais singela e mais genuinamente nossa do que uma boa empada??? Não tenho vergonha de afirmar, de boca cheia e com o maior orgulho, que adoro esse salgado tão brasileiro. Mas estou dizendo isso por uma única (e ótima!) razão: contar como o delicioso Rancho da Empada, na Av. Sena Madureira, me socorre, quando, por diversas vezes, voltando do trabalho, tenho vontade de comer alguma coisa gostosa, leve e prática.

A vitrine é tentadora!!! - Foto: Simone Catto

De um lado, as empadas que dão água na boca. E de outro, os salgados - Foto: Simone Catto

Mas a história desse lugar que ganhou fama não apenas no bairro da Vila Clementino, onde nasceu, mas em toda a cidade de São Paulo, pelo sabor e textura de suas deliciosas empadas, merece ser contada. Tudo começou em 1994, quando o Sr. Avelino e o Sr. José Antonio decidiram vender empadas em um trailer instalado em frente à residência deste último, na Av. Sena Madureira, uma via já de grande movimento à época. Lembro que sempre passava por lá e achava simpático aquele trailer que vendia empadinhas. O pessoal parava voltando do serviço, comprava empadas para levar para casa ou comia lá mesmo, numas poucas mesinhas de ferro montadas à frente. Tudo bem singelo, gostoso e, sobretudo, feito com qualidade.  

Até que, em 2004, o trailer sumiu, e em seu local os sócios abriram a primeira loja do Rancho da Empada. Uma casa bem arejada, de aspecto agradável, com mesinhas internas e também com outras que permitem aos clientes observar a rua enquanto saboreiam suas empadas ou outros salgados. Sim, porque não são só as empadas – doces e salgadas - que podemos comer por lá. Coxinhas, rissoles, empanadas e bolinhos de bacalhau, entre outros quitutes, também são servidos na casa.

A casa é bem gostosinha - foto: Simone Catto 

O lugar é simples e arejado - foto: Simone Catto

Eu, particularmente, sempre acabo pedindo as benditas empadas que fizeram a fama do lugar, porque acho-as simplesmente imbatíveis! Não por acaso, já foram eleitas, por mais de uma vez, como as melhores de São Paulo pela Revista Veja. E não duvido! A massa é tão macia que chega a esfarelar, e o recheio é sempre bem-feito e generoso.

Ontem, voltando de uma exposição, fiz uma parada estratégica por lá e pedi empadas de camarão, minhas preferidas. Elas vieram com dois copinhos de molho de pimenta, um tradicional e o outro feito com requeijão. Achei os molhinhos ótimos! Mas devo dizer que as empadas de gorgonzola e de carne seca com abóbora, embora possuam sabor mais forte, também são deliciosas. Os preços das empadas e dos salgados variam entre R$ 4,80 e R$ 5,20 a unidade, dependendo do sabor solicitado. As exceções ficam por conta do bolinho de bacalhau, um pouco mais caro (R$ 5,90), e da coxinha de camarão, a R$ 9,90.

Minhas empadas de camarão com os molhinhos, nham!!! - Foto: Simone Catto

A foto não é minha, mas o recheio da empada de camarão (e das outras também!) é exatamente assim: farto e delicioso!
Foto: www.ranchodaempada.com.br

Foto: Simone Catto

Nunca experimentei as empadas doces - aliás, uma lacuna imperdoável! -. mas a casa também serve empadas de Romeu e Julieta, chocolate, banana com doce de leite e outras gordices. Na próxima vou experimentar!

Detalhe que faz muuuita diferença: há estacionamento gratuito no local, o que facilita bastante nossa vida. O atendimento também é atencioso e gentil, com funcionários simpáticos e sorridentes – um diferencial importante!

Se você mora nas imediações da Vila Mariana ou costuma passar por lá, vale a pena dar uma paradinha para saborear as deliciosas empadas do RANCHO DA EMPADA, ou pelo menos comprar algumas para levar para casa. 

