Devo dizer que me orgulho de morar na cidade
que abriga a maior comunidade japonesa do mundo fora do Japão. Isto porque tenho grande identificação com os japoneses e um profundo respeito pela cultura de seu país, seu comportamento discreto e seus cérebros privilegiados. Por isso, fiquei bem animada com a possibilidade
de ir, pela primeira vez, à tradicional festa 'Tanabata Matsuri', conhecida como 'Festival das Estrelas', que teve sua 35ª edição no último fim de semana
na Rua Galvão Bueno e imediações da estação do metrô Liberdade. Realizado pela ACAL – Associação Cultural e
Assistencial da Liberdade, o 'Tanabata Matsuri' tem acesso gratuito.
A Rua Galvão Bueno fica toda enfeitada... - Foto: Simone Catto |
A festividade, que é
celebrada há mais de 1.300 anos na cidade de Sendai e também em países como
Coreia do Sul e China, remete à bela lenda japonesa da princesa Orihime e seu
amado Kengyu, que viviam um romance proibido e, como castigo, foram
transformados em estrelas e só podiam se encontrar no sétimo dia do sétimo mês
do ano.
Foto: Simone Catto |
Em determinado momento, cruzei com essa graciosa personagem, que me explicou que no Japão muitas meninas se caracterizam, assim, como bonecas - Foto: Simone Catto |
Bem, lá fui eu para a festa. Após deixar o carro em um
estacionamento da Galvão Bueno que cobrava R$ 10,00 (achei o preço bem razoável), fui caminhando pela rua, que ficava mais e mais apinhada de gente à medida
que eu ia me aproximando do local. Até que, em determinado momento, simplesmente
parei. Ficou quase impossível sair do lugar. Sobre o viaduto, flanqueado por duas fileiras
de barracas, havia uma multidão que mais parecia uma colônia de formigas
enlouquecidas. Nem a 25 de Março na época do Natal deve ser como aquilo. Como
diria aquele apresentador de TV global... LOUCURA, LOUCURA,
LOUCURA!!!
Essa multidão mais próxima ao palco era refresco perto daquela que estava na área das barracas! - Foto: Simone Catto |
É sério, a gente não saía do lugar. Para dar um passo – ou meio,
no caso – à frente, uma tartaruga faria mais rápido. Mal dava para avistar o
que as barracas vendiam, e muito menos se aproximar delas! Notei, no entanto,
que a maioria oferecia comidas - a festa tradicionalmente tem várias comidas
típicas, mas delas não consegui sentir nem o cheiro. Vi inclusive uns coitados almoçando
em pé, colados às barracas, equilibrando heroicamente seus pratos na mão. Como
conseguiam levantar o braço para levar yakissoba à boca sem dar um sopapo no cidadão
ao lado, permanece, para mim, um mistério insolúvel.
Até que, finalmente, consegui vencer o viaduto e me aproximar do
palco que abrigou shows de danças folclóricas, karaokê e outros, entre eles apresentações
de taikô, o tradicional instrumento de percussão japonês. A multidão estava um
pouco menor e consegui assistir a duas apresentações folclóricas: uma com meninas
adolescentes e outra com delicadas senhoras de camisetas coloridas.
A apresentação folclórica das meninas... - Foto: Simone Catto |
Outra tradição da festa é a distribuição dos 'tanzaku' ("tiras do desejo"), papeizinhos coloridos nos quais os visitantes escrevem um pedido e depois os penduram em árvores. Ao final do evento, esses papéis são queimados com
os bambus, pois diz a lenda que a fumaça gerada leva os pedidos às estrelas
para que possam ser ouvidos e realizados. Achei linda a tradição e adoraria
ter feito um pedido, mas quem disse que consegui me aproximar da barraca que
distribuía os papeizinhos? Bem... resta-me usar saltos mais altos para tentar alcançar as estrelas!
Os 'tanzaku' também enfeitaram a festa! - Foto: Simone Catto |
Se pretendo ir ao próximo 'Tanabata Matsuri'? Não, não pretendo. Há gente demais e não dá para aproveitar. Quem sabe no Japão?
Até a próxima e... 'sayonara'!
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