quinta-feira, 23 de maio de 2013

Alex Vallauri e a arte que estampou de alegria os muros de Sampa, agora no MAM.

Eu lembro que, ainda criança, ao circular de carro com meus pais pelas ruas de São Paulo, vira e mexe me deparava com o desenho de um gracioso acrobata em alguns muros e viadutos da cidade. Era uma figurinha esbelta, às vezes negra e por vezes colorida, verdadeiro prodígio do contorcionismo circense. Eu ficava intrigada e ao mesmo tempo encantada com os traços ágeis e delicados daquele homenzinho que lembrava um gênio saído de conto de fadas. E ficava me perguntando quem seria a pessoa que espalhava aquelas figurinhas legais por ali.

O acrobata que me encantou décadas atrás... - Foto: Simone Catto

E aqui a ágil figurinha exibe suas habilidades em um muro qualquer, em registro fotográfico do próprio artista. 
Foto: Simone Catto

Aqui meus amigos se divertem na calçada! - Foto: Simone Catto

Creio que não muito tempo depois, não me lembro exatamente quando, vim a descobrir que aquele personagem misterioso que habitava os becos da cidade e atiçava minha imaginação infantil era um estêncil de Alex Vallauri (1949, Etiópia-1987, Brasil), precursor da arte de rua no Brasil. Qual não foi minha alegria, portanto, ao receber a notícia de que depois de tanto tempo meu amiguinho acrobata estaria enfeitando as paredes no MAM?

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto
Sim, o MAM Ibirapuera está exibindo a mostra 'Alex Vallauri: São Paulo e Nova York como suporte', uma retrospectiva da obra do artista que espalhou sua alegria de viver em grafites por vários bairros centrais de São Paulo nas décadas de 70 e 80. Com curadoria de João Spinelli, a mostra reúne gravuras, serigrafias e registros fotográficos dos estêncis de Vallauri, que além do acrobata inclui muitos outros ícones que marcaram época, como a famosa bota negra feminina de saltos altíssimos e viés fetichista.

Desenhista, gravador, pintor, designer e cenógrafo, Alex Vallauri graduou-se em comunicação visual pela FAAP em 1971 e, pouco depois, tornou-se professor de desenho na mesma instituição. Vallauri produziu uma arte absolutamente despretensiosa em uma época na qual nem se falava em arte de rua no Brasil. Tudo o que ele desejava era se comunicar e criava pelo prazer de criar, por pura fruição estética. Humor, ironia e, muitas vezes, crítica social, se integraram em signos facilmente identificados nas ruas de São Paulo, compartilhados com uma multidão anônima que passava diariamente por aqueles locais.


A elegância dos traços do artista é inconfundível - Foto: Simone Catto

O fetiche corria solto! - Sem título - grafite e pintura sobre cartão (década de 80)
Foto: Simone Catto

'A Rainha do Frango Assado', pin-up brega e lúdica - Foto: Simone Catto

Depois de flertar com o expressionismo numa fase inicial da carreira, Alex Vallauri enveredou abertamente pela pop art e foi em 1978 que deu início à sua produção mais emblemática, a de grafiteiro. No começo, idealizava grafites para serem estampados sozinhos, como é o caso da bota preta e do pião, entre outros. Depois, não tardou para que pin-ups e personagens das histórias em quadrinhos, como o mágico Mandrake, começassem a povoar os muros de Sampa ao lado de outros ícones da cultura pop.

Os signos facilmente identificáveis do artista - Foto: Simone Catto

A 'Mulher Pantereta', uma das pin-ups de Vallauri, saboreia uma margarita enquanto leva uma prosa com o barman. 
(década de 80) - Foto: Simone Catto

Da cartola desse Mandrake saía uma festa! - Foto: Simone Catto

Por vezes, o próprio público complementava a obra, acrescentando outras imagens ou textos ao lado dos grafites do artista. Foi por essa época, também, que o gosto pelo kitsch ganhou referências bem-humoradas em obras como a instalação 'A Festa na Casa da Rainha do Frango Assado', concebida para a 18ª Bienal de São Paulo em 1985 e parcialmente remontada na exposição do MAM.

