Quem estuda,
pesquisa ou simplesmente aprecia arte não pode deixar de visitar a exposição 'Modernidade
– Coleção de Arte Brasileira Odorico Tavares', no Museu Afro Brasil, que exibe mais de 200 obras de um dos mais importantes acervos privados de arte brasileira.
Só para dar uma ideia de sua magnitude, basta citar que Portinari, Di Cavalcanti, Pancetti, Volpi, Djanira, Carybé, Antônio
Bandeira, Manabu Mabe, Flavio-Shiró, Francisco Brennand, Aldemir Martins e
Mário Cravo Júnior, entre outros, enchem nossos olhos ao lado de algumas obras
de artistas internacionais que também fazem parte do acervo, como Picasso e
Miró. Entendeu por que não dá para perder?
Como não era permitido fotografar as
obras, fiz uma pesquisa na Internet e selecionei algumas para inserir aqui, motivo
pelo qual algumas não apresentam detalhes que normalmente costumo incluir, como ano
de realização e técnica utilizada. Algumas, inclusive, estavam sem título na exposição.
Emiliano Di Cavalcanti - 'Mulata' (1957) |
Alfredo Volpi - 'Paisagem de Itanhaém' - sem data - óleo s/ tela |
Cândido Portinari - 'Retrato de Leda Tavares' (1948) - óleo s/ tela |
Com curadoria
de Emanoel Araújo, a mostra comemora o
centenário de nascimento do poeta, jornalista e colecionador pernambucano
Odorico Tavares (1912-1980), que priorizava a arte moderna sem esquecer conterrâneos
como Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres e Mestre Vitalino, bem como pintores
populares da Bahia e valiosos exemplares de arte sacra.
Djanira da Motta e Silva - 'Retrato' |
Mas quem foi esse homem que possuía não
apenas a sensibilidade artística como os recursos necessários para financiá-la?
Vamos lá.
Nascido no município de Timbaúba
(PE), Odorico Tavares passou a juventude em Recife e, em 1934, ao lado de
Aderbal Jurema, editou a revista literária 'Momento', aproximando-se de
escritores do calibre de Manuel Bandeira, Mario de Andrade, Carlos Drummond de Andrade,
Vinicius de Moraes, Gilberto Amado, José Lins do Rego, Jorge Amado e Lúcio
Cardoso. No mesmo amo, estreou na poesia com a obra '26 Poemas', escrita em
parceria com Jurema.
Em 1942, Odorico mudou-se para
Salvador por motivos políticos. Aliado à militância da esquerda e aos opositores
da ditadura do Estado Novo, tornou-se amigo de figuras como Gilberto
Freyre e João Cabral de Melo Neto, entre outros. E como ninguém é perfeito, até
Antônio Carlos Magalhães entrou para seu rol de amizades. A partir da segunda
metade da década de 40, Odorico voltou-se mais para o jornalismo, realizando
históricas reportagens para a revista 'O Cruzeiro'. Tornou-se então próximo do
lendário Assis Chateaubriand, o magnata dos 'Diários Associados' que lhe deu o
comando do 'Diário de Notícias', de Salvador, para o qual criou um suplemento
cultural de vanguarda que abrigou resenhas e críticas dos jovens Glauber Rocha
e Caetano Veloso, entre outras figurinhas carimbadas.
Joan Miró - Litografia a cores (1959) |
Milton Dacosta |
Portinari |
Ao lado de Chateaubriand, Odorico
Tavares foi um grande divulgador e incentivador dos artistas nordestinos, tendo
contribuído para a criação do Museu de Arte Moderna (MAM) da Bahia e dos museus
regionais de Feira de Santana (BA) e Olinda (PE). Em artigos e reportagens
publicados nos veículos dos 'Diários Associados', apoiou artistas do Modernismo
e das gerações dos anos 40, 50 e 60, destacando, em especial, o valor estético
das pinturas de Pancetti. Sua paixão pela arte levou-o a encomendar ao arquiteto
Diógenes Rebouças o projeto de uma casa no morro Ipiranga, um bairro litorâneo
de Salvador, apenas para abrigar sua magnífica coleção.
Pancetti - 'Retrato de Odorico Tavares' |
E agora, é você que tem a oportunidade de conferir esse maravilhoso
acervo! Não dá para perder.
Vá lá: 'MODERNIDADE - COLEÇÃO DE ARTE BRASILEIRA ODORICO TAVARES' -
Museu Afro Brasil - Parque do Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, s/n -
portão 10 (em frente à Assembleia Legislativa). Tel.: 3320-8900. Horário: de terça
a domingo, das 10h às 17h. Entrada franca. Até 4/8.
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