sábado, 22 de agosto de 2015

'Uma Nova Amiga', de François Ozon: ambiguidade sexual "dá nó" no espectador.

Qual seria sua reação se soubesse que o marido de sua melhor amiga gosta de se vestir de mulher, mas não é gay? É exatamente isso o que acontece com Claire, jovem protagonista do filme Uma nova Amiga, de François Ozon. Claire acaba de perder sua melhor amiga - a amiga de infância Laura - para uma doença e, no enterro, promete cuidar de seu bebê recém-nascido e dar apoio ao viúvo, David. Um dia, preocupada com este, encontra a porta de sua casa aberta e flagra o viúvo embalando a filha recém-nascida vestido de mulher dos pés à cabeça. David usa um vestido da falecida esposa, uma peruca loira, sapatos de salto e está sentado calmamente dando mamadeira à criança.

As amigas Claire (Anaïs Demoustier) e Laura (Isild Le Besco), a falecida, nos tempos de colégio.

Esse choque, e o que acontece a partir daí, tece o fio do enredo desse filme bem construído e provocativo. Claire é casada com Gilles, um publicitário bom moço e bonitão, mas começa a sentir-se cada vez mais perturbada e fascinada com a ambiguidade sexual de David – um homem que, embora aprecie vestir-se como mulher e adote o codinome de 'Virginia', não é homossexual e sente-se atraído por mulheres. A trama tem, indiscutivelmente, um "quê" de Almodóvar ao retratar as idiossincrasias de uma sexualidade que não se deixa categorizar em uma classificação fácil. Afinal, Claire sente-se atraída por David ou por sua representação feminina? Se Claire não tivesse visto David vestido de mulher, essa atração teria acontecido?

Claire e Gilles (Raphaël Personnaz), o marido fofo.

David (Romain Duris) travestido como 'Virginia', ao lado de uma Claire já acostumada com a ideia.

David e Claire: ambiguidade pura!

O filme provoca por nos apresentar uma situação que foge ao convencional em termos de relações humanas e sexuais, mas, neste quesito, sabemos que existe de tudo por aí – e, convenhamos, desde que ninguém não saia prejudicado, casa um usa sua sexualidade do jeito que lhe aprouver. O que importa é que, com toda a sua estranheza, o filme é bom, gera reflexão e vale a pena assistir!

Em São Paulo, Uma nova amiga está atualmente em cartaz apenas no Reserva Cultural. Não perca!

Ficha técnica parcial:

Direção: François Ozon
Elenco: Romain Duris (David/Virginia), Anaïs Demoustier (Claire), Raphaël Personnaz

(Gilles), Isild Le Besco (Laura), Aurore Clément (Liz, mãe de Laura)

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

'Joan Miró – A força da matéria': última chance para ver o artista catalão.

Faz uns dois meses que fui à exposição Joan Miró – A força da matéria, no Instituto Tomie Ohtake e, para ser franca, relutei um bocado para começar a escrever esta resenha. E eu sei por quê: há artistas que respeitamos, mas não amamos. E para mim, Joan Miró (1893-1983) é um deles. De qualquer modo, a exposição está classificada como uma das melhores de São Paulo pela crítica especializada e eu não quis perdê-la. Sem falar, é claro, que o programa foi valorizado pelo delicioso café que tomei depois, na Ofner em frente ao Instituto, embalado por uma ótima conversa.

Dividida em três blocos cronológicos, a exposição mostra cerca de 50 anos da produção do artista, reunindo mais de 100 obras entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e objetos (pontos de partida para as esculturas), além de fotografias sobre a trajetória do pintor catalão. As peças pertencem à Fundação Joan Miró, de Barcelona, e a coleções particulares.

Mulher na noite (1973) - acrílica s/ tela - Fundação Joan Miró, Barcelona

Confesso que, particularmente, não conheço muito a vida e obra de Miró. Sei que, em sua juventude, ele se preparava para seguir uma carreira no mundo dos negócios, mas, após um colapso nervoso, decidiu tornar-se artista. Após vencer a resistência inicial da família, pôs-se a pintar, produzindo uma obra influenciada pelo fauvismo, cubismo e surrealismo, movimento do qual chegou a participar. Na realidade, o artista absorveu elementos dessas três escolas para criar seu próprio estilo.


A Manicure cabeça-de-vento (1975) - água-forte e água-tinta - Fundação Joan Miró, Barcelona

Miró esteve em Paris pela primeira vez na década de 20 e, na ocasião, ficou tão impactado pelas descobertas artísticas e culturais na cidade, que ficou meio "paralisado", por assim dizer: não pintou nada durante toda a sua estada. Foi nessa época que ele conheceu Picasso e também ficou bastante impressionado com as ideias de Tristan Tzara, o grande agitador do movimento Dada, além de fazer amizade com inúmeros intelectuais. André Breton, líder do Surrealismo, afirmou: "Miró é o mais surrealista de todos nós", ao se referir aos outros artistas dessa escola. No entanto, embora tenha sentido grande simpatia pelo movimento, Miró sempre permaneceu independente – uma independência e liberdade que caracterizariam sua trajetória artística pela vida toda.