'Festa na casa da Rainha do Frango Assado', instalação na 18a. Bienal de São Paulo (1985) parcialmente reproduzida no MAM - Foto: Simone Catto

Assim como os artistas da pop art pretenderam democratizar o acesso de suas obras às massas, Vallauri intencionalmente fez o mesmo com suas criações pelas ruas da cidade. O que muita gente talvez não saiba é que, após estrear sua arte em São Paulo, o artista fez uma bem-sucedida incursão por Nova York no início dos anos 80, obtendo grande reconhecimento por lá. Sua bota preta virou ícone e até cartão postal da cidade-fetiche, e seus grafites coloridos invadiram paredes e viadutos de bairros como o Soho, Greenwich Village e Broadway. Depois de devidamente fotografadas pelo próprio artista, essas obras foram transformadas em uma edição limitada de fotocópias coloridas, assinadas e datadas pelo autor e agora apresentadas na exposição.

As bruxinhas de Vallauri nos muros de New York - Foto: Simone Catto

Meu acrobata fez sucesso nos States também! - Foto: Simone Catto

Alex Vallauri pesquisava e produzia sem parar, porém não conquistou sucesso material. Conquistou, contudo, um lugar no imaginário de milhões de paulistanos que tiveram o prazer de se deparar, por acaso, com algum de seus divertidos e inconfundíveis ícones pelas ruas da cidade. Pena que ele tenha deixado tão precocemente este mundo.

Foto: Simone Catto

Se você teve a alegria de conhecer pessoalmente algum grafite de Alex Vallauri lá pelos idos dos anos 70 e 80, vale a pena visitar a mostra do MAM para matar a saudade. Tudo bem que nada se compara à experiência ao vivo e in loco nas ruas de Sampa, mas rever os ícones pop do artista com toda certeza trará boas lembranças a você. Mas se você nunca viu nada de Alex Vallauri, esta aí uma boa oportunidade para conhecer os grafites que devem ter divertido seus pais – e talvez até seus avós – ao circularem pelas ruas da cidade quando tinham a sua idade.

ALEX VALLAURI: SÃO PAULO E NOVA YORK COMO SUPORTE
MAM Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, portão 3 - Parque Ibirapuera. Tel.: 5085-1300. De terça a domingo, das 10h às 17h30. Ingresso: R$ 6 (grátis p/ menores de dez, maiores de 65 anos e domingo. Até 23/6.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

'Dentro da Casa'. Obsessão à francesa num filme que sabe prender a atenção.

É muito bom ver um filme que entretém com imaginação, um roteiro bem-feito e um enredo que suscita questionamentos. É exatamente essa a sensação que tive ao assistir a 'Dentro da Casa', suspense do francês François Ozon rodado no ano passado.

Tudo começa quando Claude (o expressivo garoto Ernst Umhauer), um estudante de 16 anos, começa a se aproximar do colega de classe Rapha (Bastien Ughetto) para ter a oportunidade de desfrutar do convívio de uma família que, supostamente, julga perfeita.

A mãe de Claude o abandonara quando ele era ainda criança e o garoto cuida do pai, preso a uma cadeira de rodas. Já Rapha tem uma família pequeno-burguesa: sua mãe é uma bela e entediada dona de casa que se entretém com revistas de decoração, e o pai é um sujeito boa-praça, profissional que goza de certo status profissional, porém infeliz com as humilhações que sofre na empresa em que trabalha. Vale ressaltar que a mãe de Rapha, Esther, é interpretada pela ainda belíssima Emmanuelle Seigner, imortalizada no início dos anos 90 no perturbador 'Lua de Fel', de Roman Polanski, ao lado de Kristin Scott Thomas, novamente sua colega de elenco.

Quando o professor de francês dos meninos, Germain (Fabrice Luchini), propõe uma redação à classe, Claude relata com pormenores as impressões que uma visita à casa do amigo havia lhe causado. Apesar de ter achado um tanto invasiva a forma como Claude expõe o amigo e sua família, o professor nota seu talento para a escrita e o encoraja.

A família que Claude (de pé) julga perfeita. 

