terça-feira, 25 de setembro de 2012

New York, New York. Música de primeira, coreografias do capeta e talentos do Brasil.

Ninguém precisa ser frequentador de teatro para notar que, de uns tempos para cá, São Paulo tem sido invadida pelos grandes musicais, com elencos, produções e equipes técnicas que não ficam nada a dever aos da Broadway. Aliás, se bobear, logo logo os nossos artistas é que vão ensinar o pessoal de lá! Confesso que não me sinto muito atraída por musicais, mas, ao ser convidada a assistir a New York, New York, atualmente em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso após uma temporada no Teatro Bradesco, não pensei duas vezes: fui assistir correndo. O que me atraiu? Bem... em primeiro lugar, fui pelas músicas, todas grandes sucessos americanos das décadas de 30, 40 e 50.

O cenário é primoroso.

E realmente não me enganei. Para começar, o espetáculo sai totalmente fora dos padrões dos musicais comuns e grandiloquentes como "O Fantasma da Ópera" ou "Os Miseráveis". O que nós temos aqui é, sobretudo, um show de música e dança da melhor qualidade. Os dezesseis atores-cantores são em sua maioria muito bons e os números de dança fantásticos, com eletrizantes coreografias de Anselmo Zolla e treze bailarinos com uma agilidade fora do comum. Os números de sapateado são sensacionais, com destaque para Christiane Matallo, que executa um solo de sax tenor sem parar de sapatear! A moça é mesmo um assombro. Enfim... são todos profissionais de primeiríssima linha, que poderiam, tranquilamente, atuar em qualquer musical da Broadway ou do mundo.

Christiane Matallo à frente da equipe de sapateadores.

Dirigida com mão firme e competência por José Possi Neto, a peça é baseada no livro de Earl Mac Rauch e conta a conturbada história de amor entre a cantora Francine Evans e o saxofonista Johnny Boyle, interpretado por Juan Alba. Este, além de possuir uma bela figura no palco, tem uma voz possante e muito bonita. (By the way... impossível não notar sua semelhança física com o cantor Sidney Magal! rs.)

E aí? Juan Alba lembra ou não Sidney Magal? rs.

O casal de protagonistas se conhece no pós-Segunda Guerra, numa Nova York fervilhante com as big bands e clubes de jazz que entoavam hits como a frenética "Sing, Sing, Sing" (adoro!), "My Way", "The Lady is a Tramp" e "Cheek to Cheek", além, é claro, da canção-tema "New York, New York", entre outras que marcaram época e até hoje embalam memórias e corações. Preste atenção na potente voz de Beatriz Lucci, que interpreta a histérica e engraçada Srta. Perkins, em Julianne Daud, na pele de uma afinada Carmem Miranda, e Maurício Xavier, como um cômico empresário gospel do Harlem.

A afinadíssima Julianne Daud, também produtora da peça, como Carmem Miranda.

Maurício Xavier e seus "bombonzinhos" que cantam divinamente.

Os quinze músicos desta temporada, também excelentes, ficam no fundo do palco e volta e meia participam da trama interpretando as big bands. A supervisão musical e a direção vocal estão a cargo do maestro Marconi Araújo, e os músicos estão sob a regência de Márcio Telles. A montagem de som é de Fernando Torres. As músicas são cantadas em inglês, mas há projeção de legendas em português.

Os músicos também dão show.

Se você for assistir, preste atenção também na cena com a projeção do trem partindo ao ritmo cadenciado do sapateado em uníssono dos bailarinos. É sensacional, e todo mundo aplaude na hora!

Segundo soube, a ideia de transformar o livro em musical foi do maestro brasileiro Fábio Gomes de Oliveira, diretor musical e também produtor do espetáculo ao lado de Julianne Daud. O autor Mac Rauch gostou da ideia e escreveu o roteiro para teatro, agora com clima de comédia romântica.

A competente cenografia de J. C. Serroni não possui os efeitos especiais mirabolantes dos grandes musicais, e nem precisa. Ele utiliza basicamente andaimes que lembram os bairros boêmios de Nova York e deslizam suavemente no palco de uma cena a outra, valorizados por belas projeções e uma ótima iluminação cênica de Wagner Freire.

Os figurinos de Miko Hashimoto também são certeiros, além de muito bonitos, retratando fielmente a forma como as pessoas se vestiam naquela Nova York que deve deixar saudades em muitos vovôs dos dois hemisférios. Detalhe: a mão-de-obra é toda formada por brasileiros, mostrando que tanto nossos artistas quanto nossos técnicos estão prontos para o que der e vier!

Números vibrantes interpretados por artistas nota mil em cenário de primeira.

