No turbilhão da vida que levo em São Paulo, tenho sentido com
frequência cada vez maior uma necessidade imperiosa de fazer aquilo que chamo
de "escapada estratégica", isto é, buscar alguma forma de estar em contato com a
natureza e me reconectar a minhas origens. Como nem sempre é possível sair da
cidade, vivo procurando alternativas e acabo de achar um ótimo refúgio: o Jardim Botânico de São Paulo, localizado
na Zona Sul da cidade.
Nunca me esqueci de quando o visitei pela primeira vez, ainda
criança, levada por meu pai e meu avô. A imagem de uma imensa escadaria em um
amplo jardim permaneceu para sempre em minha memória, ao lado de uma viva
lembrança de ter sentido algo de muito positivo naquele lugar. Agora, tantos
anos depois, retornei àquela imensa reserva florestal e fiquei muito feliz ao
constatar que ela não só está muito bem preservada como também é bem frequentada,
limpa e ainda conta com um excelente restaurante com mesas ao ar
livre.
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O jardim com a escadaria que me impressionou desde criança - Foto: Simone Catto |
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Detalhe da escada - Foto: Simone Catto |
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A natureza em toda a sua beleza e exuberância no Jardim dos Sentidos - Foto: Simone Catto |
Para começar, o lugar não lota. Nada das hordas de famílias e
crianças normalmente encontradas no
Jardim Zoológico, pouco mais à frente. É outro perfil de público, outro astral
e outra vibe. Além disso, não é
permitido a entrada com animais, bicicletas, skates, bolas ou afins, o que já
garante a santa paz e o sossego do lugar. A impressão que temos ao entrar e
respirar aquele ar já é mágica.
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Foto: Simone Catto |
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O traçado desse jardim, chamado Jardim de Lineu, lembra o dos jardins franceses - Foto: Simone Catto |
Estive no Jardim Botânico na última sexta-feira do feriadão de
1º de Maio e, como foi dia útil para muita gente, o parque estava quase vazio e
pude explorar o espaço com tranquilidade. São 360 mil m² de área de visitação
que incluem trilhas pavimentadas e de terra batida, lagos, estufas e até um
museu.
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Foto: Simone Catto |
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O delicioso Túnel de Bambu - Foto: Simone Catto |
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Lago das Ninfeias - Foto: Simone Catto |
Na ocasião estava acontecendo a 115ª Exposição Nacional de Orquídeas, com lindas e exuberantes espécies de diferentes regiões do Brasil.
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Belíssimo exemplar da 115a. Exposição Nacional de Orquídeas - Foto: Simone Catto |
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As orquídeas, uma mais linda que a outra! - Foto: Simone Catto |
Único no Estado a preservar uma reserva de Mata Atlântica, nosso
Jardim Botânico tem uma paisagem exuberante que inclui uma enorme variedade de plantas
e árvores, como palmeiras, sequoias, quaresmeiras, manacás, ipês e bicos-de-papagaio,
entre outras, até espécies ameaçadas de extinção, como pau-brasil, imbuia e
pinheiro-do-paraná (araucária). Palmitos, cipós e exóticas bromélias também
fazem parte da luxuriante paisagem. Na Trilha da Nascente, podemos avistar
macacos, tucanos e preguiças até a nascente do córrego Pirarungaua e ver a água
límpida brotar da terra. Há até um lago circundado por bugios, aqueles macacos
barulhentos de cara pouco amigável (rs). É realmente um deleite passear por lá,
faz bem para corpo e alma!
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Um belo panorama da mata com o Portão Histórico e o Lago das Ninfeias em primeiro plano - Foto: Simone Catto |
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O belíssimo Portão Histórico do final do século XIX - Foto: Simone Catto |
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Foto: Simone Catto |
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O lugar é cheio de refúgios agradáveis... - Foto: Simone Catto |
Nessa minha visita optei por almoçar no delicioso restaurante do
lugar, que oferece um variado e saboroso bufê por quilo a preços justos e ainda
tem mesas debaixo de um caramanchão, onde podemos saborear nossa refeição
apreciando uma bela vista do parque.
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Dá gosto almoçar aí! - Foto: Simone Catto |
Aqui e acolá, em cantinhos privilegiados da floresta, vi mesas
de madeira para piquenique – sim, piquenique pode! – e algumas estavam ocupadas
por pequenos grupos que comiam e conversavam civilizadamente. Ao contrário do
que ocorre em tantas cidades europeias, em São Paulo, infelizmente, é
praticamente impossível encontrar lugares como esse para a gente fazer um
piquenique sossegada. Lembro que, quando criança, fiz vários e inesquecíveis
piqueniques no Pico do Jaraguá com minha família. Nunca mais voltei lá, mas
tenho certeza de que hoje isso deve equivaler a um suicídio! Por isso, tive uma grata
surpresa ao constatar que no Jardim Botânico ainda podemos fazer um piquenique. Quem sabe na
próxima vez?
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Um doa agradáveis recantos para piquenique - delícia! - Foto: Simone Catto |
Ah, sim: também vi muitos japoneses no parque. Alguns estavam em
grupos, sentados no chão e brincando com a prole, alegres e fofas criancinhas. Outros
tiravam fotos com poderosas câmeras fotográficas e tripés. Sim, os japoneses
apreciam a natureza e sabem o que é bom!
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Foto: Simone Catto |
Mas vamos explicar um pouco como tudo começou. No final do
século XIX, o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, como era então denominada
a região, era uma vasta mata nativa ocupada por sítios e chácaras. Após uma
desapropriação do governo para preservar os recursos hídricos e as nascentes do
Riacho do Ipiranga, a área passou a chamar-se Parque do Estado e até 1928
serviu para a captação de águas que abasteciam o bairro do Ipiranga. Para nossa
alegria, naquele mesmo ano, o naturalista Frederico Carlos Hoehne foi convidado
a implantar um Jardim Botânico no local, e em 1938 ele foi oficializado.
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Foto: Simone Catto |
Se
você é como eu e os japoneses e também gosta de paz, de caminhar e do contato
com a natureza, o Jardim Botânico é um passeio imperdível. E, acredite, fica
pertinho da “civilização”! Endereço: Av. Miguel Stéfano, 3687 - Água Funda. Tel.:
5067-6000 - www.jardimbotanico.sp.gov.br. Abre de terça a domingo e feriados, das 9h às 17h, e ainda por
cima o ingresso tem preço justo: R$ 5,00 a inteira e R$ 2,50 a meia. O
estacionamento também cobra um valor razoável: R$ 8,00. Corra pra lá!
Simone,
ResponderExcluirHoje, descobri o seu blog quando andava em busca de referências a Monet.
Com o dia todo à minha disposição, não consegui mais daqui sair.
Digo um "obrigada" na tentativa de expressar o meu encantamento com a sua sensibilidade, inteligência e, porque não, generosidade.
Uma conterranea a viver em Portugal há quase 19 anos.
Obrigada pelas palavras gentis, Maria! Fico feliz que tenha gostado do blog. Realmente, ele nada mais é do que uma forma que encontrei para compartilhar com as pessoas coisas que me fazem bem. Abraço!
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