quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Ano 2020, cena 2, take 1.

Um dos (poucos) itens de minha lista de resoluções para o ano novo é ir mais ao cinema. Felizmente, comecei a colocar esse roteiro em prática antes mesmo de 2019 terminar. 'Dor e Glória', 'Um Dia de Chuva em Nova York', 'Era uma Vez em... Hollywood', 'Parasita' e 'Synonymes' são alguns dos filmes a que tive oportunidade de assistir nos últimos meses do ano passado e no início deste.

Mas vamos lá. De todos os filmes que mencionei, Parasita é de longe o melhor. Imperdível, filmaço. Aliás, devo dizer que há tempos não assistia a um filme TÃO bom. O roteiro é fantástico, a direção idem e os atores dão um verdadeiro show. Portanto, se você ainda não viu, corra para o cinema. O suspense coreano está em cartaz em várias salas de São Paulo, até porque foi vencedor da Palma de Ouro em Cannes e está concorrendo a várias categorias do Oscar: Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Direção de Arte, Edição e Melhor Filme Internacional. Não perca de jeito nenhum.

Os excelentes atores coreanos de 'Parasita': o jovem Woo-sik Choi, Kang-ho Song, Hye-jin Jang e So-dam Park.

Quanto ao filme do Tarantino, Era uma vez em... Hollywood, achei-o bom, mas não excepcional. Valeu pelo elenco, que inclui um Leonardo DiCaprio soberbo e um Brad Pitt gatíssimo do alto de seus cinquenta e não sei quantos anos. Santo DNA. O filme valeu, também, pela ótima reconstituição do ano de 1969, vaticinando o desvario lisérgico que estava por vir. A estética da época, que por si só já acho bem interessante, foi reproduzida com fidelidade e tons vivos. É divertido ver como se comportavam aquelas pessoas, as músicas que ouviam, o que vestiam e faziam. O filme foi indicado a várias categorias do Oscar: Melhor Filme, Direção, Ator (DiCaprio), Roteiro Original, Ator Coadjuvante (Brad Pitt), Direção de Arte, Fotografia, Figurino, Edição de Som e Mixagem de Som. Acredito que levará algum.

Brad Pitt, que será bonito até os cem anos, e Leonardo DiCaprio, magnífico, em 'Era uma vez em... Hollywood'.

Um Dia de Chuva em Nova York é um Woody Allen menor. Bonitinho, mas beeeem sem-gracinha: funcionaria em uma Sessão da Tarde, e só. Valeu para conferir, mas o diretor de 'Manhattan', 'Vicky Cristina Barcelona' e 'Meia-Noite em Paris' já fez melhor. 

Dor e Glória, de Pedro Almodóvar, é um belo filme. Dramático, porém sem os transbordamentos kitsch típicos do diretor. Não que eu não goste de sua estética hiperbólica e sua cores primárias, muito pelo contrário, pois acho Almodóvar o máximo e essa é sua marca registrada. É que nesse filme ele está mais contido, mesmo. Antonio Banderas arrasa na interpretação de um cineasta em declínio atormentado por uma crise existencial. Não por acaso, concorre ao Oscar de Melhor Ator. E o filme, merecidamente, foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

E por fim, Synonymes está muito bem classificado pela crítica especializada, tendo inclusive faturado o Urso de Ouro do Festival de Berlim. Para mim, porém, esse urso devia estar míope, porque o filme foi uma completa decepção. A história do imigrante israelense que chega a Paris e tenta esconder sua nacionalidade foi subaproveitada, mal explorada. Uma pena, porque uma ideia a princípio tão boa poderia ter rendido um roteiro infinitamente melhor. Estou até agora me perguntando o que o pessoal de Berlim viu de tão especial nesse filme. Será Paris? 

Ah, faço questão de comentar também sobre um filme que, embora ainda não tenha passado nas telonas, tem gerado um certo "buxixo". Estou falando de História de um Casamento, que se transformou em um queridinho do público da Netflix. Faz sentido. Eu, particularmente, achei o filme muito bom, belo, sensível e ao mesmo tempo amargo ao mostrar como o ser humano pode desperdiçar felicidade por sua absoluta incapacidade – ou inabilidade – de se comunicar. Dói constatar quantos relacionamentos, amorosos ou não, acabam como aquele retratado na história, tragados pelo vácuo insidioso do mutismo e da incomunicabilidade. Se você ainda não assistiu, prepare o lenço e assista. E preste atenção no protagonista, Adam Driver, um tremendo ator que também está concorrendo ao Oscar, assim como a ótima Scarlett Johansson, indicada ao Oscar de Melhor Atriz.

Confesso que não tenho a mínima vontade de assistir a 'Dois Papas', o enredo de 'O Irlandês' não me atrai e estou enrolando para ver 'Coringa', mas algo me diz que a pelo menos este último não posso deixar de assistir. Pretendo corrigir essa lacuna em breve. Aguarde o próximo take.

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