O astral da Cinemateca Brasileira está over the rainbow. Sábado fui à abertura da VI Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, que vai até o próximo
domingo (19 de agosto) com várias atrações interessantes, todas gratuitas. Eu é
que não ia perder!
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Foto: Simone Catto |
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Foto: Simone Catto |
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Foto: João Heitor Filosi |
Além da exibição de vários filmes do cinema mudo, alguns com
acompanhamento musical ao vivo, a Jornada
montou no local uma espécie de "feira" nos fins de semana com números artísticos ao ar livre,
apresentações circenses e várias tendas fechadas com atrações bizarras do tipo
que costumava atrair a curiosidade das massas no final do século XIX e início
do século XX. Estão lá a 'vidente', o 'homem-cachorro', a 'mulher barbada' e
outras.
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As tendas de "bizarrices" atraíram a criançada - Foto: Simone Catto |
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Foto: Simone Catto |
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Thiago Cintra faz pose com seus malabares, pouco depois da abertura - Foto: Simone Catto |
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O homem-fogo cria mandalas pirotécnicas! - Foto: João Heitor Filosi |
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Foto: Simone Catto |
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Essa "Vênus" existiu mesmo! Era uma dançarina sul-africana chamada Saartije Baartman, nascida em 1789 e morta em 1815.
Foi exposta em várias feiras da Europa, em razão de suas formas físicas ditas "exóticas". Em suma: a "Mulher-Melancia" da época, só que sem silicone! - Foto: Simone Catto |
Para quem não conhece, o espaço da Cinemateca é extremamente
agradável, muito amplo, cool e com bastante área verde. Adoro a energia de
lá.
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A moçada gostou - Foto: João Heitor Filosi |
Quando cheguei, havia uma banda de
senhorzinhos de vermelho se apresentado no pátio. Não fiquei ouvindo porque
queria assistir à primeira sessão de cinema da Jornada, um filme russo de 1927
chamado A Menina com Chapéu, do diretor Boris Barnet. Dizia-se que a atriz
principal, uma bela garota chamada Anna Sten, seria a ‘Nova Garbo’, mas, devido
ao crescente distanciamento entre os Estados Unidos e os soviéticos, a atriz
acabou permanecendo na Rússia e não fez tanto sucesso quanto poderia.
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A russa Anna Sten, supergraciosa com sua 'Natacha'. |
Segundo a apresentação da Cinemateca, "A experiência da Revolução Russa em 1917 suscitou
inúmeras respostas artísticas para os acontecimentos que se desenrolavam no
plano concreto da História. Além das celebradas produções de mestres de
vanguarda, como Serguei Eisenstein e Dziga Vertov, já conhecidos do público,
cineastas russos também incursionaram por gêneros como o western, a comédia, o
folhetim, o épico ou o filme de aventura, dispostos a lidar com a nova
experiência social da revolução e com o desafio de representar as massas
através da linguagem cinematográfica".
Em A Menina com Chapéu, Anna
Sten interpreta Natacha, uma jovem simples que mora com o avô numa província e
confecciona chapéus em casa. Todos os dias ela sai na neve e pega o trem para
Moscou com uma caixa de chapéus para levar à loja de Madame Irene, uma mulher
comicamente feia casada com um homenzinho interesseiro. Espécie de comédia
romântica, o filme é um tanto simplista e deixa vários "fios soltos" no
roteiro, segundo os critérios de hoje, mas isso também acaba contribuindo para
sua graça como um registro de época. Há algumas cenas francamente hilárias,
sobretudo aquelas que mostram as trapalhadas dos admiradores de Natacha.
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'Natacha' e seu vovô. |
Esse filme não teve
acompanhamento musical ao vivo e nem trilha sonora - era mesmo absolutamente "silencioso", e confesso que estranhei um bocado. Já que a transmissão dos
filmes mudos era sempre acompanhada de música, achei que deveria haver uma
trilha de fundo - no caso, os exibidores deveriam ter feito uma pesquisa das
trilhas usadas à época na Rússia e escolhido uma adequada para inserir no
filme. Realmente aquele silêncio absoluto fica muito esquisito, já que nem na década
de 20 era assim.
Quando o filme terminou, fui para
o pátio e estava havendo uma apresentação muito legal de trapézio. O local
estava cheio. Havia famílias do bairro, crianças, um pessoal descolado,
estudantes de cinema, gente das artes e da comunicação. Então vi várias pessoas
circulando com copos de cerveja e latas de refrigerante, e outras estavam com
saquinhos de pipoca. Ao procurar de onde vinha aquilo, vi que, no outro pátio,
havia umas barraquinhas com uns rapazes atenciosos distribuindo três tipos de
minissanduíches e bebidas. Mais adiante, estava um carrinho com pipoca doce e
salgada. No dia da abertura, as comidinhas e a bebida eram cortesia. Pedi um
sanduíche de mortadela e queijo na ciabatta, tomei um Guaraná Zero e, para
arrematar, comi uma pipoca doce. Achei bem simpático. Aliás, tudo o que está
sendo exibido e oferecido na VI Jornada é de ótima qualidade.
As atrações ao ar livre serão
apresentadas no próximo sábado e no domingo, das 16h às 22h, mas todos os dias há projeções de
filmes. Lembrando, novamente, que essa programação é gratuita.
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O trapezista agradou ao pessoal - Foto: Simone Catto |
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Foto: João Heitor Filosi |
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O clima da abertura era de quermesse! - Foto: Simone Catto |
Além de exibir verdadeiras obras-primas do cinema mudo, a V JORNADA DO CINEMA SILENCIOSO merece sua visita pelas atrações e pelo astral. Se você mora
nas imediações da Vila Mariana, não deixe de conferir! Acesse www.cinemateca.gov.br/jornada/2012/index.html e dê uma olhada nos filmes e
atrações. A Cinemateca
fica no Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino. Tel.: 3223-3966.
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