quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

'O Artista'. A alegria dos 'anos loucos' resgatada na telona.

Fofo. Um pouco ingênuo. Mas absolutamente encantador. Essa é a impressão que tive de O Artista, um filme totalmente inusitado por várias razões. Primeiro, porque é em preto e branco. Segundo, porque é mudo. Terceiro, porque resgata todo o esplendor
do cinema dos loucos anos 20, que emocionava, divertia e encantava multidões pelos cenários, enredos e expressividade dos atores. E como se não bastasse, tem mais essa: o filme é francês! Sim, O Artista tem todas as características e a qualidade do melhor cinema made in Hollywood, mas, curiosamente, é uma produção franco-belga.

Dirigido por Michel Hazanavicius, o filme faz uma belíssima homenagem aos tempos áureos do cinema mudo, quando os galãs ainda faziam esforço para conquistar as mocinhas e estas ainda possuíam amor-próprio para avaliar se o galã valia a pena.

O par romântico 'George Valentin' (Jean Dujardin) e 'Peppy Miller' (Bérénice Bejo)

O Artista conta a história de 'George Valentin' (personagem de Jean Dujardin), um astro que não aceita a transição para o cinema falado, resiste a adaptar-se aos novos tempos e ainda atrai as atenções de 'Peppy Miller', uma jovem atriz em ascensão (Bérénice Bejo).

Em tempos de 'Big Brother', 'Mulheres Ricas' e tanta mediocridade que se propaga por aí, é sempre um alento assistir a um filme que resgata os sentimentos simples e o romantismo com ótimos atores, uma trilha sonora empolgante, belíssima fotografia
e uma primorosa reconstituição de época.

O galã, ainda nos tempos de glória.

Merecidamente, O Artista venceu três categorias do Globo de Ouro 2012: Melhor Filme Comédia/Musical, Melhor Ator Comédia/Musical (para Jean Dujardin) e Melhor Trilha Sonora. E agora, está concorrendo ao Oscar 2012 com dez justificadas indicações: melhor filme, ator (Jean Dujardin), atriz coadjuvante (Bérénice Bejo), roteiro original, trilha sonora original, direção de arte, fotografia, figurino, diretor e edição. 

'Peppy Miller', a atriz ascendente

O galã que se recusa a aceitar que o cinema passou a 'falar'.

Está tudo lá: o galã típico dos anos 20, com seu bigodinho fino, caras e bocas e charme viril; a mocinha com figurino de ‘Charleston’, esguia, graciosa, ótima dançarina e sapateadora; o diretor de cinema bonachão; o mordomo idoso e leal e até o cãozinho
'Uggie', um adorável Jack Russell Terrier que rouba muitas cenas e inclusive foi premiado com a 'Coleira de Ouro', o Oscar dos astros caninos.

O cãozinho 'Uggie': quem resiste???

Com estes ingredientes, a receita só poderia, mesmo, dar certo. Numa era em que
a cansativa moda 3D ganha terreno e a profusão de efeitos especiais mirabolantes
nas telonas é inversamente proporcional à inteligência do conteúdo, O Artista
é o tipo de filme que nos faz pensar que nem tudo está perdido. Só me resta desejar, sinceramente, que a iniciativa inspire outras cabeças pensantes e talentos do mundo cinematográfico a criar outras produções geniais como essa.

Assista correndo! 'O Artista' está em cartaz no Cine Livraria Cultura 2, no Espaço Unibanco Augusta 3, no Frei Caneca Unibanco Arteplex 6, no Pátio Higienópolis Cinemark 1 e no Reserva Cultural 3, entre outras salas.

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