quinta-feira, 15 de março de 2012

'Quero ser Marilyn Monroe', a deusa em destaque na Cinemateca.


"Eu podia ver uma tristeza nos olhos dela; ela tinha
aprendido a sorrir, dar risadas e fazer palhaçadas
mesmo com seu coração partido" (George Barris)

Já se falou tanto sobre Marilyn Monroe nesse mundo (e, quem sabe, em outros também...), que parece não restar mais nada a se falar ou mostrar sobre ela. No entanto, em algum momento e em algum lugar, alguém sempre descobre uma informação a mais, uma pose a mais ou um flagrante perdido no fundo do baú. É o caso da exposição Quero ser Marilyn Monroe, que estará até 1º de abril na Cinemateca Brasileira e marca os 50 anos da morte da diva.

Foto: Cecil Beaton, 1956
Trata-se de uma oportunidade imperdível para os paulistanos, que terão o privilégio de descobrir novas facetas da atriz em mais de 100 fotos e algumas obras de arte, incluindo pinturas e colagens, que retratam Marilyn em diferentes situações: posando, descansando, festejando, feliz, melancólica, no set, em casa, em hotéis, só, acompanhada (e nem por isso menos solitária). 

Willy Rizzo percebeu a tristeza de Marilyn nesta foto de 1952.

"Pausa num quarto de hotel, Illinois" 1955 - Eve Arnold
O fotógrafo conheceu Marilyn numa festa e permaneceu
seu amigo até a morte dela. 

Marilyn em casa, ano de 1956. O autor da foto é desconhecido. 

Peter Blake, Cecil Beaton, Ed Feingersh e Ernst Haas são alguns dos mestres que marcam presença nas fotos da diva, ao lado de alguns trabalhos que viraram lenda. É o caso de Red Velvet Pose, de 1949, famosa série de Tom Kelley que posteriormente ilustrou a primeira edição da Playboy, em 1953. Neste ensaio, uma Marilyn muito jovem e ainda desconhecida posa nua, como uma autêntica pin-up, sobre um fundo de veludo vermelho. E assim, sem querer, torna-se a primeira coelhinha oficial da revista.

A diva por Tom Kelley: autêntica pin-up!

E assim nasceu a primeira 'coelhinha' da PLayboy!...

Entre os destaques, há um ensaio feito por Douglas Kirkland, que contava então com apenas 24 anos, em que uma Marilyn espontânea brinca com diferentes poses entre lençóis brancos.

Marilyn entre lençóis, 1961 - Foto: Douglas Kirkland

Já no set de filmagem de 'Os Desajustados', derradeiro filme da atriz, Henri Cartier-Bresson capturou uma Marilyn com estado de espírito bem diferente: pensativa, distante e um tanto melancólica, o oposto da imagem radiante e glamourosa propagada em seu lindo sorriso pelo mundo afora.  

Uma Marilyn triste no set de 'Os Desajustados', 1960 - Henri Cartier-Bresson
(Ops... meu reflexo tirando a foto saiu no vidro...)

Só uma mulher que sofreu muito poderia ser tão descrente do amor...

E pelo jeito, Marilyn continua encantando gerações. Estive na Cinemateca no fim de semana e fiquei impressionada com a quantidade de gente bonita e descolada de todas as idades que foi conferir a exposição. É bom saber que, no meio desse público, também está uma parcela diferenciada da moçada que se interessa pela cultura e pelo cinema.  

A mostra inclui a exibição de alguns filmes que têm a atriz como estrela ou coadjuvante, o que é uma excelente oportunidade para as gerações mais novas, que não conseguiram vê-la na televisão, conferirem Marilyn atuando. Veja a programação em www.cinemateca.org.br.

A Cinemateca Brasileira está no Largo Senador Raul Cardoso, 207, Ibirapuera (atrás no antigo Detran) – tel.: 3512-6111 – ramal 215. A exposição é gratuita, fica até 1º de abril e o horário é das 10h às 22h, todos os dias. Não perca!

quarta-feira, 14 de março de 2012

'Dr. Tchê La Parrilla de La Villa'. Excelente carne na medida certa.

