quarta-feira, 24 de outubro de 2012

As paredes orgânicas de Adriana Varejão atiçam os paulistanos no MAM.

Confesso que pouco conhecia da arte de Adriana Varejão, embora já houvesse ouvido falar muito nela. A exposição Histórias às Margens, no MAM Ibirapuera, está entre as mais bem cotadas de São Paulo.

Fui, então, conferir o trabalho dessa carioca nascida em 1964 que estudou arte enquanto cursava Engenharia no Rio de Janeiro e está entre as mais badaladas artistas plásticas contemporâneas do Brasil. Sim, a moça é bastante festejada. Já participou de mais de 70 exposições no Brasil e no exterior, em museus e instituições do porte da Bienal de São Paulo, da Tate Modern de Londres e do MoMa, de Nova Iorque. Em 2008, ganhou um pavilhão dedicado à sua obra no deslumbrante Centro Inhotim de Arte Contemporânea, no município de Brumadinho, próximo a Belo Horizonte.

A exposição atualmente no MAM exibe 42 obras da artista. Chamaram minha atenção aquelas que mostram azulejos com fendas que, como se fossem pedaços de "pele rasgada", deixam entrever vísceras e nesgas de carne vermelha escapando em relevos. Um contraste intrigante, mas esteticamente bonito. Resultado agradável de se ver, apesar de encerrar certo elemento de morbidez. Confira nas imagens a seguir:

Folds 2 (2003) - óleo s/ tela e poliuretano em suporte de alumínio e madeira. Obra pertencente à Fundação Gugggenheim, de Nova Iorque - Foto: Simone Catto

Ruína de Charque Santa Cruz - quina (2002) - óleo s/ madeira e poliuretano - Foto: Simone Catto

Parede com incisões à La Fontana (2000) - óleo s/ poliuretano em suporte de alumínio e madeira. 
Foto: Simone Catto

Língua com padrão sinuoso (1998) - óleo s/ tela e alumínio - Foto: Simone Catto

Deu para notar que Adriana também lança mão de imagens que aludem ao período colonial brasileiro, como azulejos portugueses e elementos do barroco, além de fazer citações visuais à arquitetura, presente na criação ou pintura de ambientes que lembram salas, banheiros ou saunas.

A instalação a seguir, por exemplo, mescla uma azulejaria que remete aos azulejos portugueses com esculturas de móveis e objetos de porcelana na criação de um fragmento de ambiente que lembra uma sala. Gostei do resultado.

Tea and Tiles II (1997) - óleo s/ tela, madeira e porcelana - Foto: Simone Catto

Minha opinião? Achei a exposição de Adriana Varejão beeem mais interessante do que a esmagadora maioria das obras da Bienal. Vale a pena dar um pulo lá para conferir!

O MAM fica na Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, portão 3 - Parque Ibirapuera. 
Tel.: 5085-1300 - www.mam.org.br. Abre de terça a domingo, das 10h às 17h30
(com permanência até as 18h). Entrada franca. Até 16/12.

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