segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Quando a boca pede a palavra.

De uns tempos para cá tenho me perguntado o que está havendo com a comunicação entre as pessoas. Ou o que NÃO está havendo, melhor dizendo, já que tanta gente não se comunica, ou então o faz da forma inadequada. Aí vem a pergunta que não quer calar... falta noção? Educação? Traquejo social? Ou tudo isso junto?

Vou dar dois exemplos que vivenciei no espaço de uma semana. Na noite de sábado, fui jantar em um restaurante e, ao levantar-me para ir ao toalete, automaticamente dei uma espiada no celular. Havia um SMS de uma amiga me convidando para conhecer um restaurante recém-inaugurado na capital. Só que eram quase 23h30. Até estranhei, porque normalmente eu e meus amigos costumamos sair mais cedo para nossos programas. Aí descobri que minha amiga havia enviado o torpedo umas seis horas antes. Atraso típico da "excelência" dos serviços de nossas operadoras de celular. Moral da história: se eu não tivesse tido outro compromisso, simplesmente teria perdido o programa para o qual minha amiga havia me "convidado".

O outro caso: menos de uma semana antes, cheguei em casa de um jantar quase às duas da manhã. Aí peguei o celular da bolsa para desligá-lo, e eis que vejo outro torpedo. Neste, enviado por outra amiga por volta das 21h, eu era convidada a encontrá-la em um bar menos de uma hora depois. Como só vi a mensagem na madrugada, naturalmente só pude responder naquele momento.

Agora eu pergunto: se você enviasse um torpedo fazendo um convite a alguém e esse alguém não te respondesse, o que você faria? Eu, enquanto "ser comunicante", depois de algum tempo sem resposta, obviamente pegaria no telefone e ligaria para a pessoa para lhe perguntar se ela recebeu meu convite. Primeiro, porque sei que torpedos muitas vezes demoram para chegar (e por vezes nem chegam!) a seus destinatários, como aconteceu comigo no último sábado. E segundo, porque o receptor simplesmente pode não ter visto a mensagem, como ocorreu comigo da outra vez. É por isso que meu bom senso sempre me manda fazer convites desse tipo por telefone. Contudo, se alguém porventura se utilizar do expediente de SMS para fazer um convite e não obtiver resposta, o mínimo que deve fazer é ligar para o convidado confirmando se ele recebeu a mensagem ou não, né? Questão de educação. Quando isso não acontece, sou levada a pensar, inevitavelmente, que a pessoa simplesmente não faz questão de minha companhia – é o que chamo de "convite de grego", por assim dizer.

No entanto – repito: parece que boa parte das pessoas perdeu a capacidade de se comunicar. Isto é: se "comunicam" tanto por SMS, e-mails, Facebook, Twitter, "o escambau a quatro"... que simplesmente não conseguem comunicar mais nada. Perde-se o básico do básico. O princípio essencial que pressupõe a existência de uma comunicação, que é o envio de uma mensagem por um emissor e o recebimento por um receptor.

Quero deixar claro, aliás, claríssimo, que não tenho nada contra SMS, veja bem! Sempre envio torpedos às pessoas por diferentes razões, mas em situações que não envolvam urgência ou uma resposta rápida do destinatário – como convites para encontros sociais no mesmo dia, por exemplo. E aproveito para avisar que jamais, mas jamais mesmo, convido alguém para qualquer programa em petit comité por meio de Facebook. Sempre uso o telefone, sobretudo se o convite for dirigido a pessoas com quem eu não esteja em contato com frequência. Primeiro, porque nem todo mundo fica conectado o tempo todo – este é meu caso, inclusive, já que faço questão de ficar bem longe de Internet quando estou vivendo a vida – seja lá fora ou entre quatro paredes. E segundo, uso o telefone por uma questão de gentileza, de calor humano, mesmo. Sim, sou um ser que gosta de conversar, de ouvir a voz do outro e que considera altamente estimulante a troca de ideias e experiências com gente inteligente e do bem.

E também neste caso faço questão de frisar: não tenho absolutamente nada contra Facebook, muito pelo contrário. Uso extensivamente essa ferramenta para interagir com pessoas e também para me informar, trabalhar e compartilhar ideias, imagens e, naturalmente, posts deste blog. Até mesmo porque também sou uma profissional de comunicação. Porém, tenho a percepção de que muita gente "perdeu a mão" (ou a "boca"!), por assim dizer, na hora de se comunicar.

Portanto, vale reforçar que boca não foi feita só para comer ou fazer sexo - embora uma coisa não exclua a outra - OK? Utilizar a boca para CONVERSAR, em determinadas situações, é simplesmente essencial para mantermos aquela qualidade que nos torna humanos. É questão de carinho, cuidado e amizade, quando não de educação. Por isso, em muitos casos (e põe "muitos" nisso!), SMS não substitui boca. Facebook também não. E tampouco outras redes sociais o fazem. E se eu não disse isso com minha própria boca às pessoas que me fizeram os mencionados "convites" por SMS, foi porque, depois daqueles dois episódios, infelizmente não falei mais com elas. Nem pessoalmente e nem por telefone. E esse não é o tipo de coisa que eu diria a elas por SMS... ou Facebook.

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