domingo, 7 de novembro de 2021

Pintura recuperada 40 anos após roubo na Alemanha Oriental pode ser de autoria de Rembrandt.

Uma pintura holandesa furtada naquele que é considerado o maior roubo de arte na Alemanha Oriental comunista e recuperada no ano passado pode ser de autoria de Rembrandt, de acordo com pesquisas e análises feitas por curadores do Palácio Friedenstein, o maior palácio barroco da Alemanha, na cidade de Gotha.

O palácio barroco Friedenstein, em Gotha - Alemanha

A pintura de um ancião barbudo, com data presumida entre 1629 e 1632, foi uma das cinco obras devolvidas ao Palácio Friedenstein no ano passado, mais de quatro décadas após terem desaparecido no roubo de dezembro de 1979. As outras pinturas recuperadas são: um retrato de Santa Catarina de Hans Holbein, o Velho, de 1510; um retrato de autoria de Frans Hals, de 1535, de um cavalheiro desconhecido e sorridente, de bigode, usando um grande chapéu preto e colarinho branco; uma estrada rural com carroças de camponeses e vacas do estúdio de Jan Brueghel, o Velho; e uma cópia de um autorretrato de Anthony van Dyck com um girassol, de autoria de um dos contemporâneos do artista. As cinco pinturas foram restauradas e estão em exibição numa mostra do palácio que vai até 21 de agosto de 2022.

O retrato do ancião, que sofreu arranhões profundos e foi a obra mais danificada das cinco roubadas, havia sido atribuída anteriormente a Jan Lievens e Ferdinand Bol, aluno de Rembrandt. Porém, Timo Trümper, curador da exposição, afirma que a análise do estilo da pintura descartou a autoria de ambos. A obra havia sido atribuída a Bol porque sua assinatura está no verso, mas Trümper explica que isso pode indicar que ele era o dono do retrato, não que o tenha necessariamente pintado. Diz ainda que Bol pode ter obtido o trabalho após a falência de Rembrandt, em 1656.

A pintura atribuída a Rembrandt e devolvida ao Palácio Friedenstein

A pintura recuperada é muito semelhante a outro trabalho do mestre holandês no museu de arte de Harvard – EUA e que traz sua assinatura, embora sua atribuição também tenha sido questionada. 

Metade dos colegas de Trümper afirma que a pintura de Gotha é obra de um dos alunos de Rembrandt e a outra metade diz que pode ser do mestre holandês, mas o fato é que não podemos saber ao certo. 

O ladrão, de acordo com um ensaio no catálogo da exposição pelo jornalista Konstantin von Hammerstein, da Der Spiegel, é Rudi Bernhardt, um maquinista desiludido da Alemanha Oriental que contrabandeou as pinturas para a Alemanha Ocidental com a ajuda de cúmplices deste lado - um casal já falecido que deixou as pinturas para os filhos. Bernhardt morreu em 2016 levando seu segredo para o túmulo. 

No entanto, essa não foi a primeira vez que as cinco pinturas foram roubadas do Palácio Friedenstein. Elas já haviam sido saqueadas no final da Segunda Guerra Mundial e acabaram na União Soviética junto de outros tesouros. O palácio registrou, no banco de dados de arte alemã desaparecida, cerca de 1.700 itens com paradeiro ignorado, mas Trümper afirma que eles não incluem milhares de livros e moedas também perdidos.

A exposição examina o destino de objetos roubados desde o século XIX até os dias atuais, incluindo cerca de 80 obras que foram devolvidas nas últimas décadas.

Fonte: The Art Newspaper

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