Aos poucos Claude vai se aproximando mais e mais de Rapha e, com a desculpa de ajudar o amigo em suas dificuldades na matemática, começa a frequentar cada vez mais sua casa. Fica seduzido pelo estilo de vida da família, a atmosfera de conforto que jamais havia tido chance de desfrutar e, principalmente, com a bela mãe do amigo - talvez sinal de um complexo de Édipo mal resolvido. Cada visita vira uma nova redação que é sempre uma continuação da anterior ansiosamente aguardada pelo professor, que a todas lê, sempre a encorajá-lo.

Claude e o professor Germain, cada vez mais enveredado na teia literária do aluno.

À medida que Claude vai se embrenhando cada vez mais fundo no seio da família do amigo, a ponto de começar a incomodar Esther com sua presença, chega um momento em que ficção confunde-se com realidade e, em suas redações, passamos a não mais distinguir o que realmente ocorreu e o que é fruto de seus anseios e sua imaginação adolescente um tanto doentia. A obsessão do menino pela família perfeita chega a um ponto tal que acaba por enredar também o professor, gerando consequências nefastas – sobretudo para este último.

Claude e Esther, a mãe do colega interpretada por Emmanuelle Seigner.

Como contraponto ao núcleo professor-aluno, temos também o núcleo do professor e sua esposa Jeanne (Kristin Scott Thomas), que também rende cenas interessantes e muitos diálogos vivazes. Germain compartilha com ela seus pontos de vista sobre as redações do estranho aluno e, em contrapartida, ouve suas queixas sobre a galeria de arte contemporânea que administra e que está à beira da falência.

Jeanne, interpretada pela sempre soberba Kristin Scott Thomas, ao lado do marido, o prof. Germain (Fabrice Luchini).

Logo no início do filme, vemos Jeanne tentando explicar ao marido os meandros de uma divertida exposição de arte erótica na galeria que abriga, entre outras "obras", bonecas infláveis caracterizadas como grandes ditadores da história – nessa cena, o riso correu solto no cinema. Impossível não notar, aí, uma espécie de crítica aos desvarios da arte contemporânea e, principalmente, aos critérios utilizados para classificar certas de suas manifestações como arte. Em outro momento, Germain escarnece dos textos dos catálogos de exposições de arte, que dizem muito sem explicar nada. E novamente, somos obrigados a concordar! Não são poucos os curadores e redatores de catálogos que se utilizam de tantas metáforas e abstrações na tentativa de evocar imagens mentais ao leitor, que ao final o texto revela-se absolutamente vago e ininteligível: não diz nada com coisa nenhuma.

O enredo, o roteiro, os diálogos e os atores, aliados a uma direção segura, fazem de DENTRO DE CASA um filme inteligente que foge do lugar-comum e, por isso mesmo, recomendado a todos. Mas não demore a assistir, porque atualmente está em cartaz em apenas dois cinemas de Sampa, e com horários restritos: Reserva Cultural e Lumière Playarte.

Direção: François Ozon

Elenco:
Professor Germain - Fabrice Luchini
Claude - Ernst Umhauer
Jeanne - Kristin Scott Thomas
Rapha - Bastien Ughetto
Esther - Emmanuelle Seigner
Pai de Rapha - Denis Ménochet

domingo, 19 de maio de 2013

'Lady Warhol', no MAM. Quando a mística é mais forte que a imagem.

Outro dia fui ao MAM ver a exposição do Alex Vallauri, precursor do grafite no Brasil, e aproveitei para dar uma olhada também na mostra 'Lady Warhol' - pela curiosidade, e também para descobrir por que ela ganhou cotação máxima no Guia da Folha, quatro estrelinhas.

Foto: Simone Catto

A exposição é composta de 50 fotos de Andy Warhol caracterizado como mulher, clicado em 1981 por seu amigo Christopher Makos, assistente de Man Ray na década de 70. Makos e Warhol eram mesmo muito próximos. Frequentavam as mesmas rodas, cultuavam os mesmos ídolos – Duchamp, Dali e Man Ray - e tornaram-se grandes parceiros intelectuais e companheiros de trabalho. Entre o final dos anos 70 e início dos 80, viajaram juntos pela Europa toda com suas respectivas câmeras, fotografando o que viam pela frente e também fazendo retratos de esposas e famílias ricas para "pagar o aluguel", como afirma Makos no catálogo da exposição. 'Costumávamos chegar a Paris a bordo do Concorde, então íamos para o apartamento dele na Rud du Cherche Midi, depois jantávamos comida italiana e daí, no dia seguinte, podíamos pegar um avião para a Alemanha', explica.


