domingo, 15 de setembro de 2013

'Frances Ha'. A chata em preto e branco.

Às vezes não dá para entender por que tantos filmes ganham boas críticas nos guias especializados e, quando a gente vai conferir, "quebra a cara", por assim dizer. É o que aconteceu comigo em relação ao filme 'Frances Ha'.

Para começar, o filme está classificado como comédia, mas de comédia não tem nada. Juro que não consegui dar UMA só risada, e olhe que estava de ótimo humor no dia em que fui assistir. Frances (Greta Gerwig, também roteirista), a protagonista, é uma jovem beirando os 30 anos que mora em Nova York e está meio perdida na vida. Trabalha como assistente em uma companhia de dança, mas não é talentosa o suficiente para virar efetivamente uma bailarina. Grandalhona e desengonçada, a moça tem um ar um tanto desleixado e, para piorar, é chatíssima. Uma verdadeira "mala", como diriam alguns. Já nas cenas iniciais, presenciamos um diálogo patético entre ela e o pobre do namorado e nos perguntamos o que ele pode ter visto em criatura tão displicente e sem graça. Em outro momento, Frances é convidada a jantar na casa de uma colega e solta comentários tão inadequados e inconvenientes à mesa, diante de pessoas que acaba de conhecer, que ficamos com a nítida impressão de que ela tem problemas de QI. Sim, a mulher é mesmo uma mala! – e está mais para Primícia do que para Louis Vuitton. 

O jantar onde Frances (a loira, Greta Grewig) só dá vexame.

Sempre sem dinheiro, Frances inicialmente divide um apartamento com sua melhor amiga Sophie (Mickey Sumner), a qual, no decorrer do filme, se revela não ser tão "melhor amiga" assim.

Frances (à direita) e sua "muy amiga" Sophie (Mickey Summer)

Quando Sophie decide mudar-se para um bairro mais caro para morar com outra amiga, Frances muda-se para o apartamento de dois rapazes que acaba de conhecer (Michael Esper e Adam Driver) e que, felizmente, são gente boa. Até que esse apartamento também fica financeiramente inviável para ela e Frances vê-se obrigada a mudar novamente. E vai indo assim, de morada em morada, de bico em bico e de "mico" em "mico", tentando ganhar algum dinheiro e sempre vivendo na corda bamba. Se por um lado a gente se solidariza com a falta de perspectivas da garota, por outro não dá para sentir empatia por mulher tão chata. Carisma zero. Nada contra heroínas desajeitadas - longe disso, já que algumas são verdadeiramente adoráveis! -, mas ninguém merece uma heroína sem charme. E Frances é uma delas.

Embora já esteja meio "velhinha" para isso, na falta de coisa melhor, Frances arranja um "bico" 
em um acampamento de verão ao lado de jovens que ainda estão na universidade.

Ao final, fiquei com a nítida impressão de que tentaram fazer um filme simpático e "moderninho" com a intenção deliberada de transformá-lo em "cult", mas para mim o filme tropeçou na própria pretensão. Quer um exemplo? 'Frances Ha' é em preto e branco. Só que filmes em P&B não são para principiantes. E o diretor Noah Baumbach, pelo visto, está longe de ser um Woody Allen. Para começar, um filme em P&B precisa ter uma razão de ser. Precisa contar uma história que justifique essa opção. E também precisa ter boa iluminação, boa direção de arte, precisa prender a atenção. Precisa, enfim, ser um filme bom! Tudo o que 'Frances Ha' não é. Quer um conselho? Vá assistir a 'Flores Raras' que você ganha mais.

2 comentários:

  1. Totalmente de acordo. Assisti ontem e tbém quebrei a cara. Não consigo entender as críticas boas que recebe.

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