Reunida por Hildebrand Gurlitt, a coleção de arte foi descoberta
pelas autoridades alemãs durante uma investigação fiscal em 2012. Como as
atividades e a proximidade do ancião Gurlitt com o Terceiro Reich eram
amplamente conhecidas, a procedência das obras, encontradas em Munique e
Salzburgo, foi imediatamente questionada. Quantas foram vendidas sob coação por
famílias judias ou simplesmente confiscadas pelos nazistas? Ainda não sabemos.
Sabemos, porém, que essa exposição no Museu de Israel,
intitulada 'Escolhas fatídicas', marca a primeira viagem de obras do tesouro de
Gurlitt para aquele país. A mostra inclui o 'Retrato de Maschka Mueller', de
Otto Mueller, declarado "degenerado" pelos nazistas e adquirido por Gurlitt em
1941, assim como o autorretrato 'Fumando', de Otto Dix, apreendido pelo
Exército dos EUA em 1945 e restituído a Hildebrand Gurlitt em 1950. Outros
trabalhos, como a colagem de Max Ernst 'A casa da Soldado', não têm a bandeira
vermelha que pudesse associá-los aos nazistas.
"As circunstâncias históricas por trás desse tesouro tornam
responsabilidade nossa expô-lo ao público", disse o diretor do museu, Ido
Bruno, em comunicado. "'Escolhas fatídicas' descreve o destino da arte na Europa
nos anos sombrios do regime do Terceiro Reich e gera uma discussão profunda
sobre a conexão entre arte e ética, bem como a diferença entre preferências
políticas e gostos pessoais".
Antes de morrer, Gurlitt legou toda a sua coleção ao Kunstmuseum
(Museu de Belas Artes) de Berna, Suíça. O museu, que está ajudando a organizar
a mostra do Museu de Israel, realizou a primeira exposição dos trabalhos em parceria
com o Bundeskunsthalle em Bonn, Alemanha, em 2017 e 2018.
Jornalistas na pré-exibição das primeiras obras-primas de propriedade de Carnelius Gurlitt no Museu de Belas Artes de Berna, Suíça, em 7/7/2017. Foto: Valeriano Di Domenico | AFP | Getty Images |
Esculturas de Auguste Rodin na exposição 'Inventory Gurlitt', no Bundeskunsthalle em Bonn, Alemanha. Foto: Oliver Berg | Getty Images |
Em Jerusalém, a exposição abordará questões relacionadas à origem
das obras, e o 'Projeto de Pesquisa Gurlitt de Proveniência', em andamento e liderado
pelo estado, está trabalhando para identificar quaisquer obras potencialmente
saqueadas com vistas à restituição. Foram encontradas seis peças roubadas até o
momento.
Quando a exposição foi anunciada, em outubro, Monika Grütters,
comissária do governo federal da Alemanha para a cultura e a mídia, afirmou à
imprensa que esperava que ela estimulasse esforços para identificar os proprietários
judeus das obras de arte.
"Queríamos ser abertos e transparentes e mostrar ao público
alemão e internacional o que havia efetivamente nesse tesouro de Gurlitt e
esclarecer a história a fundo, as negociações de arte durante a Segunda Guerra
Mundial e o período nazista", afirmou ao 'Times' de Israel Rein Wolfs,
diretor do Bundeskunsthalle e membro do comitê consultivo de exposições do
Museu de Israel. "Há muitas perguntas delicadas referentes à restituição".
Pena que a possibilidade de que essas obras sejam expostas no Brasil um dia seja tão remota quanto as chances de eu vir a ter um Monet na parede de casa.
Fonte: Artnet
Fonte: Artnet
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