domingo, 12 de abril de 2015

Drosophyla - Madame Lili. O prazer de beber e petiscar em um palacete centenário.

Quem conheceu o Drosophyla, um bar com quase três décadas instalado em uma casa da década de 40 na rua Pedro Taques, Consolação, deve se lembrar do jeitão alternativo do lugar, com um décor apinhado de objetos exóticos e/ou inusitados.

Pois eis que, após tantos anos naquele endereço, o Drosophyla fechou para reabrir em outro local, uma casa ainda mais antiga e numa rua – digamos – ainda mais "alternativa": a Nestor Pestana, no Centro boêmio da cidade. Agora o bar, que ganhou o complemento "Madame Lili" no nome, divide a calçada com as instalações mais discretas da icônica boate Kilt, que antes reinava absoluta sobre os inferninhos da região com seu castelinho fake, um monumento kitsch do outro lado da rua, em um ponto agora transformado no canteiro de obras de um provável edifício.

Não há como negar: o local onde o Drosophyla - Madame Lili está instalado agora é, inegavelmente, um tremendo diferencial, e é grandemente responsável pelo charme do bar. Trata-se de uma belíssima mansão tombada, daquelas que infelizmente a gente quase não vê mais em São Paulo, construída em 1920 e com projeto atribuído a Abelardo Soares Caiuby. A proposta da nova casa é diferente da do bar anterior, privilegiando um clima mais intimista em detrimento dos grandes e ruidosos grupos de pessoas. Tanto é, que só são aceitas reservas para o máximo de dez pessoas. Eu, pelo menos, prefiro assim! 

Na noite em que lá estive fui a primeira de meu grupo a chegar e, enquanto aguardava as outras pessoas, bati um papo com um dos garçons e também com a simpática proprietária do bar, Lili, que se sentou à minha mesa e contou um pouco da história da casa. Perfeitamente preservada em parceria pelos proprietários do imóvel e também pela inquilina, a mansão realmente tem uma linda arquitetura.

O ambiente é superaconchegante! - Foto: Divulgação

O belo vitral na escadaria do primeiro para o segundo andar - Foto: Simone Catto

Curiosidade: o site do Drosophyla menciona uma suposta Lili Wong, chinesa amante das artes e da literatura que teria se casado com um alemão, vindo para o Brasil e habitado a mansão. Uma mística curiosa e bem-humorada que, sem dúvida, deve atrair mais clientes ao bar. Isso explica por que a casa está decorada em dois estilos: alemão, no andar inferior, e oriental, no superior. Assim que entrei, fiquei imaginando como deviam viver as pessoas que lá habitavam - sem dúvida, famílias de posses. Se não me engano, o terreno pertencia à Dona Veridiana Prado.

As paredes do salão onde fiquei, o alemão, são de madeira e o teto é todo trabalhado. Magníficas janelas e detalhes de vidro e espelho dão um charme todo especial aos diferentes ambientes que, em tempos áureos, deviam ser luxuosas salas. Além das mesinhas, há também confortáveis sofás espalhados pelo espaço, dando um clima de aconchego.

O salão em estilo alemão - ficamos na mesinha perto do bar, à esquerda - Foto: Divulgação

Detalhe do teto e de alguns detalhes de vidro e espelho - Foto: Simone Catto

Lili explicou que o friso superior próximo ao teto, que parece um papel de parede, foi, na realidade, pintado a mão. O trabalho é mesmo muito bonito. E aprendi mais uma: em imóveis tombados, os quadros devem ser pendurados com ganchos, e não com pregos, porque furos nas paredes não são permitidos.

Detalhe do teto e do friso abaixo dele, pintado a mão - Foto: Simone Catto

A proprietária do bar contou, também, ter investido em uma reforma pesada na parte elétrica e hidráulica da casa, além de outros itens importantes, para que o bar pudesse funcionar a contento e com segurança. Depois me ciceroneou por todo o espaço e me conduziu ao grande terraço, que tem uma bela vista para a Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, do outro lado da rua. Naquela noite, o andar superior, bem como o terraço, estavam fechados, mas nas noites de verão o terraço promete! Na parte de cima também há uma colorida lojinha com itens vintage e curiosos.

A vista do terraço: uma delícia! - Foto: Simone Catto

O fato é que o delicioso ambiente da casa é parte fundamental do prazer que desfrutamos no local. As comidas e bebidas do extenso cardápio, naturalmente, são um capítulo à parte. Embora a casa ofereça grande variedade de drinks exóticos e tentadores, naquela noite de quarta-feira comecei com um drink não alcoólico à base de limão chamado 'Mentirinha', porque tem todo o aspecto de um drink normal, mas não contém um pingo de álcool. Depois, à medida que fui forrando o estômago, dividi com uma amiga um cabernet sauvignon chileno, o Casa Rivas. Não é um vinho top de linha, naturalmente, mas caiu bem naquele momento. 

O drink Mentirinha: me engana que eu gosto! (rs)
Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Na hora de escolher os quitutes, pedimos uma sucessão de porções – uma mais gostosa que a outra. No princípio éramos apenas três "boquitas" esfomeadas após um longo dia de trabalho, mas no decorrer da noite chegaram mais três. Começamos pelo delicioso Francesinho Mon Amour, uh-là-là!!! Trata-se de um queijo Camembert assado inteiro ao forno com pesto de manjericão, cogumelos e lascas de alho. Acompanha pão. Ah, como é gostoso esse francês!!! 

O Francesinho Mon Amour, que despertou paixões na mesa inteira (R$ 44,50) - Foto: Simone Catto

Na sequência, pedimos os quadradinhos de tapioca com queijo coalho e geleia de pimenta, uma iguaria que tive o prazer de conhecer, em outra versão, no restaurante Mocotó e que foi preparada divinamente também no Drosophyla. É uma  perdição, quando a gente começa a comer não quer mais parar. Amo!

Os quadradinhos de tapioca, nham... (R$ 28) - Foto: Simone Catto

A próxima pedida foi a porção de bolinhos de shimeji. Até então, eu só conhecia o shimeji cozido tradicionalmente servido nos restaurantes japoneses. Bolinhos desse cogumelo foi a primeira vez que experimentei. E gostei!

Os bolinhos de shimeji também estavam bons! - Foto: Simone Catto

E como naquela noite estávamos insaciáveis, não faltou também uma clássica porção de filé aperitivo com molho mostarda, acompanhada de fatias de pão italiano. Também agradou. 

Filé aperitivo com molho mostarda - Foto: Simone Catto

Em resumo: minha primeira experiência no novo Drosophyla foi ótima em todos os sentidos e pretendo voltar, como bem está assinalado no cartão do bar...!

Foto: Andrea Longov

Em tempo: não se preocupe com o quesito "parar o carro": há dois estacionamentos pertinho, na mesma calçada, com valores bem razoáveis. Um deles é o Estapar, que ainda dá desconto de 30% para clientes da Porto Seguro. Outro item que facilita a vida de muitos: a comanda do bar é individual. 

Pode ir ao DROSOPHYLA - MADAME LILI sem medo que certamente você vai gostar! Anote aí: Rua Nestor Pestana, 163 – Consolação. Tel.: (11) 3120-5535 – www.drosophyla.com.br. Abre às terças-feiras das 18h às 24h, quartas e quintas-feiras das 18h à 1h e sextas e sábados das 18h às 2h. Fica a dica!

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