segunda-feira, 19 de março de 2012

'A Separação'. Uma teia de dramas morais que nos enreda num filme soberbo.

Tudo começa com um problemaço. A médica Simin (Leia Hatami) tem planos de deixar o Irã com a filha de 11 anos, Termeh (Sarina Farhadi), para oferecer à menina uma vida melhor fora do opressor país natal. Seu marido, o bancário Nader (Peyman Moadi), não quer acompanhá-la porque precisa tomar conta do pai idoso (Ali-Asghar Shahbazi) que sofre de Alzheimer. E é assim, com Simin e Nader diante do juiz que irá consumar o divórcio do casal, que começa o filme A Separação, de Asghar Fahardi.

O casal Simin e Nader diante do juiz, na cena inicial do filme.

Como se esse drama já não fosse grande o bastante, novos problemas surgem ao longo da narrativa e a teia vai ficando cada vez mais intricada. Após o divórcio, Simin volta para a casa dos pais. Nader, que continua em sua residência com a filha, contrata então uma jovem, Razieh (Sareh Bayat), para cuidar da casa e do pai doente. Só que Razieh está grávida e omitiu seu novo emprego do marido Hodjat (Shahab Hosseini) devido às rígidas leis religiosas do Irã, que não permitem a uma mulher determinados tipos de contato com homens. A partir daí, desencadeia-se uma sucessão de acontecimentos que acabam fugindo ao controle de todos e vão deixando a situação cada vez mais complexa. Dilemas morais e humanos se entrecruzam, os personagens conflitam cada vez mais entre si e, para complicar, ninguém deixa de ter razão em seu ponto de vista.

A expressiva Sareh Bayat, que interpreta a empregada Razieh.

Os atores são extremamente expressivos e transmitem, com veracidade, todo o drama pessoal que tortura os espíritos dos personagens. Não por acaso, este ano A Separação ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e o Globo de Ouro da mesma categoria. E no ano passado, ganhou o Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival de Berlim, além do Urso de Prata para Melhor Ator e também para Melhor Atriz.

A menininha Kimia Hosseini também dá um show de interpretação como Somayeh, filha de Razieh.

Sem propor soluções, o filme deixa no ar mais perguntas do que respostas, e não há como sair do cinema sem ponderar e refletir sobre o drama e os argumentos de cada personagem. Em nenhum momento é feito algum julgamento de valor, e cabe ao espectador tecer suas próprias conclusões – se é que vai conseguir chegar a uma!

Enfim, 'A Separação' é o tipo de filme que entretém, intriga e faz pensar. Graaande filme. Atualmente, ele está em cartaz apenas no Espaço Unibanco 2, no Reserva Cultural 2 e no Cidade Jardim 7. Assista correndo!

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