A matriz fica à Av. Sena Madureira, 557. Abre de segunda a domingo das 10h à meia-noite. Delivery: 5904-7650. A outra unidade fica à R. Domingos de Moraes, 2026.A casa aceita vários cartões de crédito e débito, bem como vales-refeição. Para mais informações, acesse www.ranchodaempada.com.br.

Corra, USP, corra! O MAC merece virar um museu de verdade.

Eu ainda não conhecia a nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP, no prédio do Ibirapuera projetado por Oscar Niemeyer onde era o antigo Detran. Lembro que, da época em que foi anunciada a reforma (que custou aos cofres da Secretaria de Estado da Cultura declarados R$ 76 milhões) até a inauguração, há cerca de um ano, fiquei superanimada com a possibilidade de ter, bem mais próximo de casa, um museu com cerca de 10 mil obras de arte.

Pois é. Ontem, finalmente, tive a oportunidade de conhecer a nova sede do MAC ao receber um convite para a abertura da exposição das doações mais recentes ao museu. Qual não foi minha surpresa ao constatar que, com um prédio daquele tamanho, somente o térreo e o mezanino estão efetivamente funcionando? É isso aí. Lá estão apenas 18 esculturas, enquanto que as milhares de obras-primas do MAC ainda estão guardadas numa reserva técnica na Cidade Universitária, à espera que a inépcia e a burocracia do estado as tire de lá. Sim, porque esse novo espaço, cedido à USP pelo Governo do Estado, tem dez vezes o tamanho da atual sede do museu da universidade.


Uma das obras doadas recentemente ao museu: sem título, s.d. - chapa metálica pintada, de autoria de Emmanuel Nassar (1949) - doação do Itaú/AAMAC - foto: Simone Catto   

Outra das doações recentes: 1o. Eu, 2000-12 - mármore e granito, de Roberto Keppler (1951) - doação do artista. 
Foto: Simone Catto 

Ao tentar saber o porquê de todo esse atraso para que o novo prédio do MAC se transforme num museu de verdade, descobri, em primeiro lugar, que as obras da reforma terminaram três anos após a data prevista e que um outro imbroglio havia começado para que a Secretaria conseguisse licitar e comprar o sistema de segurança. Compreensivelmente, Tadeu Chiarelli, o respeitado crítico e especialista em história da arte e também diretor do museu, se recusa a levar Picasso, Modigliani, De Chirico e outros gênios da arte moderna para um local sem segurança. Nem ele, e nenhum gestor com um mínimo de bom senso, cometeriam essa insanidade.

Como se não bastasse esse atraso de um lado, a própria USP está atrasando o processo do outro. Primeiro porque, segundo Chiarelli, a reitoria da universidade ainda não lhe ofereceu garantias de que os elevadores vão funcionar. Oras, qualquer pessoa que visite o prédio percebe que a circulação interna só pode ser feita com elevadores, já que a construção é vertical. Portanto, o diretor está ocupando somente o térreo e o mezanino da construção porque, em casa de sinistro, seria mais fácil salvar peças que estão nos andares mais baixos.

Um dos salões do térreo: o espaço é agradável, falta ocupá-lo por inteiro! - Foto: Simone Catto 

Henry Moore (1898-1986) - Figura Reclinada em Duas Peças: Pontos, 1969-70 - bronze - permuta com Tate Gallery of London. 
Foto: Simone Catto

Além disso, a USP ainda não abriu licitação para ocupar as outras áreas do espaço. Logo que cheguei, por exemplo, notei a falta de um estacionamento no local. E depois de visitar a exposição, perguntei-me como um museu daquele porte não tinha sequer um café à disposição dos visitantes, como ocorre em qualquer museu que se preze ao redor do mundo. Lojinhas de souvernirs "artísticos", então, nem pensar!

