Uma boa demonstração do que estou dizendo estava na segunda
edição da PARTE, feira de arte contemporânea realizada na segunda quinzena de
outubro no subsolo do Paço das Artes, na USP. A ideia dessa feira, que reuniu obras
de 42 galerias brasileiras, era oferecer arte de qualidade de artistas ainda em
ascensão, por preços que fossem acessíveis. Para mim, foi uma ótima vitrine
para saber o que a moçada anda fazendo por aí. Ao conferir as etiquetas, constatei que
os preços (ou, se preferir, "investimento") realmente não eram de assustar.
Vi obras por menos de mil reais e soube que o custo máximo de uma obra exposta ali não
ultrapassava os R$ 18 mil. Os visitantes chegavam, olhavam e, se gostassem de
alguma coisa, compravam no ato e já poderiam levar a obra para casa.
Foto: Simone Catto |
De cara, logo ao entrar, vi uma parede cheia de telas e obras
coloridas. Fui andando e eis que alguém me chama. Quando me virei para olhar,
topei com o Allan Szacher, que cursou Comunicação comigo na FAAP há mais de uma
década. Papo vai, papo vem, e Allan me contou que é o criador e editor da revista
Zupi, publicação dedicada ao design gráfico, além de possuir uma sociedade na QAZ, galeria de arte que prioriza a linguagem do grafite, da street art e da ilustração. Assim Allan foi
me mostrando as obras e contando um pouco sobre os artistas. Alguns trabalhos
eram bem divertidos, outros não me atraíram tanto, mas muitos se destacavam
pelo vivo colorido, pela linguagem bem-humorada e pela harmonia da composição, mostrando que
tem gente talentosa por aí. Por falar nisso, a bela composição abaixo, de Rodrigo Machado, foi a primeira a
atrair meu olhar.
Outro trabalho que teve um resultado esteticamente interessante é a pintura abaixo, sobre skate, de autoria de Gen Duarte.
Obra de Rodrigo Machado - Galeria: QAZ - Foto: Simone Catto |
Outro trabalho que teve um resultado esteticamente interessante é a pintura abaixo, sobre skate, de autoria de Gen Duarte.
Obra de Gen Duarte - Galeria: QAZ - Foto: Simone Catto |
Notei que boa parte da galera da QAZ se inspira na linguagem das HQs e muitas obras mostram "criaturas" meio monstros, meio gente, que também lembram muito personagens de desenhos animados.
Obra de Cadu Mendonça - Galeria: QAZ - Foto: Simone Catto |
Obra de Insane - Galeria: QAZ - Foto: Simone Catto |
Obra de Cena 7 - Galeria: QAZ - Foto: Simone Catto |
Outros artistas representados pela QAZ partem claramente para a paródia – é o caso de Ozi que, de certa forma, mesclou a fantasia infantil com a fantasia sexual. Pois se alguém aí nunca imaginou transar com a Fada Sininho, já pode começar a pensar no assunto! (rs)
Obra de Ozi - Galeria: QAZ - Foto: Simone Catto Ops... saiu com reflexo! (rs) |
E o que dizer da Branca de Neve que, cansada de maçãs envenenadas, resolveu provar outra fruta???
Obra de Ozi - Galeria: QAZ - Foto: Simone Catto |
E já que estamos falando de nossos instintos mais primitivos e ancestrais, as imagens de pinturas rupestres pré-históricas vieram imediatamente à minha cabeça quando topei com as obras de Jaime Prades.
Obras de Jaime Prades - Galeria: QAZ - Foto: Simone Catto |
Continuando minha caminhada pela exposição, fui parar no stand da Galeria Papel Assinado, que chamou minha atenção pelas obras de Eduardo Sued – clássicas, elegantes, de extremo bom gosto.
Obras de Eduardo Sued (exceto a de baixo à esquerda, que é de Leon Ferrari) - Galeria: Papel Assinado - Foto: Simone Catto |
À esquerda, vista do stand da Galeria Papel Assinado - Foto: Simone Catto |
Mais adiante, gostei muito do vigor e da alegria das obras de Renato Sant'Anna, representado pela galeria carioca Tramas.
Obra de Renato Sant'Anna - Galeria: Tramas - Foto: Simone Catto |
Vista do stand da galeria Tramas - Foto: Simone Catto |
Havia muitas obras expostas nesta PARTE e devo dizer que a grande maioria não despertou meu interesse. É provável, contudo, que muitos dos trabalhos que me foram indiferentes tenham atraído o olhar de outras pessoas, da mesma forma que o contrário também deve ter ocorrido: obras que considerei interessantes podem não ter despertado nenhuma emoção em outros visitantes. O critério aqui é pessoal, e não pretendo fazer nenhum julgamento de valor. Apenas inseri uma pequena amostra de algumas tendências que vi na feira e que me detiveram ou pela beleza, ou pela composição ou pelo humor. Espero que muitas outras feiras como essa sejam realizadas, para que as pessoas possam conhecer o que está sendo produzido por nossos artistas, educar seu olhar e, a partir daí, perder o medo de adquirir obras de arte. É isso aí!
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