No fim de semana fui assistir ao filme Elles, com a maravilhosa Juliette Binoche (nunca me esqueço de sua
atuação em 'A Insustentável Leveza do Ser', filme de Philip Kaufman produzido
há mais de vinte anos em que ela contracena com Daniel Day-Lewis e que é
ambientado em Praga, uma das cidades mais lindas que já vi). Coprodução entre França, Polônia e
Alemanha, Elles é dirigido pela
polonesa Malgorzata Szumowska.
O ponto de partida do filme é interessante. Binoche interpreta
Anne, uma jornalista de classe média alta que trabalha para a revista Elle e
prepara uma matéria sobre garotas de programa em Paris. Ao sair à coleta de
depoimentos, Anne chega a duas moças: Alicja e Charlotte. Alicja (Joanna Kulig) é uma jovem
imigrante polonesa que não sente nenhuma culpa ou pudor em vender o corpo
diante do conforto material que a atividade lhe proporciona – atividade que tenta
esconder de sua mãe na Polônia. Charlotte (Anaïs Demoustier), por sua vez, é
uma estudante que disfarça sua verdadeira profissão com um emprego de
meio-período no comércio, para enganar o namorado e os pais.
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A polonesa, despudorada, faz um jogo de sedução com a entrevistadora. |
Alicja é mais cínica
e desbocada, uma menina expatriada que, por algum motivo que não sabemos, não
nutre ilusões a respeito da vida. Já Charlotte é mais sensível, vive com a
família, estuda, enfim – é do tipo que nos leva a concluir que a única razão
pela qual tenha enveredado pelo caminho da prostituição é a facilidade de
ganhar muito dinheiro, e rápido.
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Anne entrevista Charlotte, uma estudante aparentemente como qualquer outra. |
Paralelamente a essas
duas histórias, entramos também na casa de Anne, mulher casada com dois filhos
– um adolescente e outro ainda criança. O marido, executivo bem-sucedido, é
visto o tempo todo no celular e não lhe dá atenção. O filho mais velho parece
não estar nem aí para nada além de fumar um 'baseado'. O pequenininho é o único
que demonstra algum carinho pela mãe. Vemos a jornalista desdobrando-se como
profissional, dona de casa e mãe (lembrando que, na França, as mulheres não têm
empregadas como aqui e são obrigadas a fazer tudo sozinhas). Anne é infeliz. Aparentemente,
a única coisa que parece dar um sentido à sua vida naquele momento é o mergulho
no mundo de suas entrevistadas para redigir sua matéria.
O fato é que, no
decorrer do filme, ficamos o tempo todo com a sensação de que o universo e o
sentimentos que permeiam essas histórias ficam só na superfície. Tanto a vida
das meninas quanto a da jornalista foram subexploradas, podendo ter rendido
diálogos mais ricos, nuances mais sutis, situações com um grau bem maior de
complexidade. Para mim, Juliette Binoche, com sua interpretação soberba, foi desperdiçada nesse filme, que é bem fraco. De qualquer maneira, valeu a pena assistir para
conferir. A quem interessar, está passando no Reserva Cultural, no Espaço
Unibanco Augusta e no Lumière Playarte.
O filme retrata um tema interessante, onde a prostituição é parte da trama. Aliás, o mesmo pode ser encontrada na série O negocio hbo onde três mulheres usam esta prática para alcançar o sucesso no mundo dos negócios e do poder. Das minhas séries favoritas, eu recomendo uma boa produção mais HBO.
ResponderExcluirOlá Paola, nunca assisti a essa série que você mencionou, mas já ouvi falar muito bem. Fiquei curiosa! Abraço.
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