O Sonâmbulo (1974) - água-forte, água-tinta e carborundo
Fundação Joan Miró, Barcelona

No final dos anos 20, Miró manifestou de forma explícita seu propósito de "assassinar a pintura", no sentido de acabar com a concepção clássica da pintura de cavalete. Nesse momento, começou a criar colagens e objetos a partir de assemblages de diferentes materiais. Em sua permanente experimentação com a matéria, também conheceu e se aproximou das técnicas dos povos primitivos.


Mulher III (1965) - óleo e acrílico s/ tela - Fundação Joan Miró, Barcelona

Podemos dizer que a espontaneidade é um dos traços mais notados e mencionados a respeito da obra de Miró. As cores vivas e blocadas preenchendo as figuras, bem como algumas formas abstratas, transmitem uma boa dose de ingenuidade – muitas obras parecem ter sido feitas por crianças (e cá entre nós, poderiam ser, mesmo!). O artista faz uso abundante do preto e das cores primárias - o vermelho, o amarelo, o azul - em composições repletas de energia em que se destacam a liberdade e a fluidez do traço. Às vezes este começa mais fino, quase caligráfico em suas curvas, e depois se alarga gradativamente. Aqui e acolá, vemos as onipresentes bolinhas e pontinhos pretos que são marca registrada do artista. Lembro-me, aliás, que sempre distingui várias obras de Miró pelos tais pontinhos.


Dois personagens caçados por um pássaro (1976) - óleo s/ tela - coleção particular
Olhe os indefectíveis pontinhos, aí!

Embora eu não seja apaixonada por sua obra, como afirmei no início deste texto, é inegável reconhecer que Miró inovou à sua maneira e criou pinturas extremamente vigorosas.

Quer conferir? Corra, porque JOAN MIRÓ – A FORÇA DA MATÉRIA ficará em cartaz somente até o próximo fim de semana (23/8).

Instituto Tomie Ohtake - R. Coropés, 88 – tel.: (11) 2245-1900 - www.institutotomieohtake.org.br
Horário da bilheteria: terça a domingo, 10h às 19h - Horário de entrada: 11h às 19h.

Quanto custa: quarta a domingo - R$10,00 a inteira / R$5,00 a meia / terça-feira – entrada franca. É preciso retirar senhas na bilheteria (2 por pessoa).

domingo, 16 de agosto de 2015

'Single Singers Bar'. Um musical que poderia ser, mas não é.

É isso mesmo. De vez em quando, o que parece ser não é. E a gente cai numa roubada quando decide assistir a um espetáculo sem a indicação de amigos ou a leitura prévia da crítica especializada. Foi exatamente o que aconteceu comigo em relação ao musical Single Singers Bar, em cartaz no Teatro Jaraguá, localizado no hotel de mesmo nome no Centro de São Paulo. Trata-se de uma homenagem aos antigos cabarés cuja sinopse anuncia músicas de Cole Porter, Gershwin e Kurt Weill em versões de Claudio Botelho e Carlos Rennó. Os nomes me encheram os olhos e, naturalmente, os ouvidos. E lá fui eu, a desavisada.


Ironicamente, fez sentido um trecho do texto assinado no folheto do espetáculo pela diretora de produção Silmara Deon, que também faz parte do elenco, ao afirmar que "Single Singers Bar é uma peça sem pretensão nenhuma". É o que parece, mesmo. Para começar, a produção é pobre. Sim, porque economia de materiais e/ou baixo orçamento não significam economia de criatividade. Além do mais, vamos combinar: cenários minimalistas pedem elencos superlativos. E, definitivamente, isso não acontece. Muito pelo contrário. A maioria dos cantores é desafinada, não tem voz nem fôlego e tampouco o physique du rôle para interpretar canções do calibre proposto pelo espetáculo. Além de talento e preparo, faltou direção. O fato é que o amadorismo, tanto do elenco quanto da produção, foi realmente constrangedor - senti-me como se estivesse em uma peça montada por colegiais e que nem de longe justificava os R$ 50,00 que paguei pelo ingresso. Tudo bem que não sou nenhuma expert em teatro ou musicais, mas já ouvi, estudei e vi o suficiente para expressar minha opinião sem culpa ou constrangimento. Além do mais, assisti à peça acompanhada de pessoas leigas, porém dotadas de senso estético e bom gosto musical, e a opinião delas não diferiu da minha. Uma pena, porque, nas mãos certas, o tema renderia um belíssimo espetáculo.

