Eu
já havia estado antes em Tiradentes, Minas Gerais. No entanto, como minhas
passagens anteriores pela cidade haviam sido demasiadamente breves, não
sosseguei enquanto não consegui retornar com mais calma. Foi a melhor coisa que
fiz. Em minha última visita, pude absorver cada paisagem, apreciar cada
cantinho no meu tempo e ainda tive a oportunidade de ter "um dedinho de prosa",
com sua gente sossegada e feliz.
Vista da Ponte das Forras a partir do Largo das Mercês - Foto: Simone Catto |
Fui
para Tiradentes a partir do município de Brumadinho, onde havia visitado
Inhotim, em uma viagem que durou cerca de três horas e meia. Desse período, as
duas horas que passei pela Estrada Real (BR-383) foram deliciosas e valeram
cada quilômetro. Com uma pista em cada sentido, ela está em ótimas condições de
conservação e tem uma paisagem belíssima. Sem dúvida, um grande passeio!
Foto: Simone Catto |
Durante nosso trajeto, passamos por algumas cidadezinhas como Congonhas do Campo, onde está a Basílica de Bom Jesus de Matosinhos com as famosas esculturas dos 12 profetas de Aleijadinho, e também pelos municípios de São Brás do Suaçuí, Entre Rios de Minas, Lagoa Dourada e Santa Cruz de Minas, esta bem pertinho de Tiradentes.
Lagoa Dourada é conhecida como a "Terra do Rocambole" e, é claro, não iríamos perder a chance de dar uma paradinha! O 'Famoso Rocambole da Dona Mirtes do Líbano', que oferece 20 sabores do doce, fica na própria BR-383, que passa no Centro da cidade e tem uma loja de rocambole ao lado da outra. Aproveitamos para tomar um café com um rocambole de goiaba, que estava muito bom. Depois... continuamos mais felizes nosso trajeto até Tiradentes!
O nosso rocambole de goiaba com café fresquinho... nham! - Foto: Simone Catto |
A lojinha da Dona Mirtes - Foto: Simone Catto |
Ele, o astro rocambole! Este é de doce de leite - Foto: Simone Catto |
Tiradentes
vive realmente num outro tempo, isto é, as pessoas têm outro ritmo e respeitam
isso. A vida, para elas, também tem outro significado – certamente, um
significado bem diferente daquele de alguém que, como eu, habita uma metrópole
cada vez mais insana como São Paulo. Por tudo isso, é realmente um bálsamo ficar
um período em uma cidade como aquela para desacelerar a alma e aguçar os
sentidos.
Na loja de doces, fomos recebidos por este simpático casalzinho - Foto: Simone Catto |
Fundada
em 1702 quando os paulistas descobriram ouro na encosta da Serra de São José,
Tiradentes viveu literalmente a "Idade do Ouro" durante todo o período colonial
do século XVIII. O bom estado de conservação de construções remanescentes
daquela época, sobretudo o casario e as igrejas barrocas concentradas no Centro
Histórico, tornaram a cidade um charmoso ponto turístico que atrai casais,
gente cool e amantes de arte e cultura.
O gracioso casario estilo colonial da cidade - Foto: Simone Catto |
Um dia, perto do Largo do Ó, vi uma porta aberta e avistei esse cantinho gostoso. Me apaixonei pelo jardim, não resisti e tirei uma foto!
Quem
gosta de artesanato vai se esbaldar com as peças em pedra sabão, latão,
estanho, tecido e madeira comercializadas nas lojas da cidade. Tiradentes tem,
aliás, várias fábricas e lojas de móveis de madeira, um mais lindo que o outro.
Por sua atmosfera tranquila e paisagens maravilhosas, também atrai artistas que
a elegem como refúgio para criar e morar. Dentre eles está a simpática artista plástica mineira
Valéria Lima,
com quem tive o prazer de bater um papo gostoso no Centro Cultural Yves Alves (Rua Direita, 168), onde algumas de suas
obras estavam à venda em uma bonita exposição.
