sexta-feira, 14 de março de 2014

Caçadores de obras-primas. Um filme que ficou só na intenção.

Foi a sinopse do Guia da Folha que me atraiu ao cinema para assistir a Os Caçadores de Obras-Primas: "Na Segunda Guerra Mundial, um grupo assumiu a função de resgatar grandes obras de arte que foram roubadas pelos nazistas e devolvê-las ao seu lugar original". A simples menção a obras de arte, aliada ao fascínio pela época em que o filme se passa e à expectativa de emoção em um enredo inteligente de suspense, foram suficientes para atrair minha atenção. Em suma: eu esperava uma elegante e bem costurada trama "à inglesa". No entanto, deparei-me com um filme de ação com roteiro fraco, personagens inconsistentes, um exacerbado nacionalismo americano e um acentuado sabor de chuchu. E olhe que não foi por falta de elenco: lá estão pesos pesados como George Clooney, também diretor e corroteirista, Matt Damon, Cate Blanchett, Bill Murray e o francês Jean Dujardin, protagonista do premiado 'O Artista', entre outros.

Parte da trupe em ação - da dir. para a esq.: Bill Murray, Dimitri Leonidas, George Clooney e Bob Baladan.

O filme é baseado em fatos reais narrados por Robert M. Edsel, um escritor que abordou, em mais de uma obra, episódios sobre os tesouros pilhados pelos nazistas em cidades europeias durante II Guerra Mundial. A intenção de Adolf Hitler era criar um "Museu do Führer", além de decorar, com as obras de arte, as salas dos oficiais da SS. Foi assim que obras de mestres como Michelangelo, Monet, Renoir, Cézanne e Rodin, entre outras preciosidades, foram sumariamente usurpadas. Quando a guerra já estava chegando ao final, os norte-americanos formaram uma equipe de especialistas para encontrá-las, batizada como 'Caçadores de obras-primas'. Entre eles estavam historiadores de arte, curadores e diretores de museus, que se juntaram aos oficiais na missão. No filme, esse "esquadrão da arte" é composto por Strokes (Clooney), Granger (Damon), Campbell (Murray) e Jean-Claude (Dujardin), entre outros. Cate Blanchett interpreta Claire, uma diretora de arte francesa que colabora com o grupo.

Cate Blanchett em bela caracterização, porém subaproveitada.

O fato é que a turma não parece se levar muito a sério e, no intervalo entre o recebimento da missão e o encontro, por seus integrantes, de milhares de obras escondidas em minas de cobre e sal, nada de emocionante acontece. Os diálogos são sem-graça. As cenas de ação são medianas. Não há conflitos. Não há clímax. E o mais irritante: os Estados Unidos são sempre tratados como a pátria de Deus ou o salvador de todas as pátrias. Enfim, trata-se de um filme que não está à altura do elenco e muito menos das obras-primas que aborda. Uma pena, porque o assunto é fascinante e poderia ter sido bem explorado com uma bela trama de suspense, mistério e diálogos inteligentes. Valeu apenas pelos atores. E só.

George Clooney e Matt Damon.

A título de curiosidade, Nick Clooney, pai de George, interpreta Strokes mais velho, na cena final.

Em tempo: muitas das obras roubadas pelos nazistas reapareceram, anos ou décadas depois, em museus europeus e coleções particulares. Após investigações dos herdeiros, algumas estão sendo restituídas às famílias de direito, a maioria de origem judaica. Justo!

Ficha técnica parcial

Direção: George Clooney

Elenco: George Clooney, Matt Damon, Cate Blanchett, Bill Murray, John Goodman, Jean Dujardin, Bob Balaban e Dimitri Leonidas, entre outros.

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