Makos explica também que as fotos fazem parte de uma série batizada de Altered Image, inspirada em retratos que Man Ray fez em 1921 do artista plástico francês Marcel Duchamp caracterizado como mulher, usando vestido e chapéu femininos. Na ocasião, a personagem do mestre dadaísta-surrealista interpretada por Duchamp foi batizada de 'Rrose (sim, com dois 'erres') Selavy'. No entanto, ao invés do clima noir da foto de Duchamp, Makos optou por uma abordagem diametralmente oposta, isto é, explorar ao máximo os efeitos da extrema brancura de seu modelo.


Marcel Duchamp caracterizado como a estilosa
dama noir 'Rrose Selavy', clicado por Man Ray.

Foto: Simone Catto

Warhol aparece com um figurino um tanto dúbio: posou de camisa branca, gravata e jeans, porém usando uma pesada maquiagem e diferentes perucas femininas. Vale ressaltar que o jeans, a camisa e a gravata, mais botas de caubói, faziam parte do figurino do artista no dia a dia. Além disso, em boa parte das fotos Warhol aparece com o "olhar perdido" das senhoras ricas que fotografava para ganhar a vida, numa espécie de paródia a arquétipos recorrentes em sua trajetória profissional.

Makos destaca ainda que, no final da década de 70, estava muito em voga o cross dressing para criar confusão de gêneros sexuais, sinalizando o nascimento de estilos de vida alternativos que estavam então começando a surgir. 

Foto: Simone Catto

As fotos de Warhol clicado por Makos são mesmo muito bonitas e expressivas. Porém, creio que eu – e provavelmente muita gente também – sinta os efeitos de uma certa ressaca de Warhol de tanto que o homem aparece na mídia. Ocorreu com o artista o mesmo que ele, intencionalmente, fez com sua obra: a massificação até a exaustão.

Sou inclusive obrigada a confessar que, embora tenha gostado das fotos, elas tornaram-se, contudo, mais interessantes depois que li o catálogo, no qual Makos conta um pouco dos bastidores, daquilo que ocorreu por trás delas. Ao citar o frenesi das viagens, o círculo de amigos, os trabalhos infindáveis e a quantidade de gente interessante que fotógrafo e modelo encontraram pelo caminho, a imaginação ganhou asas e passei a encarar essas fotos com outro olhar.

Por isso, volto novamente àquele questionamento – ou provocação - que, invariavelmente, insisto em fazer: as fotos ganharam quatro estrelas no Guia da Folha apenas porque são muito boas ou seria, sobretudo, devido à mística existente por trás delas?

Será que a exposição é considerada atraente porque o modelo é Warhol e tanto ele quanto o fotógrafo levavam uma "vida louca" e interessante? E se fossem fotos de um anônimo Zé tiradas por um talentoso, porém desconhecido Silva? Teriam elas o mesmo impacto? Em que medida interpretamos imagens não pelo que nosso olho vê, mas com base em histórias que sabemos – ou julgamos saber – existir por trás delas?

Tire suas conclusões... A exposição ‘LADY WARHOL’ está no MAM Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, portão 3. Tel.: 5085-1300. De terça a domingo, das 10h às 17h30. Ingressos: R$ 6 (grátis aos domingos). Até 23/6.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Casarão 54. Alimento para o corpo e a alma num exuberante cenário natural.

É fato. De uns tempos para cá, e isso vem acontecendo com frequência cada vez maior, tenho sentido uma necessidade desesperadora de pegar uma estrada e fugir para locais onde possa estar em contato com a natureza, nem que seja por algumas horas, e ter a possibilidade de vislumbrar – mesmo que por alguns momentos - um horizonte que se perca no infinito.

