Céline Sciamma, diretora e roteirista de Tomboy, saiu do Festival de Berlim de 2011 com o prêmio Teddy, destinado às produções cinematográficas de temática homossexual. Não foi por acaso. O filme trata, com bom senso e sensibilidade, a crise de identidade sexual de Laure, uma garota de 10 anos protagonizada pela belíssima e sensacional atriz mirim Zoé Héran.
Laure acaba de se mudar com os pais (Mathieu Demy e Sophie Cattani) e a irmã caçula (a excelente Malonn Lévana) para um subúrbio de Paris. De cabelos bem curtinhos e sempre vestida como um moleque, acaba confundida com um menino pela nova amiga, a pré-adolescente Lisa (Jeanne Disson). Só que Laure gostou dessa história e assume a identidade de um menino, dizendo chamar-se Mickäel. E é como Mickäel que passa a se apresentar para os outros amiguinhos da vizinhança.
Só que Laure/Mickäel não é como os outros meninos: além de muito bonita e valente, é também sensível e doce, acabando por despertar na amiga Lisa algo mais que um desejo de simples amizade. A partir daí, a farsa vai-se embrenhando por um caminho sem volta, com todas as implicações, embaraços e desmandos que isso virá a acarretar.
Jeanne Disson (Lisa) e Zoé Héran (Laure) |
Alguém poderia questionar se a crise de identidade sexual de Laure pudesse ser fruto da convivência com um lar desestruturado, problemático ou coisa assim. Muito pelo contrário. Nossa protagonista tem uma família normal (no melhor dos sentidos), bem-estruturada, carinhosa e é cercada de afeto pelos pais e pela encantadora irmãzinha caçula com quem adora brincar e que também a adora.
Malonn Lévanna (a irmãzinha caçula) e Zoé Héran |
A irmã caçula, aliás, é um caso à parte. A menina tem expressões e tiradas engraçadíssimas, não tanto pelo teor do que diz, mas sobretudo pela forma como o faz. E é assim, mesclando humor e drama e tangenciando questões familiares como a terceira gravidez da mãe e a ausência temporária do pai, que o filme nos entretém e encanta do início ao fim. Imperdível!
Tomboy está em cartaz apenas nos três cinemas que, em minha opinião, são os melhores de São Paulo: Espaço Unibanco 3, Frei Caneca Unibanco 8 e Reserva Cultural 3 e 4. Escolha um e vá!
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