Sérvulo Esmeraldo (1929) - Quadrados, 1981 - aço pintado - doação do artista.
Foto: Simone Catto   

Cildo Meirelles (1948) - Parla, 1982 - granito, madeira e couro - aquisição do MAC - Foto: Simone Catto

Soube, depois, que um restaurante ocupará a cobertura do prédio, o que, provavelmente, deverá proporcionar uma bela vista do Parque Ibirapuera. Descobri, também, que um café deverá funcionar no mezanino. E que, sim, o museu terá uma loja que será uma filial da Edusp, a editora da USP. Agora resta-nos nos perguntar QUANDO teremos tudo isso. Porque é uma lástima que um espaço tão agradável e com dimensões tão gigantescas fique ocioso, com tantas obras-primas à espera de vir à tona. Corra, USP, corra! 

MAC USP - Nova Sede - Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 - São Paulo - tel.: (11) 5573-9932 - de terça a domingo das 10h às 18h - entrada gratuita.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

'Divórcio'. Uma peça que até faz rir, desde que não se espere demais.

Sabe aqueles dias em que a gente quer só uma diversão ligeira, sem pensar em nada? Foi num dia desses, e com esse espírito, que fui assistir à peça 'Divórcio', com a atriz Suzy Rego.

Suzi Rego e Pedro Henrique Moutinho em cena: advogada e cliente.

Bem, o que posso dizer? A peça é exatamente isso: provoca umas risadas ocasionais, mas sem muito brilho. Do tipo para se assistir sem grandes expectativas. Nada contra peças de teatro criadas apenas para nos divertir, muito pelo contrário! Adoro comédias inteligentes, com atores conhecidos ou não, desde que, além de bem produzidas e bem interpretadas, tenham, acima de tudo, textos brilhantes – isto é, que sejam boas o suficiente para me arrancar umas gargalhadas. Porque vamos falar claro: escrever comédia para teatro é muito difícil. E fazer gente exigente rir não é para qualquer um. É por tudo isso que sinto saudades de comédias memoráveis como 'O Mistério de Irma Vap', com a imbatível dupla Ney Latorraca e Marco Nanini, 'Trair e Coçar é só Começar', com uma impagável Denise Fraga, 'Meno Male', com o experiente Juca de Oliveira, e por aí vai. Todas peças com atores ditos "globais", criadas com o único propósito de nos fazer rir e... que o fizeram com notável brilho e louvor! A última comédia excelente a que assisti foi O Ilustre Molière, no ano passado, no teatro Aliança Francesa. Aliás, devo dizer que há anos não assistia a uma comédia tão boa!!! Pena que não reestreou este ano.

Bem, voltando à realidade... 'Divórcio' mostra dois advogados (interpretados por Suzy Rego e José Rubens Chachá) que já haviam sido casados e inesperadamente voltam a se encontrar para cuidar do divórcio de um jogador de futebol tosco e uma maria-chuteira estridente. O caricato casal de clientes é típico, parecido com tantos outros jovens casais de "celebridades" que aparecem na mídia, em que o tamanho da conta bancária é inversamente proporcional ao tamanho da massa encefálica e do refinamento.

José Rubens Chachá e Suzy Rego, os advogados das "celebridades".

O casal de advogados, cada um atendendo um cliente: ele, a maria-chuteira. E ela, o jogador de futebol com carência neuronal. 

Algumas cenas são engraçadas, como uma que mostra o casal de advogados quase fazendo sexo virtual diante de uma câmera de computador, mas a peça não chegou a me empolgar como um todo. OK, valeu para conferir, mas não justifica os preços cobrados (veja abaixo). No domingo em que fui assistir, o teatro lotou, diga-se de passagem, mas me pergunto se todo mundo saiu dali plenamente satisfeito. É isso aí.

O elenco em cena.

Ficha técnica parcial:

Texto: Franz Keppler
Direção: Otávio Martins
Elenco: Suzy Rego, José Rubens Chachá, Pedro Henrique Moutinho e Nathália Rodrigues.

Se você também quiser conferir, DIVÓRCIO está no Teatro Raul Cortez, aliás uma sala excelente, moderna e confortável, localizada no prédio da Fecomércio – R. Doutor Plínio Barreto, 285 - Bela Vista. O acesso é pela Av. Nove de Julho. Tel.: 3254-1631. Apresentações: sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos às 19h. Preços: inteira a R$ 60,00, aos sábados, e R$ 50,00, às sextas e domingos. Estacionamento com manobrista: R$ 19,00. Até 21 de abril.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Quintal do Bráz. Uma das melhores pizzas de Sampa com astral ótimo e sem muvuca.