Sim, porque está cada vez mais difícil viver em Sampa ou, no meu caso, ter a possibilidade de fazer algo que sempre fiz e gostei, que é aproveitar os benefícios que a cidade oferece: a vida cultural e a gastronomia. Isto porque há trânsito demais, gente demais, violência demais e civilidade de menos. Daí a urgência em fugir de vez em quando.

Foi numa dessas "fugidas", portanto, que fui almoçar em um domingo no Casarão 54, um restaurante às margens da Rodovia Castelo Branco que pertence ao município de Araçariguama. Eu já conhecia e gostava do lugar, e desta vez minha impressão não foi diferente.

O cenário do local é paradisíaco - Foto: Simone Catto

Na rodovia não há sinalização, mas o mapa do site da casa está muito bem explicado. A gente entra por uma estradinha e, aos poucos, começa a avistar as instalações do local, um imenso parque ecológico preservado com um grande lago.

Um dos estacionamentos, em foto tirada quase na hora de ir embora, no crepúsculo... - Foto: Simone Catto

É relaxante contemplar o lago - Foto: Simone Catto

No caminho, placas com desenhos de gansos alertam os motoristas de que a qualquer momento um deles pode cruzar seu caminho sem buzinar! (rs).

As placas de alerta aos "gansinhos", à entrada, são uma graça! (rs)...
Foto: Simone Catto

De cara, a impressão é a melhor possível. Respirar ar puro e olhar para todo aquele verde faz bem para a alma. Os jardins são bem cuidados e o lago, além de dezenas de gansos, tem também pedalinhos. Várias aves nativas procriam livremente por ali.

Após a refeição, ainda podemos sentar em um banco para apreciar a paisagem - Foto: Simone Catto

Enquanto isso, os gansinhos fofocam! (rs) - Foto: Simone Catto

E no meio daquela vegetação toda está o restaurante instalado numa casa do século XVII, antiga sede da Fazenda Novo Horizonte, construída no período das bandeiras. A propriedade foi adquirida e restaurada pela família de Tullio Devescovi, um italiano que chegou ao Brasil em 1951, aos 30 anos de idade, com o objetivo de instalar a fábrica de macarrão Adria no país – quem diria?

Foto: Simone Catto

Fazer as refeições na varanda é uma delícia! Note a janela antiga - Foto: Simone Catto

Um dos ambientes internos do velho casarão - Foto: Simone Catto

Montado em 1972, o restaurante, assim como a propriedade, estão até hoje sob os cuidados da família Devescovi. O cardápio, enxuto, oferece pratos típicos do campo, entre os quais se destaca o farto leitão à pururuca no tacho que fez a fama da casa. Acompanhado de arroz, tutu, couve e farofa, serve até três pessoas. Aliás, todos os pratos vêm em generosas porções. Para quem não aprecia leitão, há também costela de boi no bafo, o 'Frango Festival' (desossado, recheado e assado) e algumas opções de massas e carnes que podem vir com guarnições de arroz, tutu, feijão, couve, polenta, farofa e fritas.

A capa do cardápio tem uma ilustração do fundador, Tullio Devescovi - Foto: Simone Catto

A vista de nossa mesa... comer respirando ar puro e contemplando essa paisagem é tudo de bom! - Foto: Simone Catto

Apesar de não estar dirigindo, tomei um suco de laranja geladinho porque a sede era maior que a vontade de tomar caipirinha. Por falar nisso, a casa oferece uma grande seleção de cachaças especiais. Para comer, optei pelo filé mignon com arroz e fritas, mas pedi para substituírem as fritas por farofa, no que fui prontamente atendida. Outro pedido foi a meia porção de salada, com verduras e legumes variados e que de "meia" não tem nada: a porção era enorme, serviu tranquilamente duas pessoas e ainda sobrou!

Note o tamanho da "meia salada"! - Foto: Simone Catto

Nem preciso dizer que, depois de tanta fartura, o que não sobrou foi um "espacinho" no estômago para experimentar algum dos doces caseiros da sobremesa, como arroz doce, pudim de caramelo, doce de abóbora e outros. Mas um cafezinho de fazenda nós não iríamos dispensar de jeito nenhum, é lógico!