Ficha técnica parcial

Direção Geral: Dagoberto Feliz
Produção Executiva: William Gutierre
Direção de Produção: Silmara Deon
Cenário: Flavio Tolezani
Elenco: Lilian Blanc, Silmara Deon, Luciana Carnieli, Katia Naiane, Cacau Merz, Fernando Nitsch, Daniel Morozetti, Helder Mariani, Demian Pinto e Bruno Guida.

domingo, 9 de agosto de 2015

Exposição 'Déjà Vu', de Claudio Takita. Musas revisitadas, alegria renovada.

Eu já havia tido o prazer de encontrar as divas de Takita há uns dois anos. E agora, novas musas juntaram-se às anteriores, dando-nos um espetáculo de cor e técnica em pinturas alimentadas por uma vigorosa dose de nostalgia.

Claudio Takita ao lado de Marilyn Monroe, uma das musas imortalizadas em suas pinturas - Foto: Simone Catto

Desta vez, o ponto de encontro foi a recém-inaugurada Deco ArtClub, um espaço multicultural de muito bom gosto que reúne loja de decoração, galeria de arte, café e que, futuramente, vai abrigar também cursos na área de arte e humanidades.

O espaço da loja, repleta de belos objetos de decoração - Foto: Simone Catto

Quem compareceu ao vernissage teve o raro prazer de contemplar, lado a lado, algumas das beldades mais icônicas que o mundo já viu. Audrey, Marilyn, Liz, Amy, Sophia e outras divas, retrô ou nem tanto, fitam o espectador fazendo charme ou sorrindo, ora com alegria, ora com ar maroto, ora com um "quê" de mistério. Algumas exalam glamour, como a eterna "bonequinha" Audrey Hepburn. Outras são o retrato da alegria, como uma Marilyn jovem e feliz ao lado de uma cabine telefônica londrina. Liz Taylor posa recostada em um reluzente Lincoln Continental. Já Sophia Loren é pura exuberância em um luxuriante fundo vermelho, e Uma Thurman tem sua beleza enigmática envolta em negro. Divas das telas convivem lado a lado com divas da música, como Amy Winehouse e Annie Lennox, resultando em imagens vibrantes com forte viés pop.

'Audrey' - acrílica s/ tela - 110 cm X 80 cm - Foto: Simone Catto

Aqui, temos uma Marilyn feliz, acompanhada da Vênus de Botticelli aprisionada na cabine telefônica e de uma musa de tempos mais recentes à direita: Anne Hathaway - Foto: Simone Catto

'Liz' - acrílica s/ tela - 100 cm X 120 cm - Foto: Simone Catto
  
Criador e criatura: Takita feliz ao lado de sua exuberante Sophia.
Foto: Simone Catto

E aqui, o artista fala sobre sua inspiração para criar esta Uma Thurman envolta em mistério... - Foto: Simone Catto

Por vezes, Takita toma emprestadas referências de outros mestres, criando composições interessantes e intrigantes. É o caso da pintura Beijos, uma das mais belas da exposição, em que o artista inspirou-se livremente em uma das obras mais populares de Gustav Klimt, o austríaco que encarnou, de forma inovadora, o esprit art nouveau de sua época. Em outra pintura, distinguimos elementos que poderiam estar em uma obra de Roy Lichtenstein, por exemplo. Até Van Gogh deu as caras por lá, em uma tela na qual seu famoso quarto em Arles é o grande protagonista.

A tela 'Beijos', inspirada em Gustav Klimt - acrílica s/ tela - 170 cm X 145 cm
Foto: Simone Catto

E aqui, quem diria... o quarto de Van Gogh em primeiro plano, atentamente observado pela diva pop Annie Lennox, da banda Eurythmics - Foto: Simone Catto

Takita faz uma pintura solar. Tanta cor e calor, associados a elementos simbólicos facilmente reconhecíveis e, principalmente, a tantas mulheres que há décadas povoam a imaginação e os sonhos da humanidade, criam identificação imediata e atraem a simpatia do espectador.

Se você puder, dê um pulo no Deco ArtClub e conheça as obras de CLAUDIO TAKITA. Mas atenção: a exposição fica apenas até o dia 14/8. O endereço é Rua Canário, 1318, Moema. Tel.: (11) 2619-0057 – www.decoartclub.com.br. O espaço abre de terças a sextas-feiras das 10h às 19h, e aos sábados das 10h às 18h.

Dica esperta: no dia 13/8, quinta-feira, a partir das 19h30, haverá um coquetel de finissage com DJ, sessão de live painting com o artista Thiago Ribeiro, projeções sobre o processo criativo de Takita e leilão beneficente de uma obra do artista. Confirme sua presença pelo e-mail vivian@sartoria.com.br e aproveite!

domingo, 2 de agosto de 2015

Bossa restaurante. Comece pelas medalhas de tapioca e continue como Deus quiser.

Se há algo do qual a gente não pode reclamar em São Paulo é sua oferta gastronômica – apesar dos preços um tanto salgados, com o perdão do trocadilho. O fato é que, mesmo com essa crise "braba" que assola o país de Norte a Sul, restaurantes continuam pipocando em Sampa e de vez em quando gosto de experimentar um novo.

Hoje, por exemplo, compartilhei um almoço no Bossa, misto de restaurante, bar e estúdio de som – sim, estúdio de som! – inaugurado em fevereiro pelas mãos do empresário e DJ (está explicado!) Renato Ratier, dono da boate D-Edge, uma casa que, parece-me, é das mais fervidas e longevas da noite paulistana. 

Modernoso, o lugar tem uma fachada de madeira que lembra um contêiner e três andares interligados. OK, contêineres são trambolhos medonhos por natureza, mas essa fachada não chegou a assustar à primeira vista devido à maciça presença de madeira e à impressão agradável que tivemos ao entrar. A propósito, o projeto arquitetônico é assinado por Muti Randolph, o mesmo que desenhou o D-Edge.

A fachada do Bossa - não se assuste! - Foto: Veja São Paulo

Nos ambientes internos, felizmente também predomina a madeira, contribuindo para conferir um clima de aconchego a uma arquitetura com muitos ângulos retos e um pé direito altíssimo que pudemos notar do ponto onde sentamos.

O salão da frente, que recebia mais luz solar, estava lotado. Aliás, naquele espaço achamos as mesas muito próximas umas das outras e, no final das contas, julgamos mais confortável sentar no outro salão, em uma mesa de frente para o bar e a uma boa distância da mesa vizinha. Chegamos pouco antes das 14h e, por sorte, conseguimos pegar a última mesa disponível. Em São Paulo, quando abre um bar ou restaurante novo e as críticas gastronômicas são positivas, não dá outra: os paulistanos logo vão conferir. Ainda mais em um bairro de bom poder aquisitivo como os Jardins.

Lá no fundo, dá para ver o salão ensolarado - Foto: Simone Catto

O ponto onde ficamos, de frente para o bar e com mesas bem mais confortáveis - Foto: Simone Catto

O cardápio, com receitas contemporâneas, foi criado por William Ribeiro, eleito chef revelação na edição especial 'Comer & Beber' da Veja São Paulo, em 2010, quando trabalhava no 'O Pote do Rei'. Dizem que uma única visita não é suficiente para criarmos um conceito acerca de um restaurante, mas posso falar que essa minha primeira experiência com o Bossa foi bem positiva. O atendimento do garçom Fernando foi gentil e os pratos que pedimos estavam muito bons.

Como o dia estava hiper mega ensolarado e fazia um calor de 26 graus em pleno inverno de Sampa, resolvemos compartilhar um vinho branco. Pedimos então o Cruz Alta, um sauvignon blanc safra 2014 produzido em Mendoza, na Argentina. Aromático e bem refrescante, o vinho foi servido na temperatura certa e valorizou maravilhosamente nossa refeição.

Foto: Simone Catto

Para começar, pedimos a porção de Medalhas de tapioca com mel de tabasco, deliciosa e bem servida. As tapiocas chegaram à mesa com uma textura e consistência incríveis. Uma iguaria para se comer de joelhos!

Medalhas de tapioca com mel de tabasco (R$ 24): um desbunde de boas!!! - Foto: Simone Catto

Eu não queria comer nada pesado nesse dia quente, então escolhi a Salada Tropical, que leva folhas verdes, manga, camarão, trigo e cevada em grãos, gergelim e espetinho de camarão ao vinagrete de maracujá. Os camarões no espetinho estavam bem feitos e a salada fresquinha, supernutritiva e com um tempero gostoso. Delícia!

Minha Salada Tropical (R$ 48) também fez bonito! - Foto: Simone Catto

O outro pedido da mesa foi o spaghettini com lula ao alho e óleo, vinho branco, presunto cru e agrião (R$ 50). Também agradou cem por cento. E para finalizar uma refeição tão agradável em companhia idem, só faltava... o cafezinho!!! E ele chegou saboroso e bem tirado.

O cafezinho deu o toque final de sabor em uma ótima refeição! - Foto: Simone Catto

O restaurante tem um horário de funcionamento bem extenso, mas ouvi falar que, futuramente, a ideia é que funcione 24 horas. Tomara! 

Se você quiser conferir, o BOSSA fica na Al. Lorena, 2.008 - Jardim Paulista. Tel.: 3064-4757 – www.bossarestaurantebarestudio.com.br. Abre de segunda a quarta das 12h às 24h, quinta a sábado das 12h às 3h, e domingo das 12h às 23h. Tem 70 lugares. E para quem confia, há serviço de valet no local (R$ 20).