Ao chegar à pizzaria Quintal do Bráz em plena quinta-feira e encontrá-la lotada, confesso que não me surpreendi. Eleita várias vezes a melhor da cidade por publicações respeitadas como Veja São Paulo, revista Época e Guia da Folha, a casa é mesmo unanimidade. Não é difícil adivinhar por quê.

Foto: www.quintaldobraz.com.br

Para começar, o astral do lugar é excelente. O salão, apesar de amplo, torna-se aconchegante pela farta utilização de madeira na estrutura da construção e também nas mesas e demais móveis. Além disso, uma das laterais é toda envidraçada e permite avistar, lá de dentro, o bonito jardim exterior. As outras paredes são todas de tijolos à vista, o que contribui para deixar a atmosfera ainda mais agradável.

A casa estava lotada na quinta-feira passada! - Foto: Simone Catto

Minha mesa foi das últimas a sair... - Foto: Simone Catto

O atendimento é muito atencioso - aliás, tãaaao atencioso, que os garçons e o maître vieram umas seis vezes à nossa mesa perguntar se estava tudo bem. OK, é melhor uma casa pecar por excesso do que por falta de atenção, mas os atendentes também devem ter bom senso para evitar exageros e não interromper a conversa dos clientes à mesa – o que é particularmente embaraçoso num jantar romântico, por exemplo.

Agora vamos à melhor parte: as pizzas. Na ocasião pedimos uma pizza, meia Lírica e meia Caprese. A Lírica leva mussarela, queijo taleggio e salame artesanal moído. A Caprese, tida como a mais premiada criação da casa, tem uma base de mussarela que leva fatias carnudas de tomate caqui, rodelas de mussarela de búfala artesanal, folhas de manjericão gigante e pesto de azeitonas pretas. As duas estavam divinas, mais do que justificando a fama e a lotação da casa. Posso dizer, sem exageros, que poucas pizzas de São Paulo têm a massa tão leve e saborosa quanto as da Quintal do Bráz. Os recheios, elaborados com ingredientes de primeiríssima, também estavam perfeitos, super bem-feitos.

A deliciosa pizza Lírica (62,00 a grande) - Foto: www.quintaldobraz.com.br

E a premiada Caprese (57,50), também de dar água na boca - Foto: www.quintaldobraz.com.br

A casa tem uma boa carta de vinhos e ainda oferece ao cliente a simpática opção de consumi-los em jarras de 250 ml ou 500 ml. Nós optamos por uma jarra de 500 ml do argentino Pampas del Sur Merlot/Malbec - a jarra de qualquer tinto importado, dessa dimensão, sai por 46,00. Achei o vinho apenas OK, nada de especial.


E como a conversa estava tão boa quanto nosso humor, resolvemos prolongar a refeição com uma sobremesa. Eu optei pelo tiramisù, que estava gostoso, mas podia ser um pouco mais consistente. A outra pedida da mesa foi o petit gâteau, que também agradou bastante. E depois... cafezinhos, claro! Resultado: quando saímos o salão já estava quase vazio! (rs)

O delicado tiramisù - Foto: Simone Catto

O petit gâteau - Foto: Simone Catto

Outra vantagem da pizzaria é a localização, numa rua tranquila da Vila Mariana, sem o trânsito e a dor de cabeça das ruas lotadas de casas badaladas.

Portanto, se você quiser comer uma das melhores pizzas de Sampa num ambiente animado, porém longe da muvuca, pode ir à QUINTAL DO BRÁZ sem erro. Fica na Rua Gandavo, 447 – Vila Mariana – tel.: 5082-3800 – www.quintaldobraz.com.br. Abre de domingo a quinta-feira das 18h30 às 00h30 e sextas e sábados das 18h30 à 01h30.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

'Amor', um filme que só pode rimar com dor.