Entre
as peças exibidas, havia uma série de "Divinos", ou "Divinos Espíritos Santos", confeccionados
sobre diferentes bases, como tecidos e placas de sucata de ferro. Ao invés de
interferir nos materiais, Valéria prefere "ressignifcá-los", conforme suas próprias palavras, gerando um
resultado delicado e harmonioso.
Um dos 'Divinos' de Valéria Lima - Foto: Simone Catto |
Belas também são suas esculturas de argila fundidas em pó de ferro, bronze ou mármore. Carregadas de expressividade, são peças que se oferecem sutilmente à compreensão do nosso olhar.
Valéria Lima - 'Entorno' - Foto: Simone Catto |
Valéria Lima - 'Mulher Deitada' - Foto: Simone Catto |
A
propósito, quando deparamos com o Centro Cultural Yves Alves, mantido pelo SESI
e pelo Instituto Estrada Real, não imaginamos como ele é grande na parte
interna. Trata-se de um espaço extremamente agradável emoldurado por um belo
jardim, com auditório, salas de exposições e áreas para cursos e oficinas. No
entanto, o lugar pareceu-me ocioso e subaproveitado. Um espaço bonito e interessante
como aquele mereceria ser ocupado com uma agenda de atividades mais rica e variada
para atrair não apenas os habitantes da cidade, mas também de São João del Rei,
que fica a apenas 12 km de Tiradentes.
O belo jardim do Centro Cultural Yves Alves - Foto: Simone Catto |
Dentre
as igrejas que visitei, duas estavam fechadas para restauração: a Igreja das Mercês, no largo de mesmo
nome, e a de São João Evangelista, perto
da Matriz de Santo Antônio. Como era costume à época, o adro das igrejas também
era local de sepultamentos, e no seu interior os personagens mais importantes
da cidade eram sepultados sob o piso da
nave central.
Para conhecer outras igrejas e passeios em Tiradentes, clique aqui.
Para conhecer outras igrejas e passeios em Tiradentes, clique aqui.
O lindo e sereno Largo das Mercês - Foto: Simone Catto |
Fachada da Igreja das Mercês - Foto: Simone Catto |
O cemitério no adro da igreja - Foto: Simone Catto |
A
partir do Largo das Mercês,
atravessamos a ponte das Forras, que
passa sobre o Ribeiro Santo Antônio, e chegamos ao Largo das Forras, a praça central de Tiradentes. É lá que fica o "buchicho", a maioria dos bares e restaurantes da cidade. Diz-se que o largo tem
esse nome porque por ali circulavam as escravas alforriadas.
Largo das Forras - Foto: Simone Catto |
E numa esquininha do Largo das Forras, está a singela Capela de Bom Jesus da Pobreza - Foto: Simone Catto |
Tiradentes
é pequenina: em quatro dias você consegue visitar a pé as igrejas e outros pontos históricos e até fazer alguma trilha na Serra de mesmo nome. No
entanto, se o seu intuito for mesmo "desligar" e descansar, vale a pena ficar
mais tempo para curtir a atmosfera da cidade, aproveitar a bela paisagem com
caminhadas, conversar com as pessoas e também conhecer alguns restaurantes com proposta
gourmet e reconhecidos pela
excelência de sua gastronomia. Feijão tropeiro,
tutu mineiro e frango ao molho pardo são os grandes astros locais, mas também há
espaço para pratos mais leves e delicados em algumas casas.
Clique aqui e confira alguns passeios imperdíveis na cidade.
E nos links abaixo, dicas de restaurantes e comidinhas deliciosas!
-Restaurante Angatu, em Tiradentes. Frescor e sabor numa experiência gastronômica memorável.
-Restaurante Tragaluz, em Tiradentes. Delícias e aconchego num cenário que esbanja charme.
-Sabores simples para mimar o paladar em Tiradentes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário