sábado, 3 de março de 2012

'Modernismos no Brasil', no MAC USP Ibirapuera. Exposição obrigatória.

Até o dia 29 de julho, o MAC USP Ibirapuera estará com uma exposição simplesmente obrigatória para qualquer pessoa que goste de arte: 'Modernismos no Brasil'.

Embora o título da exposição refira-se à arte moderna no Brasil, lá estão reunidas 150 obras nacionais e também internacionais, todas do acervo do MAC, apresentando a diversidade artística do período.

Só para se ter uma noção da magnitude da exposição, basta citar alguns dos nomes presentes: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Di Cavalcanti, Paul Klee, Pablo Picasso, Giorgio De Chirico, Maria Martins, Giorgio Morandi, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Wassily Kandinsky, Fernand Léger, Victor Brecheret, Antônio Gomide, Henri Matisse, Alfredo Volpi, Alexander Calder, Max Bill, Lygia Clark, Marc Chagall, Ismael Nery, Lasar Segall... ufa! Deu para sentir? Pois é. 

'Unidade Tripartida' (1948/49), de Max Bill, que ganhou 
Prêmio Internacional da I Bienal de São Paulo.

O curador, Tadeu Chiarelli, esclarece que o objetivo da mostra "é apresentar o
'Modernismo Brasileiro' (1917-1948) a partir de uma postura que problematize a visão cristalizada da arte produzida no país durante o período (...)", notadamente a visão apresentada no livro "De Anita ao Museu", publicado em 1976 pelo jurista, poeta, escritor e crítico de arte Paulo Mendes de Almeida. Segundo o livro, o "Modernismo Brasileiro" seria um "fenômeno estético e artístico aflorado em São Paulo por uma necessidade individual (a produção do início da carreira de Anita Malfatti), desenvolvido praticamente sem conflitos, até tornar-se uma vontade coletiva, cuja realização maior teria sido a criação do antigo Museu de Arte Moderna de São Paulo (matriz do MAC USP)".

'A Boba' (1915-16), de Anita Malfatti, uma das obras mais conhecidas da artista.

O que a exposição do MAC USP pretende, portanto, é mostrar que, no período de 1917 a 1948, não houve "um" (grifo do curador) modernismo no Brasil, "e sim várias vertentes em que demandas estéticas e artísticas diversificadas muitas vezes se confundiam e/ou se combatiam, comprometendo o caráter unitário e heroico que um dia quiseram conceder à arte daquele período". Sendo assim, ao colocar lado a lado obras brasileiras e obras internacionais, a exposição contribui para dar uma dimensão da complexidade da arte produzida no país durante as primeiras décadas do século passado. 

'Retrato de uma Senhora' (1943), de Ernesto di Fiori
O retrato desta senhora enigmática de olhos claros chamou minha
atenção... será que classificaria a obra como "Simbolista"?

Vale ressaltar que as obras expostas possuem um caráter experimental e, ao mesmo tempo, conservador, já que a maioria das peças, embora demonstrem uma insatisfação com a tradição da época, não transgrediu os limites impostos por esta: elas ainda são pinturas, esculturas, gravuras e desenhos.

Duas obras que retratam cenas de interiores, uma de Rebolo e outra de Volpi, atraíram minha atenção: a primeira pela placidez e a segunda pelo alegre colorido, confira:

'Cena de Jogo num Bar' (1938), de Francisco Rebolo Gonsales:
uma cena tão singela quanto banal, porém bela em sua simplicidade.
   
'Reunião à Mesa' (1943), de Volpi: o que será que o patriarca à ponta da mesa
falou para gerar tamanha animação?

 A exposição está dividida em 5 blocos com o intuito de sugerir, ao espectador, um determinado percurso e leitura para a compreensão das obras:

1. A arte como subjetivação do real
Este bloco reúne artistas tradicionalmente catalogados como pertencentes ao Simbolismo, Expressionismo e Surrealismo.

2. A arte como suspensão do real aparente
Aqui estão obras que, apesar de explorarem signos reconhecíveis, estruturam-se a partir de estratégias que muitas vezes os colocam em xeque. Muitas dessas obras possuem forte apelo alegórico, o que teria sofrido preconceito do próprio modernismo. Neste caso, o curador cita  "A negra" (1923), de Tarsila do Amaral.  

'A Negra' (1923), de Tarsila do Amaral: ironicamente, uma das obras mais famosas 
do Modernismo que sofreu preconceito do próprio Modernismo...

3. A arte como fuga do real aparente
Aqui estão artistas que buscam na forma relações puramente plásticas, que enfatizem a obra de arte não mais como representação do mundo real ou subjetivo, mas como um novo dado à realidade.

4. A arte como representação do real aparente/apresentação de seus limites
Este bloco reúne obras que, “ao se situarem na corda bamba entre o figurativo e o abstrato, entre o ‘construtivo’ e o ‘lírico’, trazem à nossa percepção a possibilidade
de uma interação menos esquemática com o mundo e sua representação na arte.”

5. A arte como apresentação de si/rompimento dos limites impostos pela tradição
As obras deste bloco podem ser divididas em dois segmentos: no primeiro, estão
"aquelas em que a estrita obediência ao caráter plano do suporte estabelece as coordenadas rítmicas de forma e cor". É o caso da pintura 'Movimento' (1951), de Waldemar Cordeiro.

'Movimento' (1951), de Waldemar Cordeiro.

O segundo segmento deste bloco reúne algumas obras que apresentam "as radicalizações mais profundas pelas quais a arte do século XX aos poucos passou, deixando os conceitos tradicionais de pintura, escultura, entre outros". Um exemplo
é a pintura “Plano em superfícies moduladas nº 2 (1956), de Lygia Clark. 

'Plano em Superfícies Modulares no. 2' (1956), de Lygia Clark. 

Para criar este post, tomei por base as informações do site oficial da exposição:
www.mac.usp.br/mac/EXPOSI%C3%87OES/2011/modernismosAntes de visitar a mostra, portanto, vale a pena dar uma olhada no site para se informar e apreciar melhor as obras! Lembrando que a exposição 'Modernismos no Brasil' estará no MAC USP Ibirapuera até 29 de julho e que a entrada é gratuita. Aproveite!

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