Existem lugares aos quais a gente sente pertencer, sem saber por
quê. Lugares que nos atraem como ímãs, aos quais sempre queremos retornar, onde
nos sentimos essencialmente e genuinamente felizes a qualquer tempo. A cidade
de Gonçalves, localizada no Sul de
Minas Gerais e encravada na Serra da Mantiqueira, é um desses lugares que me
magnetizam, sobretudo se vivenciados na companhia de pessoas especiais, como
aconteceu recentemente.
Mas por que esse lugar é tão mágico para mim? Eu diria haver
muitas respostas, algumas absolutamente racionais e outras nem tanto. Entre as
racionais, está o fato de eu morar em uma metrópole cada vez mais cinza, populosa,
incivilizada e caótica, fazendo com que eu anseie pelo prazer simples de
contemplar a natureza, conversar com gente descomplicada, observar os pássaros
nas árvores e sorver horizontes sem fim no topo de montanhas que me fazem
sentir dona e senhora deste mundo e de outros, maravilhosos e invisíveis, que ainda escapam à minha compreensão. E entre as razões irracionais, bem... pode ser a
genética herdada de meu avô caçador, um amante da natureza que colecionava
pássaros e se embrenhava num rancho no meio da Serra do Mar, podem ser as
dezenas de contos de fadas que li e ouvi na infância, ambientados em bosques e
florestas mágicas... e pode ser, simplesmente, o desejo instintivo de um retorno
à essência de onde vim. Tudo isso eu sinto sempre que vou a Gonçalves e,
para ilustrar um pouco o que digo, nada melhor do que algumas imagens e
experiências que vivi (e como!) por lá.
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A vista que eu contemplava todos os dias... - Foto: Simone Catto |
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Cerejeiras em flor! - Foto: Simone Catto |
Uma das coisas que me fazem muuuuito feliz é subir um morro bem
alto e bem verde. Não de carro (embora eu obviamente não despreze essa também deliciosa
experiência), mas com as abençoadas e resistentes pernocas que Deus me deu.
Quer me ver feliz da vida? Coloque um morro de 2.000 metros de altura na minha
frente e diga: 'Suba!'. E você me verá dar pulos de alegria talvez ainda mais
altos (rs).
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Vista da Serra da Balança, com o morro que faz a divisa de Gonçalves com São Bento do Sapucaí - Foto: Simone Catto |
Gonçalves tem muitas pedras no topo de montanhas e, felizmente,
muitas trilhas que levam até delas. Pedra do Forno, Pedra de São Domingos, Pedra
Chanfrada, Pedra Bonita, Pedra do Grotão... aos poucos, estou subindo uma a
uma. Desta vez, fiz as trilhas da Pedra
do Cruzeiro e da Pedra do Jair.
Com 1.152 m de altitude, a Pedra do
Cruzeiro fica no Vale do Lambari, seguindo a estrada que leva ao bairro
Atrás da Pedra. Para subir, é preciso atravessar uma porteira que dá acesso a
um bananal e, conforme a gente sobe, vai passando por várias estações da Via
Sacra até culminar no topo, onde há uma cruz e uma capelinha. Em dias de festas
religiosas, como Corpus Christi, a trilha é percorrida pelos peregrinos. Há
trechos beeeem íngremes, por isso a subida não é recomendável para quem não
estiver em forma. Nem é preciso dizer que a vista lá de cima é maravilhosa...
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Para subir, atravessamos o bananal. Ao fundo, um dos passos da Via Sacra. Foto: Simone Catto |
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Uma das capelinhas com santos pelo caminho - Foto: Simone Catto |
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E a gente sobe, sobe... - Foto: Simone Catto |
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Chegamos!!! Uau... - Foto: Simone Catto |
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A cruz e a capelinha no topo - desse lado, o céu estava mais escuro, mas não choveu - Foto: Simone Catto |
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E de repente, avisto Deus pedindo passagem em meio às nuvens... - Foto: Simone Catto |
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Após a "façanha"... hora de contemplar a pedra ao longe! - Foto: Simone Catto |
Depois de tanto exercício, nada como uma boa e farta
comida caipira para forrar o estômago! Nesse dia, optamos pelo Restaurante da Vilma, um lugar
tradicional de Gonçalves, rústico e delicioso, instalado em uma casa simples de campo. É cobrado um preço fixo e o cliente pode se
servir à vontade de um pequeno bufê de saladas e dos pratos do fogão a lenha,
onde se destacam a carne de lata (pernil de porco conservado em banha), o frango caipira e uma deliciosa carne de panela. No dia de minha visita, até espaguete havia. O bufê
de sobremesas (compotas de frutas), cobrado à parte, sai por R$ 5,00. Custo
médio de toda essa comilança, incluindo suco natural? Menos de R$ 35,00,
acredite. E você ainda almoça contemplando a bela paisagem bucólica, com
galinhas ciscando no quintal e tudo. O Restaurante
da Vilma fica na Estrada Serra da Balança, km 7, Bairro dos Venâncios. Mas atenção: quase todos os restaurantes turísticos de Gonçalves funcionam apenas nos fins de semana. Portanto, é bom telefonar antes para checar: (35) 9837-0896 / (35) 9988-6874.
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A entrada do restaurante já é uma delícia! - Foto: Simone Catto |
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A casinha amarela, lá atrás, vende um artesanato mineiro fofo - Foto: Simone Catto |
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No fundo do restaurante, você pode almoçar apreciando essa linda paisagem - Foto: Simone Catto |
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Um dos simples e agradáveis salões da casa - Foto: Simone Catto |
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A vista de nossa mesa - Foto: Simone Catto |
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O fogão a lenha de onde a gente se serve - Foto: Simone Catto |
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Humor à mineira... rs... - Foto: Simone Catto |
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Vista do salão do fundo do restaurante - Foto: Simone Catto |
Simone, acabei de conhecer Gonçalves no último Carnaval e o seu texto descreve o que senti por aquele lugar ! Excelente texto!
ResponderExcluirÉ um lugar abençoado por Deus. Que paz pude sentir ali. Só observando a natureza, a vida em seu real sentido, o olhar das pessoas e o jeito amoroso e descomplicado com que levam a vida. Cada vez mais começo a perceber como nós, das grandes cidades, criamos necessidades desnecessárias.
Olá, Luzia, obrigada! Fico feliz em constatar que existem pessoas que se identificam com o que sinto, nem tudo está perdido! (rs). E você tem toda a razão, precisamos nos policiar para não criar necessidades desnecessárias - a felicidade pode residir em coisas muito simples. Abraço e bom fim de semana!
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