quarta-feira, 16 de julho de 2014

'O Grande Hotel Budapeste'. Decadentismo kitsch e ação em comédia agridoce.

Um filme estranho, para dizer o mínimo. A estética é propositalmente kitsch. As cores berrantes lembram os filmes do Almodóvar. O enredo tem toques meio nonsense com lances rocambolescos e uma boa dose de ingenuidade. Já adivinhou de que filme estou falando? Se você arriscou 'O Grande Hotel Budapeste', acertou.

Dirigido por Wes Anderson com produção do Reino Unido e Alemanha, o filme é assumidamente inspirado na vida e obra do escritor austríaco Stefan Zweig (Viena, 1881 - Petrópolis, 1942). No início, uma garota se aproxima de um monumento dedicado a um escritor, localizado em um cemitério. Ela segura um livro e começa a ler um capítulo. Vemos, então, o autor da obra (Tom Wilkinson) narrando, no ano de 1985, uma viagem em que se hospedou no Grande Hotel Budapeste, em 1968. Aí começa a "história dentro da história", em flashback.

O cenário é estilizado: a fachada rosa do hotel lembra uma maquete.

Corta para o ano de 1968. Situado nas montanhas gélidas de uma cidade fictícia do Leste Europeu, o Grande Hotel Budapeste está decadente. O escritor, então jovem (Jude Law), se hospeda no estabelecimento e, por sua vez, ouve uma narrativa do velho proprietário, Zero Moustafa (F. Murray Abraham).

O escritor (Jude Law) no spa do hotel, em 1968: decadência total.

O velho proprietário, Zero Moustafa (F. Murray Abraham), narra suas aventuras ao escritor no restaurante do hotel.

O relato de Zero Moustafa conta as agruras de M. Gustave (Ralph Fiennes), o belo e refinado concièrge do hotel no período do entreguerras, que alterna o comando de uma leal equipe de funcionários com serviços "para lá de especiais" na cama de hóspedes idosas, ricas e de batom borrado. Até que Zero Moustafa, então um jovem órfão (Tony Revolori), emprega-se no hotel como mensageiro, Gustave vira seu mentor e os dois tornam-se grandes amigos.

O lobby kitsch do hotel: overdose de vermelho!

O elegante M. Gustave (Ralph Fiennes), ao centro, e o jovem e fiel Zero Moustafa, empregado como mensageiro.

As ricas e maduras hóspedes disputam a atenção de Gustave, que não decepciona nenhuma.

Gustave e seu fiel colaborador tornam-se grandes amigos.

O caldo começa a entornar quando morre uma das amantes octogenárias de M. Gustave, a aristocrata Madame Céline Villeneuve Desgoffe und Taxis (Tilda Swinton), e ela deixa para ele, em seu testamento, uma valiosíssima pintura renascentista, despertando a fúria do filho Dimitri (Adrien Brody) e dos demais herdeiros. A partir daí, desenvolve-se uma comédia farsesca repleta de aventuras, perseguições e situações inusitadas.

Zero, a amante que veio a falecer (Tilda Swinton) e Gustave: a confusão estava formada.

Além da estética kitsch, destaca-se no enredo o humor agridoce em uma atmosfera melancólica e a interpretação de personagens ingênuos e sensíveis. Dizem que o filme é forte concorrente ao Oscar. OK, trata-se de um filme inventivo, original e eu gostei bastante, embora não tenha ficado encantada. De qualquer forma, é um daqueles filmes que a gente tem de assistir.

'O Grande Hotel Budapeste' está em cartaz em cerca de quinze cinemas da capital, entre eles alguns de meus preferidos: Espaço Itaú de Cinema – Augusta e Frei Caneca e Reserva Cultural.

Ficha técnica parcial

Direção: Wes Anderson.

Elenco: Ralph Fiennes, Tony Revolori, Jude Law, F. Murray Abraham, Willem Dafoe, Tilda Swinton, Harvey Keitel, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Jeff Goldblum, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Tom Wilkinson e Owen Wilson.

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