Quem conheceu o Drosophyla, um bar com quase três décadas instalado
em uma casa da década de 40 na rua Pedro Taques, Consolação, deve se lembrar do
jeitão alternativo do lugar, com um décor apinhado de objetos exóticos e/ou
inusitados.
Pois eis que, após tantos anos naquele endereço, o Drosophyla
fechou para reabrir em outro local, uma casa ainda mais antiga e numa rua –
digamos – ainda mais "alternativa": a Nestor Pestana, no Centro boêmio da
cidade. Agora o bar, que ganhou o complemento "Madame Lili" no nome, divide a
calçada com as instalações mais discretas da icônica boate Kilt, que antes
reinava absoluta sobre os inferninhos da região com seu castelinho fake, um
monumento kitsch do outro lado da
rua, em um ponto agora transformado no canteiro de obras de um provável
edifício.
Não há como negar: o local onde o Drosophyla -
Madame Lili está instalado agora é, inegavelmente, um tremendo diferencial, e é grandemente responsável pelo charme do bar. Trata-se de uma belíssima mansão tombada, daquelas que infelizmente a gente quase não vê mais em São Paulo, construída
em 1920 e com projeto atribuído a Abelardo Soares Caiuby. A proposta da nova casa é diferente da do bar anterior, privilegiando um clima mais intimista em detrimento dos grandes e ruidosos grupos de pessoas. Tanto é, que só são aceitas reservas para o máximo de dez pessoas. Eu, pelo menos, prefiro assim!
Na noite em que lá
estive fui a primeira de meu grupo a chegar e, enquanto aguardava as outras
pessoas, bati um papo com um dos garçons e também com a simpática proprietária
do bar, Lili, que se sentou à minha mesa e contou um pouco da história da casa.
Perfeitamente preservada em parceria pelos proprietários do imóvel e também pela
inquilina, a mansão realmente tem uma linda arquitetura.
O ambiente é superaconchegante! - Foto: Divulgação |
O belo vitral na escadaria do primeiro para o segundo andar - Foto: Simone Catto |
Curiosidade: o site do Drosophyla menciona uma suposta Lili
Wong, chinesa amante das artes e da literatura que teria se casado com um
alemão, vindo para o Brasil e habitado a mansão. Uma mística curiosa e
bem-humorada que, sem dúvida, deve atrair mais clientes ao bar. Isso explica
por que a casa está decorada em dois estilos: alemão, no andar inferior, e
oriental, no superior. Assim que entrei, fiquei imaginando como deviam
viver as pessoas que lá habitavam - sem dúvida, famílias de posses. Se não me
engano, o terreno pertencia à Dona Veridiana Prado.
As paredes do salão onde fiquei, o alemão, são de madeira e o
teto é todo trabalhado. Magníficas janelas e detalhes de vidro e espelho dão um
charme todo especial aos diferentes ambientes que, em tempos áureos, deviam ser
luxuosas salas. Além das mesinhas, há também confortáveis sofás espalhados pelo
espaço, dando um clima de aconchego.
O salão em estilo alemão - ficamos na mesinha perto do bar, à esquerda - Foto: Divulgação |
Detalhe do teto e de alguns detalhes de vidro e espelho - Foto: Simone Catto |
Lili explicou que o friso superior próximo ao teto, que parece
um papel de parede, foi, na realidade, pintado a mão. O trabalho é mesmo muito
bonito. E aprendi mais uma: em imóveis tombados, os quadros devem ser
pendurados com ganchos, e não com pregos, porque furos nas paredes não são
permitidos.
Detalhe do teto e do friso abaixo dele, pintado a mão - Foto: Simone Catto |
A proprietária do bar contou, também, ter investido em uma reforma
pesada na parte elétrica e hidráulica da casa, além de outros itens
importantes, para que o bar pudesse funcionar a contento e com segurança.
Depois me ciceroneou por todo o espaço e me conduziu ao grande terraço, que tem
uma bela vista para a Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo,
do outro lado da rua. Naquela noite, o andar superior, bem como o terraço,
estavam fechados, mas nas noites de verão o terraço promete! Na parte de cima também há uma colorida lojinha com itens vintage e curiosos.
A vista do terraço: uma delícia! - Foto: Simone Catto |
O fato é que o delicioso ambiente da casa é parte fundamental do
prazer que desfrutamos no local. As comidas e bebidas do extenso cardápio,
naturalmente, são um capítulo à parte. Embora a casa ofereça grande variedade de drinks exóticos e tentadores, naquela noite de quarta-feira comecei
com um drink não alcoólico à base de limão chamado 'Mentirinha', porque tem
todo o aspecto de um drink normal, mas não contém um pingo de álcool. Depois, à
medida que fui forrando o estômago, dividi com uma amiga um cabernet sauvignon chileno, o Casa Rivas. Não é um vinho top de linha, naturalmente, mas caiu bem naquele momento.
O drink Mentirinha: me engana que eu gosto! (rs) Foto: Simone Catto |
Na hora de escolher os quitutes, pedimos uma sucessão de porções
– uma mais gostosa que a outra. No princípio éramos apenas três "boquitas" esfomeadas
após um longo dia de trabalho, mas no decorrer da noite chegaram mais três.
Começamos pelo delicioso Francesinho Mon Amour, uh-là-là!!! Trata-se de um queijo Camembert assado inteiro ao forno com pesto de manjericão, cogumelos e lascas de alho. Acompanha pão. Ah, como é gostoso esse francês!!!
O Francesinho Mon Amour, que despertou paixões na mesa inteira (R$ 44,50) - Foto: Simone Catto |
Na sequência, pedimos os quadradinhos de tapioca com queijo coalho e geleia de pimenta, uma iguaria que tive
o prazer de conhecer, em outra versão, no restaurante Mocotó e que foi preparada
divinamente também no Drosophyla. É uma
perdição, quando a gente começa a comer não quer mais parar. Amo!
Os quadradinhos de tapioca, nham... (R$ 28) - Foto: Simone Catto |
A próxima pedida foi a porção de bolinhos de shimeji. Até então,
eu só conhecia o shimeji cozido tradicionalmente servido nos restaurantes
japoneses. Bolinhos desse cogumelo foi a primeira vez que experimentei. E gostei!
Os bolinhos de shimeji também estavam bons! - Foto: Simone Catto |
E como naquela noite estávamos insaciáveis, não faltou também uma clássica
porção de filé aperitivo com molho mostarda, acompanhada de fatias de pão italiano. Também agradou.
Filé aperitivo com molho mostarda - Foto: Simone Catto |
Em resumo: minha primeira experiência no novo Drosophyla foi ótima em todos os sentidos e pretendo voltar, como bem está assinalado no cartão do bar...!
Foto: Andrea Longov |
Em tempo: não se preocupe com o quesito "parar o carro": há dois estacionamentos pertinho, na mesma calçada, com valores bem razoáveis. Um deles é o Estapar, que ainda dá desconto de 30% para clientes da Porto Seguro. Outro item que facilita a vida de muitos: a comanda do bar é individual.
Pode ir ao DROSOPHYLA - MADAME LILI sem medo que certamente você vai gostar! Anote aí: Rua Nestor
Pestana, 163 – Consolação. Tel.: (11) 3120-5535 – www.drosophyla.com.br. Abre às terças-feiras das 18h às 24h, quartas e quintas-feiras das 18h
à 1h e sextas e sábados das 18h às 2h. Fica a dica!
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