segunda-feira, 30 de junho de 2014

Gonçalves, MG. Retorno à essência quando a natureza chama.

Existem lugares aos quais a gente sente pertencer, sem saber por quê. Lugares que nos atraem como ímãs, aos quais sempre queremos retornar, onde nos sentimos essencialmente e genuinamente felizes a qualquer tempo. A cidade de Gonçalves, localizada no Sul de Minas Gerais e encravada na Serra da Mantiqueira, é um desses lugares que me magnetizam, sobretudo se vivenciados na companhia de pessoas especiais, como aconteceu recentemente.

Mas por que esse lugar é tão mágico para mim? Eu diria haver muitas respostas, algumas absolutamente racionais e outras nem tanto. Entre as racionais, está o fato de eu morar em uma metrópole cada vez mais cinza, populosa, incivilizada e caótica, fazendo com que eu anseie pelo prazer simples de contemplar a natureza, conversar com gente descomplicada, observar os pássaros nas árvores e sorver horizontes sem fim no topo de montanhas que me fazem sentir dona e senhora deste mundo e de outros, maravilhosos e invisíveis, que ainda escapam à minha compreensão. E entre as razões irracionais, bem... pode ser a genética herdada de meu avô caçador, um amante da natureza que colecionava pássaros e se embrenhava num rancho no meio da Serra do Mar, podem ser as dezenas de contos de fadas que li e ouvi na infância, ambientados em bosques e florestas mágicas... e pode ser, simplesmente, o desejo instintivo de um retorno à essência de onde vim. Tudo isso eu sinto sempre que vou a Gonçalves e, para ilustrar um pouco o que digo, nada melhor do que algumas imagens e experiências que vivi (e como!) por lá.

A vista que eu contemplava todos os dias... - Foto: Simone Catto

Cerejeiras em flor! - Foto: Simone Catto

Uma das coisas que me fazem muuuuito feliz é subir um morro bem alto e bem verde. Não de carro (embora eu obviamente não despreze essa também deliciosa experiência), mas com as abençoadas e resistentes pernocas que Deus me deu. Quer me ver feliz da vida? Coloque um morro de 2.000 metros de altura na minha frente e diga: 'Suba!'. E você me verá dar pulos de alegria talvez ainda mais altos (rs).

Vista da Serra da Balança, com o morro que faz a divisa de Gonçalves com São Bento do Sapucaí  - Foto: Simone Catto

Gonçalves tem muitas pedras no topo de montanhas e, felizmente, muitas trilhas que levam até delas. Pedra do Forno, Pedra de São Domingos, Pedra Chanfrada, Pedra Bonita, Pedra do Grotão... aos poucos, estou subindo uma a uma. Desta vez, fiz as trilhas da Pedra do Cruzeiro e da Pedra do Jair. Com 1.152 m de altitude, a Pedra do Cruzeiro fica no Vale do Lambari, seguindo a estrada que leva ao bairro Atrás da Pedra. Para subir, é preciso atravessar uma porteira que dá acesso a um bananal e, conforme a gente sobe, vai passando por várias estações da Via Sacra até culminar no topo, onde há uma cruz e uma capelinha. Em dias de festas religiosas, como Corpus Christi, a trilha é percorrida pelos peregrinos. Há trechos beeeem íngremes, por isso a subida não é recomendável para quem não estiver em forma. Nem é preciso dizer que a vista lá de cima é maravilhosa...

Para subir, atravessamos o bananal. Ao fundo, um dos passos da Via Sacra.
Foto: Simone Catto

Uma das capelinhas com santos pelo caminho - Foto: Simone Catto

E a gente sobe, sobe... - Foto: Simone Catto

Chegamos!!! Uau... - Foto: Simone Catto

A cruz e a capelinha no topo - desse lado, o céu estava mais escuro, mas não choveu - Foto: Simone Catto 

E de repente, avisto Deus pedindo passagem em meio às nuvens... - Foto: Simone Catto

Após a "façanha"... hora de contemplar a pedra ao longe! - Foto: Simone Catto

Depois de tanto exercício, nada como uma boa e farta comida caipira para forrar o estômago! Nesse dia, optamos pelo Restaurante da Vilma, um lugar tradicional de Gonçalves, rústico e delicioso, instalado em uma casa simples de campo. É cobrado um preço fixo e o cliente pode se servir à vontade de um pequeno bufê de saladas e dos pratos do fogão a lenha, onde se destacam a carne de lata (pernil de porco conservado em banha), o frango caipira e uma deliciosa carne de panela. No dia de minha visita, até espaguete havia. O bufê de sobremesas (compotas de frutas), cobrado à parte, sai por R$ 5,00. Custo médio de toda essa comilança, incluindo suco natural? Menos de R$ 35,00, acredite. E você ainda almoça contemplando a bela paisagem bucólica, com galinhas ciscando no quintal e tudo. O Restaurante da Vilma fica na Estrada Serra da Balança, km 7, Bairro dos Venâncios. Mas atenção: quase todos os restaurantes turísticos de Gonçalves funcionam apenas nos fins de semana. Portanto, é bom telefonar antes para checar: (35) 9837-0896 / (35) 9988-6874.

A entrada do restaurante já é uma delícia! - Foto: Simone Catto

A casinha amarela, lá atrás, vende um artesanato mineiro fofo - Foto: Simone Catto

No fundo do restaurante, você pode almoçar apreciando essa linda paisagem - Foto: Simone Catto
 
Um dos simples e agradáveis salões da casa - Foto: Simone Catto

A vista de nossa mesa - Foto: Simone Catto

O fogão a lenha de onde a gente se serve - Foto: Simone Catto

Humor à mineira... rs... - Foto: Simone Catto

Vista do salão do fundo do restaurante - Foto: Simone Catto

2 comentários:

  1. Simone, acabei de conhecer Gonçalves no último Carnaval e o seu texto descreve o que senti por aquele lugar ! Excelente texto!
    É um lugar abençoado por Deus. Que paz pude sentir ali. Só observando a natureza, a vida em seu real sentido, o olhar das pessoas e o jeito amoroso e descomplicado com que levam a vida. Cada vez mais começo a perceber como nós, das grandes cidades, criamos necessidades desnecessárias.

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  2. Olá, Luzia, obrigada! Fico feliz em constatar que existem pessoas que se identificam com o que sinto, nem tudo está perdido! (rs). E você tem toda a razão, precisamos nos policiar para não criar necessidades desnecessárias - a felicidade pode residir em coisas muito simples. Abraço e bom fim de semana!

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