Essas toalhas combinam maravilhosamente com a atmosfera do lugar. Com esse cafezinho, então, parece mesa de casa de vó!
Foto: Simone Catto

Quem tem crianças também pode encontrar no Casarão 54 um bom refúgio. O lugar não tem aquela superlotação insuportável, possivelmente pelo fato de não possuir divulgação maciça e nem sinalização na estrada. Além dos pedalinhos, das árvores e de todo aquele espaço para correr e brincar, um playground grande e bem equipado também faz a alegria da criançada.

Podemos avistar o restaurante à direta e, ao fundo, um quiosque - Foto: Simone Catto


O playground é uma delícia! - Foto: Simone Catto

O espaço também abriga uma loja de arte e artesanato, um agradável quiosque para aperitivos e salão para eventos. Em uma área que não visualizamos do restaurante, há também chalés para locação e um clube. Em tempo: não me deixaram pagar a conta, mas asseguro que os preços dos pratos são justos, com ótimo custo-benefício.

Vista parcial do delicioso quiosque no meio do verde - Foto: Simone Catto

Atualização: fiz uma outra visita ao 'CASARÃO 54' e minha impressão foi ainda melhor. Como estamos em julho, mês de férias, a casa estava lotada, mas tive a sorte de conseguir uma mesa bem posicionada com vista para a paisagem. Desta vez tive a oportunidade de conversar com a encantadora Dona Maria, esposa do fundador do restaurante, Tullio Devescovi, que atualmente comanda a casa ao lado dos filhos. Infelizmente, sr. Tulio já faleceu há alguns anos, mas D. Maria ficou felicíssima em nos contar a história de como tudo começou e nos mostrou fotos do terreno e da casa que tem mais de três séculos tal qual estavam à época da compra da propriedade pela família. Dessa conversa, deu para sentir o carinho que D. Maria dedica ao Casarão e seu cuidado com os detalhes, para que a experiência do cliente seja a melhor possível. Desta vez pedimos meia salada da casa (R$ 28,70), um filé à parmigiana que acompanha arroz e fritas (R$ 76, 40), uma porção de tutu de feijão (R$ 15,20) e cafés. Como sempre, as porções vieram muuuito bem servidas. Suco de limão (R$ 6) e cerveja sem álcool acompanharam a refeição. Novamente, estava tudo delicioso e espero voltar lá muitas vezes!  

Se você, como eu, precisa dar umas saídas estratégicas de vez em quando para recarregar as baterias, o CASARÃO 54 é uma excelente opção. Inclusive porque fica próximo a São Paulo e, pelo que tudo indica, ainda não foi "descoberto" pelo povo – oxalá permaneça assim! Num dia sem trânsito, em menos de uma hora você chega lá. O CASARÂO 54 fica na Rod. Presidente Castelo Branco, km 54 – Araçariguama – SP – Tels.: (11) 4136-1351 / 1019 / 1417 - www.casarao54.com.br. Abre de terça a domingo das 11h às 16h e fecha às segundas, exceto nos feriados.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Skye Bar e Restaurante, no Hotel Unique. Para um upgrade nos sentidos.

É badalação o que você procura? O Skye tem. Quer namorar ou reunir os amigos em meio a gente bonita, produzida e perfumada? Pode ir ao Skye. Que tal apreciar uma das mais belas vistas noturnas de Sampa? O Skye garante. E se tudo isso for o contraponto para uma refeição inesquecível com finíssimas iguarias da culinária internacional? Definitivamente, o Skye é o lugar.

Fazia tempo que eu planejava jantar nesse bar-restaurante que, na verdade, é a verdadeira alma do Unique, o "hotel-melancia" da Av. Brigadeiro Luís Antônio. E lá fui eu numa bela noite de sexta-feira em que o outono se disfarçou de verão.

O arrojado Hotel Unique, com arquitetura de Ruy Ohtake - Foto: www.viajeaqui.abril.com.br

A entrada, em frente aos valets - Foto: Simone Catto

Para começar, o restaurante possui um elevador privativo, independente do acesso ao hotel. Subindo lá, encontrei hostesses bonitas com visual fashion, educadíssimas e, principalmente, simpáticas e sorridentes – eu diria que, sem esses dois últimos atributos, ninguém deveria sequer sonhar em trabalhar recepcionando quem quer que fosse. 

