Em algumas resenhas, a peça Armadilha, atualmente em cartaz no Teatro João Caetano e encenada
pela primeira vez no Brasil, é descrita como um "suspense de sucesso
apresentado na Broadway". O texto, premiado internacionalmente, é de autoria do norte-americano Ira
Levin (1929-2007), considerado um grande dramaturgo do gênero suspense. É dele,
por exemplo, o romance 'A Semente do Diabo', que deu origem a um filme clássico
de terror do final dos anos 60, 'O Bebê de Rosemary', dirigido por Roman
Polanski. E agora, além de inédita no Brasil, Armadilha é também a peça de estreia de um novo grupo teatral, a Cia.
Goya de Teatro.
O enredo é interessante. Um dramaturgo de meia-idade e nenhum
escrúpulo atravessa uma fase de bloqueio criativo e dispõe-se a qualquer coisa
para recobrar o prestígio, o dinheiro e o sucesso perdidos – até cometer um
crime, se for preciso. Com quatro personagens em cena, a trama tem boas
surpresas e reviravoltas, o que supostamente garantiria o envolvimento do
público. Porém, faltou algo. Não impactou.
O elenco da peça - Foto: Divulgação |
A iluminação é lúgubre e o cenário, bem como os figurinos, são predominantemente
escuros, com muito negro - talvez um recurso proposital para transmitir
visualmente a atmosfera de "armadilha" que define o enredo. Até aí, tudo bem. No
entanto, o fato de termos uma produção assumidamente minimalista e sombria não
seria justificativa para um descuido dos detalhes cênicos. Muito pelo contrário,
é justamente na simplicidade que a atenção deve ser redobrada para não
empobrecer o resultado. Porque simplicidade é uma coisa e simplismo é outra. O
fato é que, aqui, especialmente, a cenografia deveria ser um elemento destinado
a agregar mais intensidade dramática à trama de suspense e cuidadosamente pensado para ajudar
a concentrar o interesse do público. No entanto, infelizmente, não foi o que constatei.
Foto: Divulgação |
Foto: Divulgação |
Essa deficiência, pelo menos para mim, tornou-se mais
evidenciada pela fragilidade de um texto que, não sei se por um problema de
tradução ou de interpretação, soou também simplório e repetitivo. Faltou
brilho. Um sentimento surpreendente, já que, como mencionei anteriormente, a
qualidade do texto foi reconhecida com prêmios conferidos por entidades
respeitadas no exterior. Não sou especialista em teatro, veja bem, estou
apenas sendo honesta ao relatar minha experiência como mera espectadora. Este é
o objetivo deste blog. Ocorre que assisti à peça com amigos e, coincidência ou
não, todos emitiram as mesmas opiniões à mesa do jantar depois do teatro.
Se
você quiser conferir se a sua opinião também coincide com a nossa, anote: ARMADILHA está
em cartaz no Teatro João Caetano – R. Borges Lagoa, 650 - Vila Clementino.
Tels.: (11) 5573-3774 e 5549-1744. Há apresentações às sextas e sábados às 21h
e domingos às 19h. Obs.: não haverá espetáculo nos dias 6, 7 e 8 de março.
Duração: 75 minutos. Ingresso: R$ 10,00. Até 29/3.
Ficha técnica parcial
Texto: Ira Levin
Tradução: Jorge Minicelli
Direção: Susanne Walker
Elenco: André Magalhães, Jorge Minicelli, Lu Grillo e Marília
Persoli.
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