Em minha opinião, o único ponto fraco do espetáculo é a trama, com diálogos pobres e ausência de química entre o casal protagonista. Porém, a música, os músicos, os números de dança e a produção, todos de altíssimo padrão, compensam de longe por essa deficiência.

Portanto... se você gosta de boa música e dança, não deixe de assistir a NEW YORK, NEW YORK! Garanto que os 125 minutos do espetáculo vão passar correndo.

E se você pensa que o preço é o mesmo cobrado nos grandes musicais, outra boa notícia: os ingressos que, pelo que ouvi falar, custavam R$ 170 no Teatro Bradesco, agora custam apenas R$ 40. Não por acaso, o teatro Sérgio Cardoso, com seus mais de 800 lugares, estava lotado no sábado em lá estive.

O endereço é R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista. Tel.: 3288-0136. Horários: quinta-feira às 21h, sexta às 21h30, sábado às 17h e 21h e domingo às 16h e 20h. Mas fique esperto(a): o musical fica em cartaz só até 7/10. Assista correndo!

10 comentários:

  1. Oi Simone!!! Muito boa a sua matéria e eu estou muito agradecida pelos elogios feitos ao meu trabalho e ao trabalho desse elenco que eu tanto amo! A atriz Simone Gutierrez fez a primeira temporada do musical no ano passado. Atualmente, quem faz o papel de Srta. Perkins sou eu, Beatriz Lucci! Muito obrigada pela excelente crítica! Um beijo. Bia

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  2. A atriz que faz a Srta Perkins não é a Simone Gutierrez e sim, a também talentosíssima, que me tirou ótimas risadas BEATRIZ LUCCI. A atriz que substituiu Kiara Sasso foi GERMANA GUILHERMME, e não a atriz "Não Lembro o Nome". Grato. No mais, concordo com tudo!!! IMPERDÍVEL!!!!

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  3. A matéria está muito boa, mas preste mais atenção aos detalhes para não cometer gafes. Achei estranho e dei uma pequena pesquisada no site do musical e duas coisas: A "misteriosa cantora" que substituiu a Kiara Sasso foi a Germana Guilherme e a que interpreta a Srta. Perkins é a Beatriz Lucci e não Simone que já não está nesse elenco desde a volta do musical.
    Preste atenção para não dar créditos a outras pessoas que nem se quer fazem o espetáculo.

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  4. Olá, Beatriz Lucci! Peço desculpas pelo engano, pois, no folheto que havia recebido, realmente constava o nome de Simone Gutierrez. De qualquer forma, reitero meus cumprimentos pela excelente performance e aproveito para desejar muito sucesso a você!

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  5. Agradeço aos dois srs. "anônimos" pelas críticas construtivas, mas realmente era o nome de Simone Gutierrez que constava nos créditos que havia recebido, de modo que eu não teria como saber que outra atriz havia interpretado a Srta. Perkins naquele sábado. Agradeço também, aos srs. "anônimos", por tão gentilmente terem-me fornecido o nome da atriz protagonista naquela noite, já que eu também não teria como sabê-lo - uma vez que a substituição foi anunciada apenas uma vez, antes do início do espetáculo, em meio ao barulho e ao burburinho. E se eu não havia ouvido o nome, é óbvio que não iria inventar um. Prefiro falar a verdade. A autenticidade, aliás, é o princípio dos blogs sérios. Vale ressaltar que blogs são um espaço para que as pessoas - não necessariamente jornalistas ou críticos teatrais – compartilhem suas impressões e opiniões sobre assuntos diversos. E já que os dois srs. “anônimos” me alertaram sobre a importância de se identificar as pessoas, pergunto-me por que os próprios não se identificaram!...(?)

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  6. Simone, querida!!! Muito obrigada! A Simone Gutierrez é tão maravilhosa que obviamente não me chateia que nos confundam... Hehehe! Muito, muito, muito obrigada! Você é muito querida! Tudo de melhor pra você também! Um beijo enorme!

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  7. curioso! eu que me identifiquei fui censurado no seu blog... só valem os elogios? e as críticas, não têm espaço por aqui?

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  8. Olá, Gerson Steves! Se você ler os demais comentários, verá que há elogios e críticas também - críticas construtivas são sempre bem-vindas. Ocorre que realmente não chegou nenhum comentário seu - vc se importaria em publicá-lo novamente, por favor? Grata!

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  9. Tentei comprar ingresso no sábado e não consegui. É verdade que o musical vai ser prorrogado?

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  10. Oi Cris, não ouvi falar nada sobre prorrogação. Segundo o Guia da Folha online, o musical ficará em cartaz até 7 de outubro (domingo). Espero que consiga assistir!

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