Passei em frente ao restaurante e vi várias pessoas aguardando na calçada. Além disso, foi preciso que eu desse duas voltas no quarteirão para achar um lugar para estacionar. Não tem jeito. Almoçar no Dr. Tchê La Parrilla de La Villa, aos domingos, é sinônimo de dificuldade para estacionar e fila de espera na certa – e isso é bom sinal. Cada minuto vale a pena se você estiver em boa companhia, relaxar e aguardar sua vez saboreando uma Norteña (para quem gosta de cerveja) ou uma caipirinha de cachaça Seleta, que é o meu caso. Tudo para degustar um dos saborosos cortes especiais de carnes argentinas ou uruguaias preparados pessoalmente por Adelar Vieira, um gaúcho que comanda essa churrascaria da Vila Mariana desde 1998.

O lugar é concorrido: chegamos às 14h e ainda havia espera - Foto: Simone Catto

O gaúcho Avelar em ação - Foto: Simone Catto

Não por acaso, a Dr. Tchê já recebeu vários prêmios e foi citada inúmeras vezes pela excelência de suas carnes em guias respeitáveis como o Quatro Rodas, o Guia da Folha e Veja São Paulo, entre outros.

Depois de uma hora papeando e degustando uma ótima caipirinha, finalmente conseguimos sentar a uma mesa gostosa e arejada num cantinho do salão da frente. O serviço é à la carte. Pedimos então uma porção de empanadas enquanto esperávamos sair nosso pedido: uma porção das batatas 'infladas', um dos hits do lugar, e uma picanha ao ponto para bem-passada (as três pessoas à mesa não gostam nadica de sangue... a começar por esta que vos fala!) Está certo que já ouvi que, para se apreciar o sabor de uma carne, é preciso degustá-la sangrenta, mas confesso não ter esses pendores vampirescos (eu cairia dura antes de levar a primeira garfada à boca).

Salão da frente, o mais arejado. Foi lá que sentamos - Foto: Simone Catto

A caipirinha de Seleta estava muito bem feita, e as empanadas, levinhas e gostosas - Foto: Simone Catto
  
A generosa porção de batatas 'infladas', crocantes e deliciosas - Foto: Simone Catto  

A picanha veio ao ponto, tenra e saborosa - Foto: Simone Catto

O ambiente é simples, porém bem-cuidado, e o local é frequentado por casais, famílias e grupos de amigos do bairro da Vila Mariana e adjacências. Não tenho o hábito de ir a churrascarias, mas a Dr. Tchê vale a pena por ser à la carte, isto é, não tem aquele excesso indigesto das churrascarias rodízio. É uma outra proposta. Além disso, possui ambientes menores, totalmente diferentes daqueles das 'super churrascarias', cujo charme é inversamente proporcional às dimensões dos salões. Por tudo isso, se você gosta de uma boa carne e mora nas imediações da Vila Mariana e Ibirapuera, não pode deixar de conhecer a Dr. Tchê! 

A ‘Dr. Tchê La Parrilla de La Villa’ fica na Rua França Pinto, 489, Vila Mariana. Tels.: (11) 5575-9625 e 5573-0685. www.drtche.com.br/

domingo, 11 de março de 2012

'Pecorino', cadê os espumantes oferecidos na carta de vinhos?

Eu já havia ouvido falar do 'Pecorino Bar e Trattoria', restaurante italiano localizado na Al. Joaquim Eugênio de Lima, nos Jardins. Semana passada tive a oportunidade de conferir a casa eu mesma, ao lado de um grupo de amigos. 

O primeiro impacto é o melhor possível: uma agradável área externa, intimista, com iluminação à meia-luz e vista para a tranquila rua Caconde. 

A área externa: primeira impressão boa - Foto: Simone Catto

A localização também é agradável - Foto: Simone Catto

Ao cruzarmos a porta, o ar condicionado "gritava" (não entendo por que alguns estabelecimentos insistem em manter o ar condicionado tão frio quando ainda estão vazios!). Ainda não havia clientes no primeiro salão.

Aqui era o 'Polo Norte' - Foto: Simone Catto

Ao fundo, havia um outro ambiente, menor e mais charmoso, à meia-luz.

O pequeno salão dos fundos - Foto: Simone Catto

Como a área externa era bem mais acolhedora, preferimos ficar por ali.
 
Nossa mesa era aquela abaixo da lousa - Foto: Simone Catto

Sentamos, pedimos a carta de vinhos e escolhemos um prosecco, ideal para a noite quente. O garçom disse que não tinha. Então pedimos outra marca de Prosecco. Também não tinha. Encurtando a história: das cerca de OITO marcas de espumantes e proseccos anunciadas na carta, a casa só tinha DUAS! Cadê as outras seis?  

Detalhe: um dos dois itens disponíveis era o mais caro, um champanhe. E o outro também estava entre os espumantes mais caros do cardápio. Curioso, não? Quando expressei meu espanto, o garçom respondeu: "Ah, deveriam ter entregado essas bebidas hoje e não entregaram." Sei. No mesmo dia iriam entregar todas as bebidas ao mesmo tempo? Muuuito estranho.

Tradução: "Melhor um dia de leão do que cem de cabra"
Devo dizer que a falta dos espumantes na carta nos deixou
é de "bode", isso sim!... - Foto: Simone Catto
Até compreendemos se, eventualmente, um ou outro espumante esteja em falta nas importadoras. Mas faltarem cerca de 75% dos itens oferecidos é um "pouco" demais, né? De que adianta a casa confeccionar uma carta de vinhos tão extensa se não dispõe das bebidas para oferecer? Fica aqui, portanto, um "puxão de orelha" no Pecorino e em todos os restaurantes e bares que oferecem aquilo que não têm.

Vamos, agora, aos pratos. Pedi um 'Trofie al Pesto', com molho à base de manjericão, alho, queijo pecorino e azeite. Estava excelente. Meus amigos também ficaram satisfeitos com suas escolhas – confira abaixo.

O meu prato, 'Trofie al Pesto' - Foto: Simone Catto

'Trofie ao Salmone' - Foto: Simone Catto

Medaglione con Penne Al Gorgonzola - Foto: Simone Catto

'Filetto alla Milanese' (acompanha risoto de limão siciliano) - Foto: Simone Catto

Apesar de ter apreciado a refeição, confesso que saí de lá com a sensação de ter sido ludibriada na carta de vinhos. Por isso, deixo um recado a todos os restaurantes: confeccionem cartas honestas, OK? Além de economizarem papel e prestarem um favor ao meio ambiente, vocês também farão um favor a seus próprios "ambientes", conquistando mais clientes. É isso.

Pecorino Bar e Trattoria: Al. Joaquim Eugênio de Lima, 1706 – Jardins – Tel.: 2339-2887. www.pecorino.com.br

sábado, 10 de março de 2012

'Madrepérola', um porto seguro para os sabores do mar.

O restaurateur Walter Mancini transformou a rua Avanhandava numa festa. Primeiro, veio a cantina Famiglia Mancini, ícone da gastronomia paulistana inaugurada há mais de três décadas que saiu até no 'The New York Times'. Depois, vieram outros empreendimentos: uma pizzaria, bares, mais um restaurante. O fato é que, para nossa alegria, Walter Mancini não dá ponto sem nó. E com o Madrepérola, bar e restaurante inaugurado há menos de um ano, pode-se dizer que Mancini marcou pontos com vários nós - no caso, 'nós' de marinheiro!

A casa com seu décor interessante - Foto: Simone Catto

O garçom Couto fez questão de dar sua contribuição ao lado do bar - Foto: Simone Catto

Especializada em peixes e frutos do mar, a casa 'de cara' já diz a que veio: todas as paredes e cantinhos possíveis e imagináveis ostentam coloridos elementos decorativos náuticos, numa profusão de miniaturas de barcos, peixes de madeira, quadros e objetos curiosos, incluindo um grande painel com os tais nós de marinheiro que mencionei anteriormente.

Note o painel com os nós de marinheiro! Foto: Simone Catto

Os elementos náuticos contribuem para o charme do lugar - Foto: Simone Catto

Em uma vitrine, vemos estrelas do mar, búzios e conchas de vários tamanhos e formatos.

Na vitrine só faltou a sereia! - Foto: Simone Catto

A riqueza de detalhes deixou o décor bem interessante. As janelas, bem amplas, separam o ambiente interno, com 35 lugares, da parte externa, com 40. Tudo muito arejado: quem está fora enxerga dentro e vice-versa.

As janelas amplas deixam a brisa entrar - Foto: Simone Catto

Estive no 'Madrepérola' após assistir ao musical 'Nara', no teatro do Hotel Jaraguá, a poucos metros dali -  foi uma 'dobradinha' perfeita! Para 'variar', a noite estava bem gostosa e sentei-me numa das mesas da calçada.

Esta foto foi tirada da minha mesa, na calçada - Foto: Simone Catto

A área externa, perfeita para o verão - Foto: Simone Catto

Como nem eu e nem a amiga que me acompanhava estavávamos com muita fome, pedimos uma porção de iscas de tambaqui, que chegaram crocantes e deliciosas.

As iscas de tambaqui, super bem-feitas - Foto: Simone Catto

A carta de bebidas é bem extensa e variada. Optei pelo 'Trancoso', um saboroso drink à base de cachaça, limão, lima da pérsia e tangerina. A bebida também veio no ponto certo, nem muito forte e nem fraca, com o 'mix' correto entre suco de frutas e cachaça. Minha amiga preferiu uma sangria, servida em taça individual.

Os nossos drinks, tão bonitos quanto gostosos - Foto: Simone Catto

Sem dúvida, pretendo retornar ao Madrepérola para experimentar algum dos pratos do cardápio, como o 'Risoto Madrepérola' que, se não me engano, leva lulas, camarões, polvos e mariscos. Ou então o 'Espaguete à Madreperola', feito com molho de tomate fresco e frutos do mar graúdos, camarão, vôngole, marisco, polvo e lula. Naturalmente, no local não faltam as ostras (para quem gosta), lulas à doré, camarões empanados (nham!) e até um PF de bacalhau, servido todos os dias.

O cafezinho, cremoso e bem tirado, acompanha petit fours - Foto: Simone Catto 

Portanto, se você quiser saborear peixes e frutos do mar fresquinhos, vale a pena aportar por ali! Além de contar com a lendária qualidade das casas de Walter Mancini, você ainda desfruta a vista de um local que, em minha opinião, está entre os mais charmosos de Sampa. O endereço do 'Madrepérola' é rua Avanhandava, 22. Tel.: 3258-4243.

sexta-feira, 9 de março de 2012

'Nara', no Teatro Jaraguá. Bossa nova com banquinho, violão e coração.

Quando a bossa nova surgiu, em 1958, faltava um bom tempo para eu chegar a este mundo. No entanto, não há como não me sentir tocada por certa dose de nostalgia sempre que ouço uma canção como 'Insensatez' ou 'O Barquinho', ambas gravadas por Nara Leão. Se estivesse viva, a cantora nascida em Vitória (ES) e criada no Rio de Janeiro teria completado 70 anos em janeiro deste ano. E agora, está recebendo uma justíssima homenagem no musical Nara que, após passar com sucesso pelo Rio e Brasília, está em cartaz no Teatro Jaraguá, no centro de São Paulo.

Fernanda Couto, a afinadíssima intérprete
de Nara Leão no musical.
Quem interpreta a 'musa da bossa nova' é Fernanda Couto, uma jovem cantora de voz doce, forte e afinadíssima, que ainda por cima tem ótima presença cênica. O espetáculo é valorizado por um elenco de músicos de alto nível, que contracenam em sintonia fina com a protagonista: William Guedes (violão), Rodrigo Sanches (percussão) e Guilherme Terra (teclado).

A montagem percorre a trajetória de Nara Leão com cerca de 20 canções que sua voz imortalizou, tais como: 'Diz Que Fui Por Aí' (Zé Kéti e H. Rocha), 'Opinião' (Zé Kéti), 'A Banda' (Chico Buarque), 'João e Maria' (Chico Buarque e Sivuca) e, é claro, 'Insensatez' (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) e 'O Barquinho' (Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal), entre outras. Aliás, ficaram famosas as reuniões realizadas na década de 60 no apartamento da artista, em que os expoentes da bossa nova se reuniam para compor, tocar e jogar conversa fora.

Outras vertentes musicais também atraíram o talento da versátil Nara, que flertou com a tropicália, a jovem guarda, os sambas do morro e os clássicos americanos. Ao longo de sua carreira, a cantora gravou composições de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Fagner, Nelson Sargento, Francis Hime, João Donato e Paulinho da Viola, entre outros. Mas foi o jovem Chico Buarque que se tornou um de seus compositores prediletos e gravou, ao lado da musa, um sucesso que a consagrou: 'A Banda', que venceu o Festival da Record em 1966 ao lado de 'Disparada', de Geraldo Vandré e Theo de Barros, na voz de Jair Rodrigues.  

Fernanda e, no primeiro plano, Rodrigo Sanches.

Entre uma canção e outra, o musical também passeia por alguns fatos da vida pessoal da cantora, como a dolorosa traição que sofreu do namorado Ronaldo Bôscoli, que teve um affair público com a cantora Maysa, passando pela polêmica declaração de Elis Regina de que Nara 'não sabia cantar', bem como seu casamento com o cineasta Cacá Diegues e suas posições políticas. Nara nos deixou ainda jovem, aos 47 anos, no ano de 1989, vítima de um tumor cerebral. Sua voz meiga, no entanto, continua a ecoar em iniciativas como esta, que resgata uma das fases que, em minha opinião, está entre as mais geniais da música brasileira.   

A intérprete, novamente ao lado de Rodrigo Sanches.

Com texto da própria Fernanda Couto e Márcio Araújo e direção deste último, o
espetáculo, de 70 minutos, estará em cartaz até o dia 18 de março. Portanto, corra para o Teatro Jaraguá e mate a saudade - mesmo que seja de uma época que você não viveu.

Endereço: Novotel Jaraguá – Rua Martins Fontes, 71 – tel.: 3255-4380.
Horários: sábados às 21h e domingos às 19h.
Ingressos: R$ 40,00 na bilheteria, pelo tel. 4003-1212, ou pelo site www.ingressorapido.com.br. 

domingo, 4 de março de 2012

'Paróquia', um bar que pecou nas porções.

Finalmente, temos noites de verão em Sampa! Terça-feira, depois de uma cansativa jornada de trabalho e um calor que ultrapassava fácil fácil os 30ºC, resolvi relaxar em algum lugar que não fosse longe de casa. Eu estava com fome e desesperada por um drink refrescante, mas nem um pouco a fim de pegar trânsito.

Optei pelo Paróquia Bar, na esquina da rua Joaquim Távora com a rua Rio Grande, na Vila Mariana. E lá fui eu com duas pessoítas tão ávidas quanto eu para beber algo e relaxar um pouco jogando conversa fora.

O local é arejado - Foto: www.paroquiabar.com.br

O lugar estava quase vazio, creio que por se tratar de uma terça-feira e também pela concorrência da rua Joaquim Távora, que não para de ganhar novos bares e restaurantes que disputam a clientela formada pelos alunos da ESPM e da Faculdade Belas Artes, ali perto, e também por moradores e gente que trabalha na Vila Mariana e imediações. O ambiente do bar é informal, não muito grande e bem arejado. Tem cara de boteco bom.

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Minha amiga pediu uma Margarita, e eu, que ia pedir uma caipirinha, mudei de ideia e resolvi imitá-la. Sábia decisão, pois a Margarita estava bem preparada e deliciosa. Ao abrir o cardápio para escolher um petisco, fui direto na porção de filé ao molho de Gorgonzola gratinado. Nham! Água na boca.

A Margarita, que estava ótima. 
Foto: Simone Catto
Aí chegou o tal filé, em uma daquelas cumbuquinhas de cerâmica onde se costuma servir "escondidinho", acompanhado de uma cesta com fatias de pão. De cara, tomei um susto com as dimensões para lá de reduzidas da cumbuca. O prato estava delicioso, mas a quantidade de filé era um tanto mesquinha pelos R$ 36,00 cobrados. O fato de o bar se chamar "Paróquia" não significa que o cliente tenha de pagar penitência, né??? Pelo contrário: "Paróquia" é lugar de generosidade. Sem falar, é claro, que avareza é pecado capital!

Nem preciso dizer que o filé acabou em poucas garfadas, mas a bebida continuou, de forma que resolvemos pedir outra porção. Desta vez optamos pelos bolinhos de arroz, que chegaram com massa demais e arroz de menos. Pois é. Depois do milagre da "multiplicação dos pães", eis uma "Paróquia" onde se multiplica a massa. O arroz, bem... o arroz deve ter se perdido em algum lugar da sacristia!

Antes de postar esta resenha, entrei no site do bar (aliás, o texto da homepage é bem criativo) e vi que a casa é especialista em pratos e porções à base de frutos do mar. Como boa cristã, pretendo dar uma segunda chance ao "Paróquia" e voltar um dia para experimentar uma delas, já que adoro frutos do mar. Quem sabe se, desta vez, não serei agraciada com o reino dos céus?

A porção de bolinhos de arroz, um tanto pesados -  Foto: Simone Catto

Anote aí: Paróquia Bar - Rua Joaquim Távora, 1139 – Vila Mariana.
Tel.: (11) 2367-6796 - www.paroquiabar.com.br

sábado, 3 de março de 2012

'Modernismos no Brasil', no MAC USP Ibirapuera. Exposição obrigatória.

Até o dia 29 de julho, o MAC USP Ibirapuera estará com uma exposição simplesmente obrigatória para qualquer pessoa que goste de arte: 'Modernismos no Brasil'.

Embora o título da exposição refira-se à arte moderna no Brasil, lá estão reunidas 150 obras nacionais e também internacionais, todas do acervo do MAC, apresentando a diversidade artística do período.

Só para se ter uma noção da magnitude da exposição, basta citar alguns dos nomes presentes: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Di Cavalcanti, Paul Klee, Pablo Picasso, Giorgio De Chirico, Maria Martins, Giorgio Morandi, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Wassily Kandinsky, Fernand Léger, Victor Brecheret, Antônio Gomide, Henri Matisse, Alfredo Volpi, Alexander Calder, Max Bill, Lygia Clark, Marc Chagall, Ismael Nery, Lasar Segall... ufa! Deu para sentir? Pois é. 

'Unidade Tripartida' (1948/49), de Max Bill, que ganhou 
Prêmio Internacional da I Bienal de São Paulo.

O curador, Tadeu Chiarelli, esclarece que o objetivo da mostra "é apresentar o
'Modernismo Brasileiro' (1917-1948) a partir de uma postura que problematize a visão cristalizada da arte produzida no país durante o período (...)", notadamente a visão apresentada no livro "De Anita ao Museu", publicado em 1976 pelo jurista, poeta, escritor e crítico de arte Paulo Mendes de Almeida. Segundo o livro, o "Modernismo Brasileiro" seria um "fenômeno estético e artístico aflorado em São Paulo por uma necessidade individual (a produção do início da carreira de Anita Malfatti), desenvolvido praticamente sem conflitos, até tornar-se uma vontade coletiva, cuja realização maior teria sido a criação do antigo Museu de Arte Moderna de São Paulo (matriz do MAC USP)".

'A Boba' (1915-16), de Anita Malfatti, uma das obras mais conhecidas da artista.

O que a exposição do MAC USP pretende, portanto, é mostrar que, no período de 1917 a 1948, não houve "um" (grifo do curador) modernismo no Brasil, "e sim várias vertentes em que demandas estéticas e artísticas diversificadas muitas vezes se confundiam e/ou se combatiam, comprometendo o caráter unitário e heroico que um dia quiseram conceder à arte daquele período". Sendo assim, ao colocar lado a lado obras brasileiras e obras internacionais, a exposição contribui para dar uma dimensão da complexidade da arte produzida no país durante as primeiras décadas do século passado. 

'Retrato de uma Senhora' (1943), de Ernesto di Fiori
O retrato desta senhora enigmática de olhos claros chamou minha
atenção... será que classificaria a obra como "Simbolista"?

Vale ressaltar que as obras expostas possuem um caráter experimental e, ao mesmo tempo, conservador, já que a maioria das peças, embora demonstrem uma insatisfação com a tradição da época, não transgrediu os limites impostos por esta: elas ainda são pinturas, esculturas, gravuras e desenhos.

Duas obras que retratam cenas de interiores, uma de Rebolo e outra de Volpi, atraíram minha atenção: a primeira pela placidez e a segunda pelo alegre colorido, confira:

'Cena de Jogo num Bar' (1938), de Francisco Rebolo Gonsales:
uma cena tão singela quanto banal, porém bela em sua simplicidade.
   
'Reunião à Mesa' (1943), de Volpi: o que será que o patriarca à ponta da mesa
falou para gerar tamanha animação?

 A exposição está dividida em 5 blocos com o intuito de sugerir, ao espectador, um determinado percurso e leitura para a compreensão das obras:

1. A arte como subjetivação do real
Este bloco reúne artistas tradicionalmente catalogados como pertencentes ao Simbolismo, Expressionismo e Surrealismo.

2. A arte como suspensão do real aparente
Aqui estão obras que, apesar de explorarem signos reconhecíveis, estruturam-se a partir de estratégias que muitas vezes os colocam em xeque. Muitas dessas obras possuem forte apelo alegórico, o que teria sofrido preconceito do próprio modernismo. Neste caso, o curador cita  "A negra" (1923), de Tarsila do Amaral.  

'A Negra' (1923), de Tarsila do Amaral: ironicamente, uma das obras mais famosas 
do Modernismo que sofreu preconceito do próprio Modernismo...

3. A arte como fuga do real aparente
Aqui estão artistas que buscam na forma relações puramente plásticas, que enfatizem a obra de arte não mais como representação do mundo real ou subjetivo, mas como um novo dado à realidade.

4. A arte como representação do real aparente/apresentação de seus limites
Este bloco reúne obras que, “ao se situarem na corda bamba entre o figurativo e o abstrato, entre o ‘construtivo’ e o ‘lírico’, trazem à nossa percepção a possibilidade
de uma interação menos esquemática com o mundo e sua representação na arte.”

5. A arte como apresentação de si/rompimento dos limites impostos pela tradição
As obras deste bloco podem ser divididas em dois segmentos: no primeiro, estão
"aquelas em que a estrita obediência ao caráter plano do suporte estabelece as coordenadas rítmicas de forma e cor". É o caso da pintura 'Movimento' (1951), de Waldemar Cordeiro.

'Movimento' (1951), de Waldemar Cordeiro.

O segundo segmento deste bloco reúne algumas obras que apresentam "as radicalizações mais profundas pelas quais a arte do século XX aos poucos passou, deixando os conceitos tradicionais de pintura, escultura, entre outros". Um exemplo
é a pintura “Plano em superfícies moduladas nº 2 (1956), de Lygia Clark. 

'Plano em Superfícies Modulares no. 2' (1956), de Lygia Clark. 

Para criar este post, tomei por base as informações do site oficial da exposição:
www.mac.usp.br/mac/EXPOSI%C3%87OES/2011/modernismosAntes de visitar a mostra, portanto, vale a pena dar uma olhada no site para se informar e apreciar melhor as obras! Lembrando que a exposição 'Modernismos no Brasil' estará no MAC USP Ibirapuera até 29 de julho e que a entrada é gratuita. Aproveite!