Como já era de se prever, teríamos uma boa espera pela frente. Mas como eu estava bem acompanhada, não tínhamos pressa e a ideia era curtir e conversar, devo dizer que nem senti. Uma das hostesses nos sugeriu aguardarmos no bar, e lá fomos nós.

Para quem não sabe, o bar do Unique, que com o restaurante ocupa o topo da modernosa construção projetada por Ruy Ohtake, se espalha por uma bela área externa, ao lado de uma piscina. O clima lá fora é de baladinha, com um pessoal bebendo e conversando de pé ou sentado sob os ombrellones. O visual lá de cima é deslumbrante.

O belo visual do bar - Foto: www.hotelunique.com.br

A vista lá de cima é um dos principais atrativos do lugar - Foto: www.viajeaqui.abril.com.br

Entre a área externa e o restaurante, há um bar menor com algumas mesas e uma espécie de lounge com vários ambientes. É aí que encontramos um lugarzinho para nos acomodarmos e pedimos uma bebida enquanto aguardávamos: uma garrafa do prosecco Valdobbiadene Villa Sandi.

O lounge onde nos acomodamos. Ao fundo, dá para ver o restaurante - Foto: Simone Catto

O prosecco que pedimos estava ótimo!

Para acompanhar o prosecco, experimentamos uma porção de delicados spring rolls à base de camarão, bifum, hortelã, alho-poró e cream cheese. Estava tudo muito bom. O único "senão" é que o som lounge do ambiente poderia estar um pouquinho mais baixo para não atrapalhar a conversa.

Os spring rolls ajudaram a amenizar a espera - Foto: Simone Catto

Finalmente uma mesa foi liberada para nós e a hostess gentilmente nos conduziu ao restaurante com menu internacional que oferece pratos brasileiros, franceses, italianos e japoneses. Toda a gastronomia do hotel está a cargo do chef francês Emmanuel Bassoleil, que acabou de reformular o cardápio e introduziu novas criações.

Vista do restaurante - Foto: Simone Catto

Do restaurante podemos avistar o pessoal trabalhando na cozinha - Foto: Simone Catto

Como já era meio tarde, preferimos algo mais leve. Eu optei pelo risoto de lagosta e camarão com salsão e maçã verde, que estava realmente delicioso. Os pedacinhos de maçã verde foram um contraponto perfeito para os crustáceos, tornando o risoto uma experiência gastronômica dos deuses.

Meu risoto estava realmente especial! - Foto: Simone Catto

A outra opção foi o agnolotti recheado de queijos com tomatinhos cereja, que também estava levíssimo – eu experimentei! rs.

O agnolotti também estava supermacio, uma verdadeira iguaria - Foto: Simone Catto

É claro que não iríamos sair dali sem um cafezinho, que chegou até nós acompanhado de finíssimos biscoitos crocantes com chips de chocolate e amêndoas.

O cafezinho arrematou maravilhosamente nossa refeição - Foto: Simone Catto

E foi com essa experiência que descobri que esse bar-restaurante tão exclusivo e diferente de qualquer outro que eu tenha visitado em Sampa só poderia mesmo estar associado a um estabelecimento batizado como "Unique".

Tim-tim! - Foto: Simone Catto

Se você nunca foi ao SKYE, vale a pena conhecer. É realmente um lugar único que foi concebido para nos proporcionar uma experiência sensorial diferenciada. Mas vá preparado(a) para gastar: o preço médio dos pratos por ali gira em torno dos R$ 90,00. O Skye fica à Av. Brigadeiro Luís Antônio, 4700 (Hotel Unique) – Jardim Paulista. Tel.: 3055-4702 - www.hotelunique.com.br.

Confira os horários:
Café da manhã - diariamente, das 7h às 11h.
Almoço - de segunda a sexta-feira das 12h às 15h, sábados e feriados das 12h às 16h e domingos das 12h às 19h. Reservas para o almoço são aceitas até as 13h.
Jantar - de domingo a quinta-feira das 19h à meia-noite, sextas e sábados das 19h à 00h30. Reservas para o jantar são realizadas somente para os hóspedes do hotel, até 20h30.