Uma viagem nunca acaba quando voltamos para casa. Mesmo após o
retorno, continuamos a viajar na memória, na lembrança dos momentos vividos e
de tudo o que nos deu prazer. E assim, quase involuntariamente, acabamos de
certo modo revivendo as experiências que mais nos tocaram em uma jornada. Retornei
há pouco de uma viagem à Provence, sul da França, e posso dizer que ainda estou
organizando, mentalmente, tudo o que vivenciei por lá. É tanta cultura para
digerir, tantos belos lugares para relembrar, tanta história para (re)estudar,
que às vezes penso que o tempo não dará conta do recado.
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Típica rua provençal, em Châteuneuf-du-Pape, com seus vinhos mundialmente reconhecidos - Foto: Simone Catto |
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Plantação de lavanda no monastério de Saint-Paul de Mausole, em Saint-Rémy de Provence - Foto: Simone Catto |
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Vista da estrada de acesso a Vaison-la-Romaine - Foto: Simone Catto |
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As lavandas se insinuam diante das ruínas do castelo medieval de Les-Baux-de-Provence - Foto: Simone Catto |
Escrever, colocar no papel um pouco de tudo isso é uma forma de
ordenar as ideias, "aparar a grama" de nossas lembranças e "limpar a área", por
assim dizer, para encurtar o caminho entre a mente e o coração. Visitei quase
quinze cidades e vilarejos provençais, com toda a calma do mundo, e pude conhecer todos os locais do roteiro de viagem que havia tomado boa parte de meu
tempo livre para ser elaborado, além de outros que descobri em minhas andanças.
Antes de arrumar as malas, fiz muitas pesquisas, garimpei dicas na Internet e
também recebi outras, preciosas, de familiares que lá estiveram antes de mim e
de amigos queridos que moram na Provence. Foi deles a indicação da cidade onde
fiquei hospedada, L’Isle sur la Sorgue, ponto de partida para meus passeios.
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Da janela de meu hotel em L'Isle sur la Sorgue avistava os maciços do Luberon - Foto: Simone Catto |
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O vilarejo de Maubec foi uma grata surpresa que não constava no roteiro - Foto: Simone Catto |
Aluguei um carro para explorar a região, pois é impossível
descobrir os recantos e delícias da Provence de outra maneira. Estava um pouco
receosa de dirigir em outro país, com leis de trânsito e placas de sinalização
diferentes, mas, ao chegar lá, descobri que tudo era muito mais simples do que
eu imaginava. Tudo bem que eu falo francês e isso ajuda, e muito, mas o fato é
que, para início de conversa, as estradas lá são impecáveis. Todas. Mesmo as
vicinais, minhas preferidas para escapar dos pedágios e das altas velocidades
das autoroutes, cujo limite é de assustadores
130 km por hora. Essas estradas alternativas, além de possuírem um limite de
velocidade menor, são bem mais estreitas e proporcionam uma paisagem
infinitamente mais exuberante, permitindo que a gente curta melhor o passeio.
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Uma das muitas estradas que mais pareciam tapetes - Foto: Simone Catto |
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Os ciprestes, abundantes na paisagem da Provence e nas obras de Van Gogh, que soube captá-los como ninguém!
Foto: Simone Catto |
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Por vezes os maciços calcários ficavam bem pertinho, na estrada - Foto: Simone Catto |
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Uma bela vista de Les-Baux-de-Provence - Foto: Simone Catto |
O carro que aluguei, um EcoSport, tinha uma tela de GPS enorme que
programei para pegar esses caminhos e poder apreciar a natureza, muitas vezes
com belos vinhedos de um lado, plantações de oliveiras do outro e os maciços calcários
arroxeados do Luberon à frente. Além do mais, essas estradas são vazias, uma
delícia. No entanto, mesmo nas autoroutes,
onde o fluxo de veículos é maior, as pessoas respeitam as leis de trânsito.
Sim, os motoristas da Provence dão passagem, não têm pressa, param nas faixas
de pedestres, são civilizados, enfim. Até porque lá a vida tem outro ritmo e,
principalmente, outros valores.
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Não resisti e parei na estrada para fotografar essas parreiras, que produzem os deliciosos vinhos rosés da Provence.
Foto: Simone Catto |
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Todas as estradas, invariavelmente, estão em excelente estado. Pais civilizado é outra coisa! - Foto: Simone Catto |
Dado curioso: nunca vi, em toda a minha vida, um número tão grande
de rotatórias! Na imensa maioria das vezes, elas substituem os semáforos e
existem em todos os tamanhos: grandes, médias e algumas tão pequenas que mais parecem
tampas de bueiro (rs). O mais importante, porém, é que os demais motoristas
respeitam e cedem a passagem para os veículos que circulam em torno delas. Não
pude deixar de concluir, aliás, que essa abundância de rotatórias nada mais é
do que uma forma extremamente inteligente de planificação de estradas e de engenharia
de tráfego, pois aumenta a fluidez e reduz acidentes. Nunca imaginei que sentiria
tanto prazer em dirigir, já que, no Brasil, com tantos lunáticos nas ruas, só dirijo
porque sou obrigada. Quando pego estrada aqui, se alguém manifesta o desejo de
dirigir em meu lugar, entrego o volante no ato, bem feliz!
Feliz ficarei, também, se tiver um tempo para compartilhar mais algumas
das tantas experiências memoráveis que tive nessa viagem e, sobretudo, inspirar
outras pessoas a se aventurar também e enriquecer sua visão de mundo... como precisamos! Até breve.
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