Eu já sabia que 'Amor', de Michael Haneke, não seria um filme fácil. A história de um feliz casal de octogenários que, de repente, tem suas vidas dolorosamente transtornadas pelo AVC incapacitante da mulher, exímia pianista, obviamente não é do tipo que faz a gente sair saltitante do cinema. O que eu não poderia imaginar é que, além de triste, o filme também se revelaria dolorosamente chocante.

Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), uma dupla tocada pelos anjos. 

Os velhinhos Georges (Jean-Louis Trintignant, um dos grandes ícones do cinema francês) e Anne (Emmanuelle Riva) são independentes e vivem bem. Casados há décadas, são companheiros e se tratam com carinho e respeito. O filme começa quando ambos, professores de música aposentados, saem conversando satisfeitos do concerto de um ex-aluno. Até que, durante um café da manhã, Anne tem um derrame cerebral e, para que seu estado não se agrave, precisa se submeter a uma cirurgia que tem apenas 5% de risco de dar errado. Por uma trapaça do destino (e para justificar a existência do filme, claro...), Anne cai justamente no lado errado da estatística e a cirurgia é malsucedida. A partir daí, sua saúde só piora.

A cena em que Anne sofre o AVC é particularmente triste.

Georges ampara a esposa, que na fase inicial da doença ainda está lúcida e consegue realizar alguns movimentos.

Companheiros inseparáveis, os velhinhos também compartilham grande afinidade intelectual. 

Georges cuida da esposa com uma força e resistência extraordinárias para um idoso de sua idade. O homem pacientemente banha a mulher, faz sua higiene, lhe dá comida na boca, procura prover todas as suas necessidades. É de cortar o coração. O estado de saúde de Anne, contudo, vai se degradando dia a dia. Pouco a pouco, ela perde a capacidade de falar e se mexer e, em sua mente, vai se volatizando o fio tênue que separa lucidez de imaginação. Georges assiste a tudo, dilacerado.


Em sua imaginação, Georges vê a esposa tocando magistralmente o piano, uma visão à qual estava habituado.

O casal tem uma filha distante (Isabelle Huppert) que, ao ver o esforço sobre-humano empreendido pelo pai para cuidar da mãe, sugere sua internação em uma instituição especializada. O pai reluta, sobretudo porque, na fase inicial da doença, Anne havia lhe suplicado que prometesse nunca deixá-la num hospital. Anne não é internada e seu estado de saúde vai piorando na mesma medida em que as energias de Georges também vão se esgotando. Daí para o desfecho chocantemente trágico – e, cá entre nós, em certa medida previsível para uma espectadora de filmes franceses como eu - é um pulo.

A filha Eva (Isabelle Huppert) tenta convencer o pai a hospitalizar a mãe.

Os atores são soberbos. Não por acaso, Emmanuelle Riva, magnífica, concorre ao Oscar de melhor atriz por sua comovente interpretação de Anne. Sua atuação é verdadeiramente impressionante, o que é um alento num mundo que não raro supervaloriza a juventude em detrimento do talento. Aliás, ao saber que era ela a protagonista de 'Amor', logo lembrei que também foi ela, ainda jovem, bonita e dona de um par de olhos incrivelmente expressivos, que protagonizou o belíssimo 'Hiroshima mon Amour', um cult de Alain Resnais produzido no ano de 1959.


Vencedor do Globo de Ouro 2013 como Melhor Filme de Língua Estrangeira, 'Amor' também foi indicado ao Oscar de melhor filme, direção, filme em língua estrangeira e roteiro original. Certamente levará algum!

Se você pretende assistir, prepare-se para um filme forte. Mas não vá se estiver deprimido(a), sob risco de se suicidar no final! 'AMOR' está em cartaz em várias salas, entre as quais Reserva Cultural 3, Espaço Itaú de Cinema – Augusta 1, Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 6 e Playarte Bristol 2. Eu assisti no ReservaCultural e, enquanto aguardava minha sessão, aproveitei para comer um chou com cappuccino no café Pain de France, sempre agradável e cheio de gente interessante. Vale a pena conferir o show de interpretação do maravilhoso casal de protagonistas, Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant.