Pois é. Ontem, finalmente, tive a oportunidade de conhecer a
nova sede do MAC ao receber um convite para a abertura da exposição das doações
mais recentes ao museu. Qual não foi minha surpresa ao constatar que, com um
prédio daquele tamanho, somente o térreo e o mezanino estão efetivamente
funcionando? É isso aí. Lá estão apenas 18 esculturas, enquanto que as milhares
de obras-primas do MAC ainda estão guardadas numa reserva técnica na Cidade
Universitária, à espera que a inépcia e a burocracia do estado as tire de lá.
Sim, porque esse novo espaço, cedido à USP pelo Governo do Estado, tem dez vezes o
tamanho da atual sede do museu da universidade.
Uma das obras doadas recentemente ao museu: sem título, s.d. - chapa metálica pintada, de autoria de Emmanuel Nassar (1949) - doação do Itaú/AAMAC - foto: Simone Catto |
Outra das doações recentes: 1o. Eu, 2000-12 - mármore e granito, de Roberto Keppler (1951) - doação do artista. Foto: Simone Catto |
Ao tentar saber o porquê de todo esse atraso para que o novo prédio
do MAC se transforme num museu de verdade, descobri, em primeiro lugar, que as
obras da reforma terminaram três anos após a data prevista e que um outro imbroglio havia começado para que a
Secretaria conseguisse licitar e comprar o sistema de segurança. Compreensivelmente,
Tadeu Chiarelli, o respeitado crítico e especialista em história da arte e também
diretor do museu, se recusa a levar Picasso, Modigliani, De Chirico e outros gênios
da arte moderna para um local sem segurança. Nem ele, e nenhum
gestor com um mínimo de bom senso, cometeriam essa insanidade.
Como se não bastasse esse atraso de um lado, a própria USP está
atrasando o processo do outro. Primeiro porque, segundo Chiarelli, a reitoria
da universidade ainda não lhe ofereceu garantias de que os elevadores vão funcionar. Oras, qualquer pessoa que visite o prédio percebe que a
circulação interna só pode ser feita com elevadores, já que a construção é
vertical. Portanto, o diretor está ocupando somente o térreo e o mezanino da
construção porque, em casa de sinistro, seria mais fácil salvar peças que estão
nos andares mais baixos.
Um dos salões do térreo: o espaço é agradável, falta ocupá-lo por inteiro! - Foto: Simone Catto |
Henry Moore (1898-1986) - Figura Reclinada em Duas Peças: Pontos, 1969-70 - bronze - permuta com Tate Gallery of London. Foto: Simone Catto |
Além disso, a USP ainda não abriu licitação para ocupar as
outras áreas do espaço. Logo que cheguei, por exemplo, notei a falta de um
estacionamento no local. E depois de visitar a exposição, perguntei-me como um
museu daquele porte não tinha sequer um café à disposição dos visitantes, como
ocorre em qualquer museu que se preze ao redor do mundo. Lojinhas de souvernirs "artísticos", então, nem pensar!
Sérvulo Esmeraldo (1929) - Quadrados, 1981 - aço pintado - doação do artista. Foto: Simone Catto |
Cildo Meirelles (1948) - Parla, 1982 - granito, madeira e couro - aquisição do MAC - Foto: Simone Catto |
Soube, depois, que um
restaurante ocupará a cobertura do prédio, o que, provavelmente, deverá
proporcionar uma bela vista do Parque Ibirapuera. Descobri, também, que um café deverá
funcionar no mezanino. E que, sim, o museu terá uma loja que será uma filial da
Edusp, a editora da USP. Agora resta-nos nos perguntar QUANDO teremos tudo
isso. Porque é uma lástima que um espaço tão agradável e com dimensões tão gigantescas
fique ocioso, com tantas obras-primas à espera de vir à tona. Corra, USP,
corra!
MAC USP - Nova Sede - Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 - São Paulo - tel.: (11) 5573-9932 - de terça a domingo das 10h às 18h - entrada gratuita.
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